Hoje, o domingo começa diferente em São João del-Rei. É Domingo de Ramos, que abre a Semana Maior. Daqui a pouco, por volta das 8 horas, os sinos da igreja do Rosário, do alto de suas torres, dobram supremos sobre os das demais igrejas, repetindo secularmente um toque barroco que só é feito neste dia do calendário litúrgico: o domingo que lembra a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.
Entrada triunfante? Para quem muito se envolve com a Semana Santa de São João del-Rei, não é bem assim. O Domingo de Ramos tem em seu ar, em sua temperatura, em sua luz, uma densidade de angústia e um clima de infortúnio. É dia de festa, de glória, mas não tem alegria.
Lembrando Crônica de Uma Morte Anunciada, de Gabriel Garcia Marques, em tudo se respira a predestinada Paixão, o prenúncio da morte de Cristo. O toque dos sinos, a expressão da face da imagem do Senhor do Triunfo, as antífonas, os ofícios, o canto do Evangelho segundo São Mateus - em tudo há o torpor e a emoção de uma dor que é irrecusável. Pater mi, se possibile est, transeat a mi calix iste; veruntament non sicut ego volo, sed sicut tu, (Pai, se possível, afasta-me este cálice, mas que não se faça a minha vontade e sim a Sua) teria dito Jesus no Monte das Oliveiras quando o Anjo lhe trouxe para beber o cálice da amargura.
Descendo de volta do Getsêmani para São João del-Rei - do ano 33 d.C. para 2011 - no Largo do Rosário os sinos tocam pungentes e compassados. Dentro da igreja o bispo benze os ramos, o coro da Orquestra Ribeiro Bastos entoa motetos barrocos e a procissão sai, langorosa, rumo à Matriz do Pilar. As pessoas, em alas, carregam palmas. No andor enfeitado, Senhor do Triunfo, com seu manto vermelho e também carregando uma palma, estaticamente acena para o povo. Saudando-o logo na entrada, a orquestra canta em latim salmos que pedem misericórdia, complascência, proteção e amparo. Em seguida começa a missa cantada, composta no século XVIII, de Evangelho longo e cantado teatralmente alternando orquestra e três padres, em latim. A cerimônia consterna, sobretudo quando relata quando os soldados lançaram sortes sobre a túnica de Jesus, o último suspiro de Jesus, seu embalsamamento, sepultamento e lacre do túmulo com uma pesada pedra.
Quando vai cair a noite, Senhor do Triunfo novamente sai em procissão, por um percurso mais longo do centro histórico de São João del-Rei. De tempos em tempos o coro da Orquestra canta motetos de louvor; os sinos tocam festivos, mas o cortejo, grave, anda depressa, até entrar outra vez na Matriz do Pilar. A partir de então, até o Sábado de Aleluia, só o sofrimento de Jesus...
Veja, nos vídeos abaixo, copiados do Youtube, dois momentos diferentes do Domingo de Ramos em São João del-Rei, marcados pelos toques dos sinos: o primeiro, durante a bênção dos ramos; o segundo, na "chamada" do meio-dia.
Entrada triunfante? Para quem muito se envolve com a Semana Santa de São João del-Rei, não é bem assim. O Domingo de Ramos tem em seu ar, em sua temperatura, em sua luz, uma densidade de angústia e um clima de infortúnio. É dia de festa, de glória, mas não tem alegria.
Lembrando Crônica de Uma Morte Anunciada, de Gabriel Garcia Marques, em tudo se respira a predestinada Paixão, o prenúncio da morte de Cristo. O toque dos sinos, a expressão da face da imagem do Senhor do Triunfo, as antífonas, os ofícios, o canto do Evangelho segundo São Mateus - em tudo há o torpor e a emoção de uma dor que é irrecusável. Pater mi, se possibile est, transeat a mi calix iste; veruntament non sicut ego volo, sed sicut tu, (Pai, se possível, afasta-me este cálice, mas que não se faça a minha vontade e sim a Sua) teria dito Jesus no Monte das Oliveiras quando o Anjo lhe trouxe para beber o cálice da amargura.
Descendo de volta do Getsêmani para São João del-Rei - do ano 33 d.C. para 2011 - no Largo do Rosário os sinos tocam pungentes e compassados. Dentro da igreja o bispo benze os ramos, o coro da Orquestra Ribeiro Bastos entoa motetos barrocos e a procissão sai, langorosa, rumo à Matriz do Pilar. As pessoas, em alas, carregam palmas. No andor enfeitado, Senhor do Triunfo, com seu manto vermelho e também carregando uma palma, estaticamente acena para o povo. Saudando-o logo na entrada, a orquestra canta em latim salmos que pedem misericórdia, complascência, proteção e amparo. Em seguida começa a missa cantada, composta no século XVIII, de Evangelho longo e cantado teatralmente alternando orquestra e três padres, em latim. A cerimônia consterna, sobretudo quando relata quando os soldados lançaram sortes sobre a túnica de Jesus, o último suspiro de Jesus, seu embalsamamento, sepultamento e lacre do túmulo com uma pesada pedra.
Quando vai cair a noite, Senhor do Triunfo novamente sai em procissão, por um percurso mais longo do centro histórico de São João del-Rei. De tempos em tempos o coro da Orquestra canta motetos de louvor; os sinos tocam festivos, mas o cortejo, grave, anda depressa, até entrar outra vez na Matriz do Pilar. A partir de então, até o Sábado de Aleluia, só o sofrimento de Jesus...
Veja, nos vídeos abaixo, copiados do Youtube, dois momentos diferentes do Domingo de Ramos em São João del-Rei, marcados pelos toques dos sinos: o primeiro, durante a bênção dos ramos; o segundo, na "chamada" do meio-dia.
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* Serviço *
9h30 - Igreja do Rosário - Bênção de Ramos e saída da Procissão para a Matriz do Pilar18h - Matriz do Pilar - Procissão de Ramos
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