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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Via Sacra e Encomendação de Almas. Magias da Quaresma em São João del-Rei

Quaresma é uma era diferente em São João del-Rei. Talvez seja a era anual de São João del-Rei. Sendo assim, as  sete sextas-feiras da Quaresma, então... Até quem não é nativo, ou mesmo os são-joanenses alheios às tradições e à identidade local - enfim, qualquer pessoa que nestes dias transitar pelo centro histórico ou pelos bairros mais antigos da cidade - vai notar algo diferente no ar. Atmosfera mais densa, clima espesso e misterioso, ecos da reza de algum terço, esgarçado e trazido entrecortado e de longe pelo vento, dobre longo, solitário e choroso de um sino, expectativa contraditória  quanto à Paixão e à compaixão, à dor e ao gozo, à festa que é  sofrimento. O silêncio conversa nas esquinas, nas pontes, nas encruzilhadas, nos largos e seus cruzeiros. Espreita das janelas de guilhotinas, escorre nas pedras do chão, escorrega, sorrateiro, pelas bicas dos telhados. Conversa com as pessoas que passam, com suas memórias, lembranças e pensamentos. À noite, tem Via Sacra sol

No Carnaval de São João del-Rei tem a Bandalheira do bem!

Se São João del-Rei, por sua infinita riqueza sonora e musical, deseja ser consagrada também como "terra da música", nada mais certo do que seu carnaval - efetivamente - começar com uma banda: a Bandalheira! Na verdade, a Bandalheira é bem mais do que uma banda, e do que um bloco carnavalesco. Com suas tantas décadas de existência, ela é mesmo uma corporação. Um sentimento que vive adormecido durante um ano inteiro para, na tarde do sábado que antecede o sábado de carnaval, corporificar-se por algumas horas, exalando alegria, samba, marchinhas e amizade, conforme declaravam seus estandartes este ano. Na Bandalheira, democraticamente, há igual espaço para todos, independentemente da idade, sexo, raça, religião, condição social ou econômica e qualquer outro tipo de diferença. Desse modo, como toda e qualquer ação humana, seu cortejo é um ato político em favor da alegria, da fraternidade, do respeito humano e da igualdade. Tanto que as marchinhas e sambas que a banda toc

Vamos redesenhar, pintar e bordar a história de São João del-Rei?

Sobretudo a partir da vinda dos intelectuais modernistas à nossa cidade, no começo do século 20, São João del-Rei passou a ser paisagem muito retratada por um sem-número de artistas plásticos, principalmente desenhistas e pintores, que vinham a esta terra em busca da originalidade, da graça, das cores, da vivacidade e da simplicidade de nossa paisagem. De Quirino Campofiorito a Tom Maia, de Alberto da Veiga Guignard e José Pancetti a Emeric Marcier e Carlos Bracher - cada qual com sua percepção humana, geográfica e cultural, sua técnica e sua sensibilidade - a "terra da música, onde os sinos falam" foi e continua sendo grande musa inspiradora. Isto sem citar os consagrados fotógrafos e cinegrafistas, que para cá voltaram suas lentes e flashes e, também, lembrar dos viajantes europeus que por aqui passaram no século 19 e produziram desenhos muito importantes para conhecermos como era nossa região naquela época, há duzentos anos atrás. Entretanto, essa produção é majorita