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Mostrando postagens de abril, 2012

São João del-Rei redescobriu o Brasil

 É grande a bilbliografia existente sobre São João del-Rei. A cultura, a história, as artes, a religiosidade, a estética, a musicalidade, as tradições, o desenvolvimento econômico e social  são-joanenses são temas de várias obras lançadas desde o século XVIII e que cada vez mais inspiram estudos, monografias e teses acadêmicas. Contudo, muitas vezes, conhecê-las e pesquisá-las requer grande esforço, pela falta de um guia de fontes impresso ou eletrônico que sistematize e divulgue a produção existente sobre São João del-Rei, indicando inclusive sua localização e forma de acesso.Fica, assim, uma sugestão. Já colaborando neste sentido, Tencões & terentenas divulga no final deste post o link da dissertação São João del-Rei - Tensões e conflitos na articulação entre o passado e o progresso . Produzida por Ralf José Castanheira Flores, como requisito do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, em resumo a dissertação analisa a inserção de São João del-Rei no processo de construç

As coisas boas de São João del-Rei: acarajé mineiro? No Dedo de Moça tem!

O bolinho de feijão está para a gastronomia de São João del-Rei, assim como o acarajé está para a culinária baiana. A bem da verdade, os dois são feitos do mesmo material - o feijão -, têm formato e "modo de fazer" semelhante, mas também têm lá suas diferenças. Enquanto que o acarajé baiano é maior e mais pesado,  frito no azeite de dendê  e recheado de vatapá, camarão e molho vinagrete, o bolinho de feijão é mais leve, no tamanho, na massa e no tempero, e originalmente não leva nenhum complemento que lhe disfarce o sabor. É pequeno e sem recheio, tal qual o acarajé preparado para ser comida ritual nos cultos afrobrasileiros. Por isso, dizem, o bolinho de feijão que se come em São João del-Rei é a versão mais antiga, original e primitiva do acarajé servido na Bahia e em grandes cidades litorâneas. Mas o Restaurante Dedo de Moça , de São João del-Rei, resolveu misturar tudo. Magicamente juntar tradição e modernidade, unir o útil ao agradável, fundir acarajé com bol

Em São João del-Rei tem ouro. Do melhor e mais puro...

Ainda em memória ao 27º aniversário da morte do são-joanense Tancredo Neves, Tencões & terentenas relembra nesta postagem um dos mais belos poemas escritos para homenagear a saga do presidente eleito que, em 21 de abril de 1985, tomou posse no coração de todos os brasileiros. Assinados por Ghiaroni, os versos foram publicados na edição histórica da Revista Manchete , que circulou nacionalmente no dia 26/04/1985.                     Hoje eu canto uma cantiga                     que parte do coração                     com uma ternura imensa.                     Cantiga para Tancredo                     que nos libertou do medo,                     que nos salvou da descrença.                                                               Éramos tão sofredores,                                tão grandes as nossas dores                                e as alegrias tão breves.                                Na própria terra, em degredo,                                até q

São João del-Rei. E também del Imperador ...

Há 131 anos, nas vésperas do dia 24 de abril, autoridades, clero, nobres, músicos, artífices, artesãos, artistas e o povo de São João del-Rei estavam todos extraordinariamente ocupados. Preparavam a cidade para receber a visita do imperador Pedro II, acompanhado de sua esposa, Teresa Cristina, e de numerosa comitiva. Praças, largos e monumentos ganharam decoração extraordinária, condizente com a nobreza dos visitantes. Na Ponte da Cadeia, um torreão gótico. No Largo de São Francisco, um "arco do triunfo", mandado construir pelos médicos e farmacêuticos. Na entrada do solar do Barão de São João del-Rei, onde se hospedou Dom Pedro, na Rua da Prata, treze arcos de cetim e filó, confeccionados pelas delicadas mãos das damas são-joanenses. Já no dia da chegada, o imperador respondeu à altura os agrados do povo são-joanense: visitou a Câmara Municipal, a Sociedade Filarmônica, a Biblioteca Municipal, a Santa Casa de Misericórdia e os hospitais de " alienados " e de

Quando São Jorge andou, de corpo e alma, pelas ruas de São João del-Rei. E cobrou caro por isso...

Neste 23 de abril, dia de São Jorge, nada melhor do que recordar um capítulo pitoresco da história do santo guerreiro em São João del-Rei. Consta que, no século XVIII, Jorge de Capadócia era figura de destaque na Procissão são-joanense de Corpus Christi. No começo e por vários anos, era representado por um personagem vivo, vestido a caráter, garboso e altaneiro com sua armadura, capa, capacete, escudo e lança. Por ter desempenhado tão importante papel, Domingos Leitão, no dia 31 de  1746, peticionou ao Senado da Câmara o pagamento por este serviço. A partir de 1754, por vários anos, aconteciam na Vila de São João, na mesma data, duas procissões de Corpus Christi: uma pela manhã e outra à tarde, uma promovida pela Irmandade do Santíssimo Sacramento e outra pelo Senado da Câmara. São Jorge era o mesmo. Como a cobrança pelo serviço, agora então dobrado, inegavelmente aumentava a despesa daquela "festa régia", a Câmara Municipal, em 1765, decidida a reduzir os custos, enco

Na São João del-Rei de hoje, cadê a lembrança de Joaquim José da Silva Xavier?

   Em 2012, hoje, dia 21 de abril, completam-se 220 anos da morte de Tiradentes. Em São João del-Rei, este ano, a data será lembrada apenas com a realização de uma cavalgada - fato que é incompatível tanto com a importância do acontecimento histórico quanto com o espírito do povo são-joanense. Herança dos tempos barrocos, o povo de São João del-Rei é festivo por natureza e procura em tudo motivos para celebrar e enriquecer o cotidiano local com concertos, exposições, palestras, retretas, missas, recitais, teatro, shows e eventos os mais diversos. Por que será que o sacrifício de Joaquim José da Silva Xavier, nos últimos anos, está caindo para o limbo na cidade onde os sinos falam? Certo é que a criação do Dia da Liberdade e da Cidadania - comemorado no dia do nascimento do herói inconfidente -, em princípio, em nada contraria a importância e a necessidade de se lembrar sua trágica execução, em forca, ocorrida em 21 de abril de 1792. Outro motivo torna ainda mais necessária um

Viva os santos negros São Benedito e Santa Efigênia! Viva a afromineiridade de São João del-Rei!...

Cada vez mais as manifestações populares da cultura negra se mostram presentes no cotidiano de São João del-Rei, inclusive nas celebrações religiosas da igreja católica. Prova disso é que começaram ontem (19) e vão até o próximo domingo (22), no bairro de Matosinhos, as festas em louvor a São Benedito e a Santa Efigênia. De modo temporão, São Sebastião também será lembrado. A festa religiosa dura três dias, tem missa e tríduo, mas seu colorido especial fica por conta da atuação do Grupo de Congado São Benedito e São Sebastião, que dará ritmo a uma caminhada, fará uma alvorada festiva, levantará os mastros dos santos homenageados e encabeçará um cortejo solene com as imagens de Santa Efigênia, São Benedito e São Sebastião. À presença de Santa Efigênia nas Minas Gerais do tempo do ouro, guiando e protegendo os negros em tão cruel sociedade colonial, no clássico Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles escreveu o seguinte poema:                  ROMANCE IX OU DE VIRA-E-SAI

Em São João del-Rei, Procissão dos Mártires pagou carrasco com uma penca de 25 cobres. Ia-se 1886.

De interior bastante simples e fachada totalmente atípica em relação às demais igrejas setecentistas e oitocentistas de São João del-Rei, contemporâneas a ela, a igreja de São Gonçalo Garcia demorou 131 anos para ficar pronta. Sua construção atravessou parte do século XVIII, todo o século XIX e o começo do século XX, tendo se iniciado em 1772 e só terminado em 1903. A conclusão de seu entorno, no formato atual, avançou até 1915, quando ficou pronta sua bela, semicircular e alta escadaria. Sobre a evolução da obra, o viajante Richard Burton, quando passou por São João del-Rei em 1868, na viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho, registrou em sua caderneta de anotações:          "A igreja de São Gonçalo Garcia ... é uma simples casca, uma inacabada ruína,            de tão exposta, e, sem dúvida, exigirá muito tempo para se tornar uma casa            de Deus apresentável" . Sua previsão de futuro foi acertada... A Irmandade de São Gonçalo Garcia de São João del-Rei, liga

O dia em que São Jorge quase caiu do cavalo em São João del-Rei

Daqui a alguns dias, 23 de abril, será dia de São Jorge - o santo guerreiro que, enquanto houver cavalo, não anda a pé. Muito popular nas Minas coloniais, o culto a São Jorge era patrocinado pela Câmara das vilas, mostrando como especialmente naquela época eram firmes os elos que uniam poder e religião. Em São João del-Rei, por exemplo, São Jorge era um símbolo estatal tão importante que sua imagem não ficava na igreja, mas na Casa da Câmara. Entretanto, conta a história que, pelos idos de 1842, o prestígio do santo que se projetava em sombra na lua cheia, lutando contra o dragão, andava meio abalado em São João del-Rei. Tanto que há 160 anos, no dia 8 de abril, o vereador Francisco Joaquim Araújo Pereira da Silva propôs à Câmara que a imagem de São Jorge e suas vestes fossem entregues ao vigário para " ficarem em um lugar com mais decência ". Mas aí começou uma contenda que durou quase cinco décadas. É que outro vereador, padre Bernardino, discordou, alegando que

São João del-Rei celebra, com muita festa, cultura e oração, os 202 anos da serva de Deus, Nhá Chica

Cinema, música, palestras, via sacra, "cristoteca", romaria de motociclistas, congada, solene celebração eucarística, toque de sinos, terço luminoso, exposição de arte temática. Esta é a síntese das atividades que, na semana de 22 a 29 de abril, movimentarão São João del-Rei. Mais precisamente o distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes. Qual o motivo de tanta festa?  A comemoração dos 202 anos de nascimento e batismo de Francisca de Paula, a popular Nhá Chica. Em processo de beatificação no Vaticano, Nhá Chica pode ser a primeira santa autenticamente brasileira. Tem-se como data de seu aniversário o dia 26 de abril de 1810 e grande parte de sua vida passou-se na cidade mineira de Baependi, para onde mudou-se quando criança e fixou-se até morrer. Além de celebrar o nascimento, batismo e vida daquela que, por sua dedicação religiosa, tornou-se conhecida como a "serva de Deus", a programação lançará luzes sobre a riqueza cultural pouco conhecida e pouco divulgad

Semana Santa de São João del-Rei atualiza e eterniza passado setecentista

Capela oratório de N. S. da Piedade - SJDR (foto do autor) Não é de agora que a Semana Santa de São João del-Rei, hoje considerada a mais tradicional do Brasil, é imponente e grandiosa. Repetindo ainda hoje, praticamente inalteradas, muitas liturgias e solenidades próprias do século XVIII, surpreende a todos pela vivacidade e autenticidade com que são mantidas. Desta forma, os ofícios e procissões, ao preservarem suas características originais, tornam-se a um só tempo clássicos e contemporâneos, o que os livra de qualquer folclorização, congelamento ou cheiro de naftalina. Assim, apesar de bisseculares, parecem (e são!) sempre atuais. Para conhecer a dimensão desta "festa" religiosa no século XIX, basta avaliar uma informação divulgada pelo jornal Tribuna do Povo , que circulou na cidade no dia 16 de abril de 1882. Segundo o antigo periódico são-joanense, naquele ano distante, " trinta padres tomaram parte nos festejos da Semana Santa de São João del-Rei ". C

São João del-Rei tem Atitude Cultural

Atitude Cultural é coisa que toda pessoa deve ter. No caso de cidades, principalmente aquelas que possuem riquezas históricas, ter atitudes culturais é fundamental. São João del-Rei tem esta felicidade: uma organização não-governamental destinada exclusivamente a promover, divulgar e apoiar realizações culturais sustentáveis, que contribuam para a valorização do patrimônio material e imaterial são-joanense. É a Atitude Cultural. Seus projetos de maior visibilidade são aqueles que ocorrem em períodos comemorativos de grande expressão na cidade, como fim de ano, carnaval e Semana Santa. Para cada um deles a Atitude Cultural desenvolve anualmente projetos especiais, que vão da iluminação de Natal, realização de shows, exposições físicas e virtuais, criação e lançamento de agendas, cartazes e DVDs, encontro de folias de reis e pastorinhas, Carnaval de Antigamente, tapetes de rua, encontro de samba, seresta e chorinho e um sem-fim de atividades. Semanalmente a Atitude Cultural divulga por

Salve Regina! Salve São João del-Rei e o Coral dos Coroinhas de Dom Bosco ...

Registro musical primoroso e precioso, que sem dúvida confirma e contribui para que São João del-Rei seja digna de uma de suas mais consagradas denominações: Terra da Música . Assim bem pode ser definido o CD Salve Regina , lançado recentemente pelo Coral dos Coroinhas de Dom Bosco da Matriz do Pilar de São João del-Rei, para comemorar o quadragésimo aniversário de sua fundação. A Associação dos Coroinhas de Dom Bosco foi criada pelo padre José Teixeira Pereira, auxiliado pela professora Irene Sacramento, tendo como pilares valorosos a educação, a piedade e a responsabilidade. Com atuação essencialmente religiosa, os coroinhas participam das liturgias, "acolitando" às mais diversas cerimônias da Catedral de Nossa Senhora do Pilar e " louvando ao Senhor com o aprimoramento do canto litúrgico, principalmente o canto gregoriano ". O canto dos Coroinhas é fundamental em diversas celebrações da Semana Santa de São João del-Rei, especialmente nos Ofícios de Trevas / Ca

Capela da Piedade - e do Bom Despacho - de São João del-Rei tem quase 280 anos

  A diminuta capelinha de Nossa Senhora da Piedade, ou simplesmente Passinho da Piedade, é um dos monumentos coloniais mais antigos do centro histórico de São João del-Rei. Com a particularidade de somente abrir três vezes por ano, no dia da Procissão das Lágrimas (6a. sexta-feira da Quaresma), na Quinta Feira Santa e na Sexta Feira da Paixão, sua construção é anterior a 1740, pois a 6 de abril de 1741             " A Câmara de São João del-Rei resolve dar, anualmente, a quantia de seis oitavas de ouro para a constituição do patrimônio da Capela de Nossa Senhora da Piedade e do Bom Despacho, que alguns devotos haviam construído em frente à cadeia, para que os presos pudessem assistir a missa aos domingos e dias santificados ", piedosamente, porém sem sair de suas celas. Três meses depois desta decisão, no dia 8 de julho de 1741, o Senado da Câmara de São João del-Rei oficialmente encaminhou carta à Sua Majestade, o rei português D. João V, pedindo aprovação de um patri

Piedosas e solenes tradições de São João del-Rei

Cruzeiro do Morro da Forca - São João del-Rei. Foto do autor São João del-Rei iniciou ontem, Domingo de Ramos, com muita pompa, fé e cultura, a celebração de mais uma tradicional Semana Santa. Com toques de sinos, motetos sacros, procissões, missa barroca e Canto da Paixão, a cidade marcou o primeiro dia de sua semana mais importante - extenso e intenso evento religioso cultural que faz parte da vida de todo são-joanense, independentemente de sua cor, classe social, nível econômico ou formação educacional. Em São João del-Rei não há quem, de alguma forma, não viva a Semana Santa como um fenômeno. Isto porque, na cidade, Paixão de Cristo é uma festa mais forte e mais importante do que o Natal, apesar de sua linguagem estética, artística e comunicacional ser originária dos séculos XVIII e XIX. A língua oficial da maioria das celebrações é o latim, mas isso não constitui dificuldade de compreensão para os são-joanenses por vários motivos.Um deles é que os maduros, pelo amor que têm à