Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Rio das Mortes

O diabo dia e noite no dia a dia da antiga São João del-Rei

Hoje as coisas estão muito diferentes, mas antigamente o diabo estava presente dia e noite em todas as coisas de São João del-Rei. Afinal, quanto maior for a religiosidade de um povo, mais canais e ambientes existem para as pessoas estabelecerem relacionamentos com o mundo sobrenatural. E sendo São João del-Rei uma cidade tão religiosa, imagine ... Principalmente pelos são-joanenses mais simples, mais humildes, mais crédulos e menos letrados, a presença do anjo das trevas era muito temida. Chegava às vezes a ser pressentida e evitada, mas as vezes, em situações diversas, seu nome era exclamado e, mais raramente, até invocado. Quem nunca ouviu: - isso é coisa do diabo! ou, - mas que diabo, sô!, ou, ainda, - vai pro diabo que o carregue!? Se fora de hora o galo fazia barulho estranho no galinheiro, tinha-o visto passar por perto. Se algum objeto ou documento misteriosamente sumia dentro de casa, era ele que tinha escondido. Se alguém se via diante de um desejo incontrolável de faze...

São Sebastião, mártir glorioso, é festejado de ponta a ponta em São João del-Rei

Engana-se quem pensa que as festas em homenagem a São Sebastião acontecem apenas no centro histórico de São João del-Rei, onde o "Guerreiro de Cristo", desde o início do século XVIII, tem altar na igreja do Pilar, é celebrado com uma novena e sai às ruas em procissão, no dia 20 de janeiro. No coração colonial são-joanense, ele também tem um nicho lateral ao altar-mor da Capela do Divino Espírito Santo e, ainda, em uma peanha do altar lateral direito da igreja das Mercês. Em outras partes da cidade, e até do município, o santo protetor contra a peste, a fome e a guerra também é querido e festejado. Um dos mais antigos distritos de São João del-Rei, por exemplo, chama-se São Sebastião da Vitória e certamente também realiza algum festejo em honra do santo, está presente no distrito do Rio das Mortes, em imagem no altar da igreja de Santo Antonio,  onde a beata são-joanense Nhá Chica foi batizada. E na urbana Paróquia de Matosinhos, a Comunidade de São Sebastião presta-lhe  ...

Nhá Chica do Rio das Mortes. Fé e bondade nascida em São João del-Rei

No dia em que Nossa Senhora da Conceição vier a São João del-Rei, certamente fará questão de visitar o distrito são-joanense de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, ou simplesmente Rio das Mortes. Lá, tomará pela mão sua afilhada e com ela caminhará por uma estrada de terra, até chegar à sombra de um bambuzal e à margem de um rio, onde as ruínas de uma igreja emanam perfume de sereno, orvalho e inocência. E então a menina lhe mostrará o local exato onde, no começo dos anos oitocentos, foi batizada Francisca de Paula de Jesus - a hoje Beata Nhá Chica, afilhada de Nossa Senhora. O Rio das Mortes é um lugar claro e iluminado. Seu povo alegre e gentil sabe a graça divina que é viver no local onde nasceu Nhá Chica. E compartilha isto com todos que visitam o lugar, para agradecer favores ou em busca de intercessões da santa contra dificuldades e aflições. Logo que alguém desconhecido se aproxima do portão e do cruzeiro para olhar a igreja de Santo Antônio, algum morador logo aparece...

Nhá Chica: de São João del-Rei para o Sambódromo carioca, via Baependi

Quando nasceu em Santo Antonio do Rio das Mortes, distrito de São João del-Rei, em 1808, a menina Francisca de Paula de Jesus, filha de uma escrava, não imaginava que seu nome e sua história iriam ultrapassar fronteiras e continentes. De São João del-Rei para Baependi, de Baependi para Minas Gerais e para todo o Brasil, do Brasil para o Vaticano e de lá para o mundo inteiro. A negra, analfabeta, afilhada de Nossa Senhora da Conceição e Serva de Deus, conhecida também como 'mãe dos pobres', foi beatificada em maio de 2013. Agora, em fevereiro do ano que vem, mais uma vez Nhá Chica vai ser destaque no Brasil e no mundo, porém passando por um caminho incomum, pouco ortodoxo mesmo, para uma beata que não vê a hora de ser santificada: o Sambódromo do Rio de Janeiro. Sua história vai ser o enredo da Escola de Samba Tradição, no Carnaval de 2015, que tem o título Nhá Chica, a beata negra e guerreira do Brasil . E não haveria forma mais brasileira nem mais eficaz para propag...

Bendito e louvado sejam as folias, pastorinhas, congadas e catupés de São João del-Rei

Ninguém duvida da riqueza cultural de São João del-Rei. Principalmente das tradições barrocas que, herdadas do século XVIII, permanecem vivas, nas mais diversas formas de expressão: ofícios religiosos, música barroca, ricas procissões, toques de sinos, tapetes de rua e muitas outras atividades que preenchem de som, perfume e cor os 365 dias do ano de quem vive às margens do Córrego do Lenheiro. Mas existem algumas manifestações culturais que, paralelas ou periféricas às grandes celebrações litúrgicas, ainda são pouco conhecidas - e por isto mesmo pouco reconhecidas - pelos próprios são-joanenses. Entre estas, estão as folias, pastorinhas e congadas, que se apresentam por ocasião do Natal, Santos Reis Magos e São Sebastião, em janeiro, Divino Espírito Santo, em maio / junho, e Nossa Senhora do Rosário, por todo o mês de outubro. Em algumas situações, as folias e congadas podem ser vistas no centro histórico da cidade, mas seu território forte são os bairros e alguns dist...

Meio Ambiente é o novo verde, brilhante e sonhado Eldorado de São João del-Rei

Encontrar o verde Eldorado, colher do chão esmeraldas. Esta era a febre dos bandeirantes que, na aurora  do século XVIII, atravessaram serras, venceram abismos, estancaram rios, domesticaram a natureza, subverteram dia e noite para chegar ao coração do território que mais tarde viria a ser Minas Gerais. Na forma de douradas pepitas, as sementes de São João del-Rei brotaram naquele tempo, nas encostas da Serra do Lenheiro, em meio a capim e a quartzo. Floreceram entre barroco e arte. Medo, ousadia, pavor, cultura e castigo. Fé, trabalho, traição, tradição e paciência. Sofrimento, sentimento, temperança, lembrança, sensatez e desvario. Bravura, crueldade, covardia, memória, iluminismo e humanidades. Também em São João del-Rei, nestes 300 anos, o desenvolvimento custou o domínio, a escravidão, a exploração e a expropriação da natureza. Do solo, o ouro. Do solo, a água. Do solo, as matas. Das matas, os animais. Dos animais, a carne. Da carne, a alma. Do homem, o homem. Sonho explo...