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Mostrando postagens de maio, 2020

Covid 19 trouxe novos chafarizes para São João del-Rei

Na paisagem urbana do centro histórico de São João del-Rei, dois monumentais chafarizes se destacam: o da Legalidade, em cantaria, há muitas décadas transferido para um agradável largo, em frente ao antigo Grupo Escolar Maria Teresa, e o chafariz da Municipalidade, de ferro fundido, importado da Europa e instalado no jardim do Largo do Carmo, integrando o magnífico conjunto formado pela igreja e pelo cemitério daquela Ordem Terceira. A cidade ainda possui, também, o chafariz da Deusa Ceres, certamente da mesma idade e origem do chafariz da Municipalidade. Entretanto, conta a história que este monumento, tal qual uma pessoa errante, vagou por diversos pontos da cidade e, há algumas décadas, está anacrônico e atordoado na Praça de Matosinhos, em frente à igreja do Bom Jesus, onde em sonho acena para os turistas que nos fins de semana e feriados passeiam na Maria Fumaça. Sabe-se que outrora existiu um chafariz de cantaria no Largo de São Francisco, conforme fotografia possivelment

Rua das Flores. Caminho de história, do século 18 à eternidade, em São João del-Rei

Como uma veia importante que escorre vida para o coração do centro histórico de São João del-Rei, a Rua das Flores é um caminho de história, que começa no século 18, atravessa o tempo e vai às portas da Eternidade. Subindo da Muxinga ou descendo dos lados do Tejuco, ela é irmã paralela da Rua Santo Antônio e, por estar mais alta um degrau acima, na topografia que um dia se chamou Morro do Pagão, é um mirante esplendoroso para se admirar o Largo e a igreja de São Francisco, apontados pela Rua da Prata, e se extasiar com a majestade da igreja do Carmo - soberana coroa de pedra e beleza sobre os poéticos telhados do Largo da Cruz. Pontuada por monumentos singulares - como o sobrado da esquina, onde o Presépio da Muxinga fica adormecido de sol a sol e só acorda poucos dias entre o Natal e o Dia de Reis; a imponente casa oitocentista, guarnecida pela guirlanda de flores debruçadas sobre o gradil que delimita o colorido jardim; os portões dos cemitérios da Matriz e do Rosário, onde dorm

"Deus te ajude mas a mim não desampare", em São João del-Rei!

A sabedoria mineira ensina que, " Em Minas, entender logo já é muito tarde. O bom mesmo é antecipar ". Sendo assim, mesmo que não pareça, imagina como é matreiro e arisco o são-joanense, e não é sem motivos. Afinal, a Vila de São João del-Rei foi uma das primeiras e mais importantes matrizes de nosso Estado, instituída  no tempo em que Minas e São Paulo formavam uma única Capitania. Daí é que, pelo bem ou pelo mal - e com muita propriedade -, o são-joanense não dá ponto sem nó.  Vê fumaça onde não há fogo, não amarra cachorro com linguiça, não bota a mão na cumbuca nem procura chifre em cabeça de cavalo. Vai que ele ache!... E isso vale para tudo. Para as coisas desse mundo e também do outro. Nesse tempo de pandemia, preocupados e precavidos, muitos são-joanenses colocaram uma cruz na porta principal de suas casas, e outros, além desse apelo ao Deus-Filho e por garantia, ainda colocaram ao lado, em uma folha de papel A-4, a seguinte mensagem para o Deus-Pai: &quo

Marmelada com canela. O doce caminho para a morte na velha São João del-Rei

Pela formação colonial-barroca da cultura são-joanense, mesmo sob a ilusória égide da temperança, da serenidade e da discrição mineira, aqui em São João del-Rei tudo é exacerbado, extremado, monumentalizado. Independentemente se são o idílio ou o inferno, o sagrado ou profano, o luto ou o gozo, a alegria ou o sofrimento. Quando não as duas coisas ao mesmo tempo. Porta de entrada deste mundo para o outro, a Morte é um eixo importante e presente em quase todas as manifestações culturais são-joanenses, sejam elas expressões coletivas, celebradas no mundo da rua, ou vivências individuais, que acontecem entre as paredes cobertas pelo telhado de um lar. No primeiro caso, como em geral são ocasiões festivas, programadas para a coletividade rememorar, viver ou reviver situações simbólicas, consagradas e preservadas como tradição, o passar do tempo não foi suficiente para modificá-las tanto. Isto porque,  mesmo veladamente ou inconscientemente, elas têm uma finalidade - e até mesmo uma f