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Mostrando postagens com o rótulo memória

Letras de amor e dor, em bico de beija-flor. O coração do navegante negro em São João del-Rei

Letras do tempo, escritas com lágrima e dor nas páginas obscuras, sombrias e esquecidas da história do Brasil cochilam sossegadas, longe dos olhos e da memória, guardadas em algum lugar de São João del-Rei. Uma fita ondulante, erguida no bico de dois beija-flores,  mais parece uma pauta musical. Nela, as notas são quatro letras que escrevem, acentuada, a palavra Amôr. Logo abaixo, um coração flamejante, apunhalado e sangrante, tem ao lado ramos de flores humildes, um passarinho triste e uma borboleta quase sem vontade de voar. Tudo no centro de uma pequena toalha de algodão branco, hoje amarelado pelo passar dos longos dias e dos anos lentos e distantes. - Mas o que é que esse pano, esse bordado, tem de tão importante para almejar estar guardado em museu? - Ora, esta toalha é uma página da história. Aqui anda meio jogada, desprezada, mas se outros lugares soubessem dela, certamente seria muito disputada... - Quem bordou isto, com linhas tortas tão sem vida e pontos tão...

Almanaque Eletrônico Tencões & Terentenas: 4 anos badalando a cultura e a história de São João del-Rei

Às 13 horas e 26 minutos deste domingo, quarto dia do mês de janeiro do 2015º ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, este Almanaque Eletrônico Tencões & Terentenas completou quatro anos na blogosfera. Na humildade do que representam 1.460 dias diante dos três séculos de história e cultura que pretende divulgar, Tencões & terentenas publicou na internet 700 posts exclusivamente sobre São João del-Rei: suas tradições, suas peculiaridades, seu povo, sua interpretações, sua arte, curiosidades, fatos interessantes, gastronomia, expressões e manifestações culturais - enfim tudo o que faz da "terra onde os sinos falam" um território especial. Fruto de pesquisa e ousadia, o almanaque encontrou uma linguagem própria para dar seu recado, na busca de conquistar e envolver o internauta, transformando-o em agente de preservação, divulgação e difusão da cultura são-joanense. Ao povo desta terra, Tencões & Terentenas busca aumentar a auto-estima sociocultural-...

Novena barroca de Natal em São João del-Rei. Encantamento, magia e mistério!

O calendário festivo de São João del-Rei é tão intenso que mal termina uma "festa" e outra já está a caminho, quando não começando ou, então, já na metade. As comemorações do Natal, por exemplo, na "terra onde os sinos falam" começam no dia 16 de dezembro, com uma novena barroca, na igreja do Rosário - a mais antiga da cidade. Nesta celebração, durante nove noites a Orquestra Lira Sanjoanense - a mais antiga das Américas - executa hinos, salmos, responsórios e ladainhas compostos no século XIX, entre eles as famosas "Matinas do Natal", que o compositor são-joanense Padre José Maria Xavier criou especialmente para a ocasião. Muito alegres, vivas e suaves, as Matinas são cantadas em latim e descrevem a história do nascimento de Cristo. Narram o chamado que o Anjo fez aos pastores, o movimento do cometa que guiou os Reis Magos do Oriente até Belém, a humildade devota dos animais que estavam na estrebaria, a harmonia infinita e brilhante dos astros no céu ...

Folias de Reis anunciam - com cor, suor, devoção e alegria - o Natal em São João del-Rei

São João del-Rei está em um momento muito feliz. Não apenas pelo calor e entusiasmo com que está comemorando os 300 anos da criação da quarta vila  de Minas Gerais, ou melhor, da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, quando o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes foi elevado à categoria de Vila, com o nome de São João del-Rei, em homenagem ao faustoso soberano português D. João V. São João del-Rei está em um momento muito feliz porque está voltando seu olhar para si própria. Não que negue e desvalorize o mundo que existe do outro lado da Serra do Lenheiro, mas sim porque está garimpando suas próprias riquezas, se apropriando de seus tesouros culturais, reconhecendo suas origens e reforçando-as como bases de sua identidade e de sua cultura. É de posse desta história, desta memória e deste patrimônio que, a partir de então, São João del-Rei vai se apresentar para o mundo. E recebê-lo na intimidade dos quintais da alma são-joanense, onde se cultiva e co...

Finados. Junto aos veios de ouro, às raízes e às nascentes de São João del-Rei, requiescat in pace

São João del-Rei, desde sempre, tem intimidade com a morte. Cemitérios colados às casas, os vivos são vizinhos dos mortos. No século XVIII, a Procissão das Cinzas lembrava em cortejo solene e figurado, nas ruas coloniais, a finitude da vida. Desde aquela época, durante a Quaresma, no ciclo da Festa de Bom Jesus dos Passos, Encomendações de Almas, em três consecutivas sextas-feiras, percorrem encruzilhadas, cruzeiros e portões de cemitérios, a chamar os mortos e entregar-lhes músicas e orações. São João del-Rei, a religião, a morte e as contradições. No Carnaval, uma escola de samba ensaia sua bateria no limite exato que une e separa os mortos e os vivos - o alto portão de ferro do Cemitério do Carmo. Nos desfiles, o Bloco dos Caveiras expõe debochadamente a morte, com a irreverência em estandartes, caixões, defuntos, ossos, fogo, fumaça e figuras tenebrosas. É medonho. Na Sexta-feira da Paixão, o grande momento é a Procissão do Enterro, também chamada Procissão do Senhor Morto. ...

Santa Casa de Misericórdia de São João del-Rei. 230 anos de existência. 197 anos de oficialização

197 anos. Este é o tempo que se passou desde que Dom João VI, no dia 31 de outubro de 1816, assinou Provisão confirmando a fundação da Santa Casa de Misericórdia da Vila de São João del-Rei. Mas o hospital já existia desde o século XVIII, mais precisamente desde 1783, quando foi criado pelo ' irmão da Misericórdia ' Manoel de Jesus Fortes, com o nome de Casa da Caridade.   Um documento datado da época exata em que começou a funcionar o hospital, assim o descreve:             ficava " em lugar próprio e acomodado, no qual [o irmão Manoel] fez              os cômodos  necessários para 30 doentes, com todas as camas precisas              e distinção de lugares  para p essoas de um e de outro sexo. A obra tem             merecido aplauso de todo o povo.                      ...

Saúde pública e serviço social nas primeiras décadas da Vila de São João del-Rei

A elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes à categoria de Vila, em 8 de dezembro de 1713, deu a São João del-Rei, não somente um novo status sócio-geopolítico-administrativo na Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Possibilitou e favoreceu a implantação pioneira de alguns serviços públicos essenciais que, como sementes do respeito ao direito de cidadania, proporcionavam melhores condições de vida aos que habitavam nas cercanias da Serra do Lenheiro. Um destes serviços foi a saúde. Consta que em 22 de outubro de 1718, portanto há 295 anos, a Câmara contratou o médico português José de Macedo Correa, formado pela Universidade de Coimbra, para " curar os pobres de graça ". Por este trabalho ele receberia, anualmente, 1 libra de ouro. Foi, assim, Dr. Macedo o primeiro médico que se instalou na Vila de São João del-Rei. Para esta contratação, a Câmara tinha um bom argumento: " estavam morrendo muitos escravos, por não haver quem lhes...

Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco do Capitão do Mato do sagrado ao pecado, perdição

Entre os velhos becos da colonial São João del-Rei, um era o mais desgraçado. Caminho da maldade e do pecado, era o Beco do Capitão do Mato. Numa ponta, imaculada, a pureza e a bondade. Torre branca, muitas portas, tudo para a capela do Santíssimo Sacramento, em eterna adoração, na igreja do Carmo. Na outra, pura obscuridade: mulheres de vida livre, serenatas, rufiões, risadas, bandidos, gemidos, pervertidos, miseráveis, jogatinas, cachaçadas. No caminho de pedra e poucos passos, entre virtude e desgraça, morava a crueldade do solitário capataz que a alma ao diabo, em troca de ouro, entregara. O tempo passou. Adeus Margarida Tomba-homem. Adeus Helena dos Cachos. Adeus Índia Paraguaia. Adeus mulheres da vida. Adeus escravidão. Adeus capitão do mato... Estreito e simpático, entre a igreja do Carmo e a Rua da Cachaça, o Beco do Capitão do Mato é hoje uma rota inocente, de pedra calçada. Tanto que, na voz do povo, tem nome infantil: Beco da escadinha, Beco do Carmo. Visto da parte...

Crianças: a Arca da Memória de São João del-Rei

Quando se fala na preservação da memória e perpetuação da cultura de São João del-Rei, não se pode esquecer de um segmento muito importante: as crianças. São elas que, por gerações, levarão acesa na lembrança a chama da história do que nos legaram nossos antepassados. Que perpetuarão séculos afora, com amor, zelo e compromisso, as crenças, esperanças, tradições, sabedorias e saberes aqui construídos e cultivados há mais de três séculos. O dia 12 de outubro - Dia da Criança - é bom para se lembrar disto. Pensando assim, é preciso cada vez mais inserir a criança no universo cultural de São João del-Rei. Nas tradições barrocas, como as procissões e outras festas religiosas. Nas expressões populares, como congada, folia de reis, carnaval, artesanato. Em todas as artes, sejam música, teatro, literatura, dança ou artes plásticas. Na gastronomia... Na vanguarda de outras cidades, São João del-Rei já desenvolve algumas ações neste sentido. Em relação aos tapetes processionais, isto já ...

Festa das Mercês: São João del-Rei reinventa ícones, ressignifica símbolos e reescreve sua história

Na sua dinâmica sociocultural, a cada dia São João del-Rei ressignifica elementos e símbolos de sua história, dando-lhes novos e contemporâneos sentidos. No vale da Serra e ao longo do Córrego do Lenheiro, o que antes ostensivamente apontava condenação, hoje serve para induzir questionamentos. O que outrora, em séculos passados, sinalizava colonial castigo, neste terceiro milênio, é alvorada da consciência dos direitos humanísticos e cidadãos. Você imagina que o Pelourinho, onde desde 1713 se castigavam escravos e executavam severas punições na Vila de São João del-Rei, pudesse servir de mastro para um toldo da principal barraca da quermesse da Festa de Nossa Senhora das Mercês? Pois é! Em setembro de 2013, isto aconteceu. A face religiosa, tradicional e barroca, da Festa das Mercês continua fiel aos rituais setecentistas. Toques de sinos, foguetes, novenas, missas cantadas, incensos, irmãos com hábitos, escapulários e mantos caudalosos, andores enfeitados, procissões, fogos de ...

Propina legal em São João del-Rei. Era no século XVIII...

A história de São João del-Rei tem muitos registros curiosos e  inusitados. No dia 24 de setembro de 1781, por exemplo, um Acórdão autorizou o pagamento de “propinas” a cada membro da Câmara de São João del-Rei  – presidente, vereadores, procurador, e escrivão do Senado - que comparecesse às festas religiosas realizadas na Matriz do Pilar. O valor variava de acordo com a importância social da celebração e procissão. As quatro festas mais importantes – Corpo de Deus, Visitação de Santa Isabel, Anjo Custódio do Reino e Nossa Senhora do Pilar – rendiam cada uma, ao  bolso de cada servidor público, dez mil réis. Igual valor ganharia quem comparecesse às festividades de São Francisco da Bórgia e do Patrocínio de Nossa Senhora. Consideradas de menor expressão, as festas de São Sebastião, São João Batista e da Publicação da Bula garantiam, cada uma, cinco mil réis. A assiduidade no cumprimento social do compromisso religioso, representando o poder público, poderi...

Devota, convicta e confiante, São João del-Rei dialoga com os Céus

Pelas encruzilhadas e esquinas de São João del-Rei, misteriosamente, as letras misturam-se em uma prece. Escorrem pelas ladeiras íngremes, espalham-se nos largos e praças. Aparecem, quando menos se espera, do fundo de sacolas de compras. Desejo dos são-joanenses, é a Oração por uma cidade , que clama o seguinte:                         “Pai Nosso, que estais no Céu,                           que estais no Alto do Cristo,                           com vossos braços estendidos,                           como a nos abençoar:                           Protegei nossa cidade,                         ...

Festa das Mercês - Doce, sereno e sublime encanto de São João del-Rei

Há quase 300 anos o povo de São João del-Rei participa - com fé, devoção e encantamento - da sublime novena barroca de Nossa Senhora das Mercês. É um ofício encantador, numa capela delicadamente dourada, entre flores, incensos, música suave que vem de violas, violinos, violoncelos, flautas, clarinetas e de belas vozes que se harmonizam em rendilhados de notas musicais que formam volutas sonoras inigualáveis. O sino sozinho, na torre altaneira, soberana e solitária, toca alegre. Padre Geraldo canta vigoroso responsórios seculares, que orquestra e fieis, em coro único, respondem convictos. Fieis em sua maioria negros de carapinha branca, entre jovens e crianças, compenetrados vivenciam por uma hora e meia, um amoroso abraço imaginário com Nossa Senhora das Mercês. Com o olhar trocam palavras, fazem pedidos, promessas, agradecimentos. A tudo a Virgem acolhe de braços abertos e face levemente inclinada na direção da mão direita, que estende para o povo são-joanense com um buquê de crav...

Dom Lucas Moreira Neves - Primavera floresce igualdade, gratidão e memória em São João del-Rei

Entre as várias preciosidades culturais que o cardeal Dom Lucas Moreira Neves deixou para São João del-Rei, uma delas se multiplica e se repete a cada ano: é a Semana Cultural Dom Lucas, realizada sempre no período de 08 a 15 de setembro, no memorial que leva o nome dele, que é um dos mais queridos são-joanenses, filho de família a quem muito deve a cultura de nossa terra. Em 2013, o tema que norteia todos os eventos mostra como a cada alvorecer mais evolui e se ilumina a compreensão, a humanidade, o pensamento, a democracia, a religiosidade - enfim a própria sociedade são-joanense. É que o nobre espaço, durante oito dias, abre-se com todo respeito e dignidade para cultura afro-sãojoanense, aqui brotada e frutificada quando o século XVIII, entre raios luminosos de ouro e sol, começava a amanhecer. Melhor reconhecimento e tributo aos são-joanenses de ontem e de hoje não poderia haver, do que a escolha de tema tão rico e tão pertinente, 300 anos vivo na sociedade local. Ora n...

Igreja de São Francisco de São João del-Rei é uma divina epopeia, esculpida em pedra - I

Não é exagero dizer que a igreja de São Francisco de Assis de São João del-Rei - um dos mais expressivos exemplares da arquitetura religiosa barroca brasileira - é também uma das mais belas obras de arte da humanidade. Tão maravilhosamente bonita e a tantos já seduziu, encantou e inspirou que é muito difícil ser original ao dizer qualquer coisa sobre ela. Uma das mais precisas e fieis descrições desta joia da sensibilidade são-joanense foi feita no livro Igrejas de São João del-Rei , lançado há exatos cinquenta anos. Nele, o historiador são-joanense Luís de Melo Alvarenga assim  começa a narrativa, que será reproduzida em diversas partes neste Almanaque Eletrônico Tencões e terentenas : "Magnífica obra de arte é este templo dedicado a São Francisco de Assis. Notável não só pelo trabalho em pedra e madeira, como por seu risco original, em linhas curvas, formando um conjunto harmonioso. Aureliano Pimentel, em página magistral, descreve esta igreja e sintetiza sua descrição...

São João del-Rei. D'Além-mar, tropical, capital de Portugal!

Há apenas três meses da data exata - 8 de dezembro - em que se comemorarão os 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes à condição de Vila de São João del-Rei, a todo instante chegam informações mostrando que, tanto quanto rica, é também ainda pouco conhecida a história da tricentenária São João del-Rei. Quantos são-joanenses, por exemplo, sabem que, em 1755, quando um forte terremoto sacudiu Lisboa, São João del-Rei foi cogitada para ser a capital do império português? Quem nos conta é o juiz de direito Auro Aparecido Maia de Andrade, que resgatou esta intenção do Primeiro Ministro do rei D. José I, Marquês de Pombal - sábio administrador que viu na quarta vila instituída em Minas Gerais importância singular na mais importante colônia portuguesa de além-mar, que era o Brasil. Capital do país sonhado pelos inconfidentes; quase capital de Minas quando da Proclamação da República, São João del-Rei, em 2007, com muita justiça e propriedade, fo...

Tira-se o véu por trinta dinheiros em São João del-Rei. Findava agosto de 1755...

Mesmo nas solenidades mais tradicionais, tocantes e piedosas, como as da Festa de Passos e da Semana Santa, hoje é muito raro, nas igrejas de São João del-Rei, ver uma mulher usando véu para cobrir a cabeça, quando segue a caminho da mesa da comunhão. Até pouco mais do que a metade do século passado, este lenço retangular de renda fina e transparente ainda fazia parte do vestuário religioso feminino, como símbolo de respeito, devoção, obediência, pureza e elegância. A cor variava entre branco, azul claro, cinza e preto, sinalizando entre outras coisas a idade e o estado civil da jovem ou senhora que o véu usava. Poucos sabem, mas houve um tempo em que as mulheres de São João del-Rei só podiam andar em determinados espaços sagrados são-joanenses com a cabeça bem coberta por um gorro padrão, possivelmente adquirido da própria igreja. Prova disso é que no dia 28 de agosto de 1755, o padre comissário Manoel da Costa Faro propôs -  em reunião da Ordem Terceira de São Francis...

PAC das Cidades Históricas - Em São João del-Rei, palavra de rei não volta atrás. Nem de Presidenta...

Mais uma vez São João del-Rei destacou-se no panorama de todas as cidades históricas brasileiras, da mais soberba à mais humilde. Neste 20 de agosto, mais uma vez a cidade recebeu um presidente da República, em 2013 a Presidenta Dilma Roussef. Na terra onde os sinos falam, ela anunciou a destinação de R$ 1,6 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento das Cidades Históricas brasileiras. Nesta etapa, serão contempladas 44 cidades de 20 estados, com o desenvolvimento de 425 projetos de restauração de bens históricos, revitalização de espaços culturais e áreas circunvizinhas. Sem dúvida um marco importante que deve ser considerado homenagem da Presidência da República aos 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhor do Pilar do Rio das Mortes a Vila de São João del-Rei. Em seu discurso, Dilma Rousseff destacou o valor dos são-joanenses na história e na cultura do Brasil, entre eles o herói Tiradentes, sacrificado por defender a liberdade dos brasileiros frente ao c...

A eterna primavera da fé em São João del-Rei

São João del-Rei é como um jardim, sempre em primavera a florescer. Todo mês, durante as festas religiosas, altares e andores em cascatas se cobrem das flores mais diversas: angélicas, antúrios, cravos, crisântemos, copos-de-leite, "egpsy", gérberas, hortências, lírios, margaridas, palmas e rosas, entre muitas outras. São as estrelas da terra luzindo gentileza, cor e perfume; brilhando fé, suavidade e devoção. Agosto, por exemplo, quando chega, acende em todos memórias antigas, que se tornam realidade nas ladeiras, largos e becos do centro histórico da terra onde os sinos falam. A bicentenária Orquestra Lira Sanjoanense afina instrumentos e vozes, ensaia partituras antigas para que, no período de 5 a 15, a música barroca de mulatos compositores locais se junte ao som dos sinos e ao perfume de incenso para criar ambiência celeste em honra a Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Glória e também à Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito...

Lincoln de Souza: ouro de São João del-Rei que refulgiu aquém e além da Serra do Lenheiro

Quando nasceu o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, em 1704, o ouro brotava à flor da terra, às margens do riacho e nos cocurutos da Serra do Lenheiro, entre cascalhos, quartzos e raízes, abrindo trilhas que, pouco tempo depois, em 1713, viraram ruas da nascente e fulgurante Vila de São João del-Rei. Metal precioso, o ouro esgotou-se. Mas do solo são-joanense continuou brotando outro ouro, ainda mais brilhante, fino e precioso: um povo cuja alma é iluminada pela fé, pela arte, pelo saber e pela cultura. Duvida? Quem percorre, nas noites de sábado, entre telhados, lampiões, sinos e torres, os largos, becos e ruelas,  igrejas e cemitérios do centro histórico de São João del-Rei, acompanhando o espetáculo itinerante Lendas São-Joanenses , não imagina que a estória fantástica do menino perdido que foi devolvido à família por Nossa Senhora, do defunto que o diabo levou para o nunca mais, da mãe morta que voltou ao mundo a pedir comunhão para o filho agoniza...