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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Quaresma de histórias, memórias, lembranças, quebrantos e encantos em São João del-Rei

Hoje pouco menos, antigamente a Quaresma era um tempo mágico em São João del-Rei. Dias e noites de grande temor, recato e recolhimento, marcados por longos jejuns e principalmente pela abstinência de carne, de todo tipo, nem que fosse apenas na Quarta Feira de Cinzas, em todas as sextas-feiras, na Quarta Feira de Trevas e na Sexta Feira da Paixão. Tempo de silêncio profundo. Os clubes dançantes interrompiam os habituais bailes de todo sábado e as pessoas continham as gargalhadas, evitando até ouvir a velha e nostálgica Rádio São João del-Rei  em volume mais alto. Pode parecer exagero, mas há uns trinta, quarenta anos atrás, era desse jeito, assim! Se por um lado era um tempo nebuloso e de obscuridade, pelo sofrimento, paixão e morte de Jesus Cristo, por outro era um tempo marcado por certa desordem, como tentação provocada pelo Espírito do Mal. Ocorrências misteriosas, comportamentos inexplicáveis, ameaças ocultas, destemperos, acontecimentos insuspeitáveis, muitos deles envolve

Procissão das luzes em São João del-Rei

Diferentemente de outros lugares culturalmente importantes do Brasil, em São João del-Rei, o dia 2 de fevereiro não é Dia de Yemanjá. Na cidade onde os sinos falam, o culto é feito para Nossa Senhora das Candeias, em outros lugares conhecida como da Candelária e também da Apresentação. Tudo começa muito cedo, quando o dia ainda está clareando, na igreja do Rosário, com a bênção das velas que os fiéis levam de casa. Em seguida, quando o sol começa a nascer no horizonte, sai com ele uma procissão pelo curto trajeto, que vai da igreja-sede da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Negros até a Matriz do Pilar. Tal como os raios do sol que despontam, cada participante leva sua vela acesa, no ritmo do sacerdote que repete, durante todo o percurso, o Cântico de Simeão. Nada mais do que a expressão  latina  Nunc Dimittis - que teriam sido as palavras ditas pelo Velho Simeão quando recebeu nos braços, no Templo de Jerusalém, o Menino Jesus, apresentado por s