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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Em São João del-Rei, São Jorge perde a cabeça, mas não perde a vergonha! E nem a pose!

Antigamente, em São João del-Rei, no tempo em que nossos pais viviam a infância, certamente fazia parte do universo deles a mula-sem-cabeça: aquela figura imaginária e muito temida, que andava a horas mortas pelos locais ermos, nas noites da quaresma. Seu tropel, ora lento e bem compassado, ora veloz e desritmado, era percebido pelo bater de seus cascos no calçamento das ruas, e do mesmo modo que surgia, desaparecia, no silêncio, ao longe.  Fora a estória de uma ou outra alma penada, em um corpo decapitado, vagando pela noite à procura de sua cabeça, cortada por castigo, vingança, cobiça, inveja, ira - ou simplesmente por crueldade - em São João del-Rei, sempre que se falava (e ainda hoje quando se fala!) que alguém perdeu a cabeça, na maioria das vezes é para justificar desaforos, adultérios, crimes passionais, e até mesmo assassinatos. Mas neste domingo por volta do meio-dia, passando pela lateral direita da igreja do Carmo, uma cena incomum chamou minha atenção: São Jorge decapita