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Mostrando postagens de 2019

A magia do Natal através dos tempos em São João del-Rei

Mal dezembro se anuncia, Jesus dá sinais de seu Advento em São João del-Rei. Serena orvalhos de ternura, semeia estrelas luminosas na noite escura, faz brotar flores de bondade, que dão frutos de calor e fartura, sopra brisas de fina música e sorri com mansidão. Foi assim no anoitecer deste domingo - o primeiro do Advento de 2019. Como no conto alemão do flautista de Hamelin, a Rua das Flores transformou-se em uma longa pauta musical, por onde os sons suaves de um violino, de um violoncelo, de um piano e de uma flauta subiam até o altar-mor da Capela do Divino Espírito Santo e, de lá, pousavam nos corações serenidade, encantamento, conforto, alívio, esperança, humanidade. Nos corações infantis,  jovens, maduros e mais vividos, de homens e mulheres, brancos e negros, indistintamente. São João del-Rei tem dessas coisas, surpreende sempre, com arte e encantamento, quando menos se espera, como por exemplo numa noite qualquer de domingo! Peças de compositores consagrados - como Vil

Cara e coroa. A outra face da rica memória de São João del-Rei

Nem só de grandiosidade e opulência vive o patrimônio arquitetônico de São João del-Rei. Para além de igrejas magníficas, nobres casarões e elegantes sobrados, que encantam gentes do mundo todo, a cidade possui também outro tipo de patrimônio construído, igualmente importante.  Assim como os monumentos patrimonialmente consagrados, que em geral registram a história dourada do domínio português, da igreja católica e da nobreza da época colonial, este outro patrimônio é igualmente valioso, porém muito diferente. Em sua grande maioria, ele é registro da história das pessoas humildes, que em épocas passadas viveram entre muitas dificuldades e, mesmo assim, contribuíram decisivamente com sua força de trabalho - e também com sua criatividade - para a construção do que é a identidade são-joanense. Aliás, mais do que a identidade, mas a própria alma de São João del-Rei. Um ótimo exemplo é esta residência da foto. Edificada na subida do Largo da Cruz rumo ao Alto das Mercês, fazend

Ave Maria do Morro no céu azul de São João del-Rei

Engana-se quem pensa que a religiosidade do povo são-joanense, no recorte do catolicismo, restringe-se às práticas, rituais e liturgias realizadas nas igrejas do centro histórico e de todos os bairros. Quanto mais belas, envolventes e encantadoras forem essas celebrações, sobretudo as tradicionalmente barrocas, mais elas são prestigiadas e frequentadas, pois  refletem o paraíso que, principalmente os humildes, não encontram na terra. Se a beleza é, sem dúvida, o mais sedutor e lúdico instrumento de convencimento e educação, ela é também o mais suave, confortante e eficaz meio de evangelização. Principalmente nestes tempos estéreis, áridos e ásperos! Entretanto, a despeito delas, muitos são-joanenses estabelecem um meio próprio para sua comunicação com o universo divino, com canais, formas, códigos, espaços e linguagens criados por eles mesmos. É uma comunicação direta, quase "ao pé do ouvido", sem necessidade de qualquer orientação, mediação, consentimento, aprovação ou

Entusiasmo, harmonia e felicidade nas cores de São João del-Rei

Às vezes, muito pouco é bastante para tornar a paisagem urbana de São João del-Rei, com seu belo casario, ainda mais bonita, alegre, poética e vibrante. E ninguém duvida que, vivendo em um ambiente visualmente mais estético, harmonioso e equilibrado, a rotina do dia a dia torna-se menos enfadonha e mais suave, fazendo as pessoas mais felizes. Mais beleza, mais conforto, menos estresse! Em nossa região, as estações do ano são bastante definidas e isso nos facilita perceber os tons firmes de nossa natureza - das montanhas, do céu, das árvores e das flores - o perfume característico de cada época, diferentes entre si, mas quase todos doces e suaves. O céu sempre azul, em certas épocas com pinceladas rosadas, avermelhadas, alaranjadas e mesmo arroxeadas, principalmente no crepúsculo e no amanhecer. O que isso nos quer dizer? Que a natureza faz a parte dela, mas que também precisamos fazer a nossa para deixar ambiente mais bonito. Na escolha das cores da fachada de nossa casa, por ex

Em São João del-Rei todas as ruas levam à religiosidade

São João del-Rei é território sagrado. Principalmente na região que compreende o centro histórico onde, a curtas distâncias entre si e das formas mais variadas, diversos marcos lembram e servem como pórticos para o são-joanense adentrar no universo profundo de sua religiosidade e chegar até as profundezas de sua fé, suas crenças e lembranças. Quem, andando pelos lados antigos de São João del-Rei, nunca viu um são-joanense, jovem ou mais vivido, interromper seu pensamento, diminuir o ritmo de seus passos e fazer o sinal da cruz ao passar diante de um cruzeiro, de um cemitério ou de uma igreja?  Este é um comportamento que, mesmo diante dos novos modelos, padrões e valores impostos pela sociedade hiperconectada, digital e virtual, continua firme como parte da rotina de muitos são-joanenses. E as razões são infinitas: pedir proteção divina, fortalecer-se na luta contra os maus e contra os males, abrir e desembaraçar os caminhos tortuosos e confusos, abrandar a ira e amansar o coraç

Uma noite de serenidade, delicadeza e encantamento em São João del-Rei

Serenidade e delicadeza. Estas duas palavras são o espelho da noite do dia 14 de agosto em São João del-Rei. Uma noite suave e amena, às vezes fria, em que o centro histórico são-joanense parece envolvido por um silêncio de paz e coberto por um céu azul claro de nuvens tênues, que se movimentam lentamente, esgarçadas pela luz branca de uma lua cheia discreta e contemplativa. Mas essa atmosfera de tanta beleza e calma certamente seria menos percebida, se não fosse nela que Nossa Senhora da Boa Morte sai às ruas de pedra e tempo, adormecida em seu esquife, enfeitado de flores claras e conduzido por padres vestidos de branco. Aliás, essa atmosfera talvez só exista, como presente do firmamento ao povo de São João del-Rei, para nela deslizar o cortejo que conduz Nossa Senhora. Nesse momento, incapaz de ser medido na escala do tempo, por seu misterioso encantamento que funde, em uma mesma era, passado e eternidade, tudo é reticentemente mágico e sem-fim. De tempos em tempos, no desl

Festa do Bonfim. Tesouro espiritual de São João del-Rei!

Gira o mundo, passa o tempo, renovam-se ideais, valores e desejos, vão-se costumes, fama, pessoas e nomes, apaga-se promessas, abandona-se juras... Acontece tudo, mas aqui tem coisas que não mudam: a fé do povo de São João del-Rei e o modo como os são-joanenses se relacionam com o que é sagrado. A intimidade de, ainda vivos, transitarem pelos territórios celestes a conversar com os santos, os recursos e expedientes que criaram e sustentam para fazer seus pedidos, empenhar votos, expressar confiança, agradecer intercessões e graças, atravessar séculos e esperar a vida eterna. É isso o que os são-joanenses fazem, com suas incontáveis e quase cotidianas procissões. É isso o que vai ser feito no próximo domingo - o primeiro do mês de agosto - no alto do Bonfim. A festa já começou há mais de uma semana, com novenas e procissões, mas seu ponto máximo será no anoitecer daquele dia, quando o sino, na torre pequenina, dobrará veloz e alegre e foguetes e fogos de artifício lançarão para

São João del-Rei, em festa, "põe nas coisas as cores que tem por dentro"

Não é sem motivo que muitas comemorações religiosas de São João del-Rei são popularmente chamadas de festas. Afinal, mesmo sendo eventos quase cotidianos no calendário sociocultural da cidade, são "fenômenos" extraordinários, que funcionam como parêntesis na rotina e criam uma nova territorialidade tempo/espaço no dia a dia dos são-joanenses. Sobretudo daqueles que vivem intensamente ou acompanham de perto tudo o que acontece no centro histórico da velha cidade, surgida no alvorecer do século XVIII. Assim como as festas sociais, inclusive as predominantemente profanas, as festas religiosas também são precedidas de desejo, espera e expectativa. Elas são como ponteiros de um relógio memorável, que marca a passagem de um tempo existencial. Para o povo daqui, essa marcação, por ser subjetiva, é mais precisa, importante e acreditada do que a sucessão das estações do ano, que informam quantas voltas a Terra já deu e em que posição ela se encontra no seu giro em torno do sol.

O passado está vivo e mora com o tempo nas velhas casas de São João del-Rei

Quem vem conhecer ou visitar São João del-Rei, sabe que vai voltar no tempo. Retornar aos primórdios do século 18, caminhar décadas pelo século 19, acompanhar o desenvolvimento e a modernização do Brasil no século 20 e conhecer a realidade e as perspectivas de uma cidade histórica progressista nesses dois decênios do século 21. Tudo isso andando pelas ruas coloniais surgidas há 300 anos, visitando as igrejas barrocas, museus e monumentos são-joanenses e participando de festas e celebrações que contam sequencialmente três séculos de história, com sua  paisagem natural e urbana, sua arquitetura civil e religiosa e suas tradições sacras e profanas que resistiram ao tempo, se fortaleceram, solidificaram, e são hoje um dos mais ricos patrimônios imateriais do país. E para vivenciar a cidade em toda sua riqueza, diversidade e pluralidade, nada melhor do que se hospedar no centro histórico, que é o coração cultural de São João del-Rei. Nos largos, praças, vielas, ruas estreitas e becos

São João del-Rei. Aposto que aqui tem coisa que você ainda não viu!

Mesmo quem vive em São João del-Rei, e atravessa todo dia as ruas, praças e becos do centro histórico, pode sempre se surpreender com a paisagem. Basta desprender-se do pensamento demasiadamente racional e da visão rotineira dos caminhos e percursos, para deixar livre o olhar e, então, ver o que sequer  imagina. Os telhados, por exemplo, com suas sucessões de muitas águas, formando belas geometrias, com a textura das telhas curvas, coloniais, que alternam cores que vão do marrom e do avermelhado até o quase ocre-rosado das capas e bicas mais novas, que foram trocadas há pouco tempo. Eles mostram uma face surpreendente e praticamente desconhecida da paisagem são-joanense, acostumados que somos a olhar apenas as fachadas do casario. Que também são muito bonitas. Aliás, como são belas as fachadas das casas e sobradões do centro histórico de nossa cidade! Retratando diferentes estilos, característicos principalmente da evolução econômica, social e cultural que marcou São João

São João del-Rei, com respeito, se curva e"bate paó" pra São Benedito!

Em São João del-Rei, o ano tem 365 dias, e todos eles são de festa. Inclusive não é raro, no calendário religioso, haver dias com mais de uma festa, o que nos leva a pensar que, em nossa terra, o ano precisa ter mais dias, para nele caber melhor todas as festas. E então, com isso, as pessoas são-joanenses viverão muito mais... Aliás, vamos pedir esse milagre a São Benedito? Afinal, não é possível que ele, desde o dia 29 de abril passado recebendo satisfeito as homenagens festivas que a comunidade do Bonfim lhe presta com grande fraternidade, alegria e entusiasmo - tríduo, missas, adorações, bênçãos, orações, cânticos, confraternizações, comunhões, shows e doações - faça a desfeita de não dar importância a este nosso pedido! A festa de São Benedito é singular no calendário religioso de nossa cidade. A começar que ela é devotada a um santo negro e, sendo assim, convém que seja também uma homenagem de lembrança, resgate e reconhecimento a todos os negros que participaram e participa

Festa de Passos de São João del-Rei.Tempo de Eternidade!

Por mais que já se tenha visto 15, 30, 40, 50, 60 vezes, ou tantos anos mais já se tenha vivido, a emoção que sentimos diante de cada cerimônia da Festa de Passos de São João del-Rei é sempre a mesma: pura enlevação e absoluto encantamento! Como se fosse a primeira vez... Desde cada Via Sacra solene, em que a cruz com o lençol branco, penitencial, e o crucifixo sagrado percorrem nas três primeiras sextas-feiras da Quaresma o mesmo trajeto nas ruas de pedra do centro histórico  há quase 300 anos, parando na igreja de São Francisco e em cada um dos 5 passinhos, delicadamente enfeitados, ao som dos motetos do grande compositor são-joanense Ribeiro Bastos, até as procissões de depósitos, quando as imagens da Senhora das Dores e do Senhor dos Passos saem misteriosamente veladas até as igrejas do Carmo e de São Francisco, ao som das bandas e dos sinos. As duas rasouras, na manhã do domingo, e a Procissão do Encontro, no fim da tarde,  e também até o tocante Setenário das Dores, com