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Mostrando postagens de outubro, 2011

São João del-Rei comemorará em silêncio seus 300 anos de elevação à Vila?

Se é verdade que os mineiros são " come-quietos " e que " Minas trabalha em silêncio" , os são-joanenses podem ficar tranquilos: as comemorações dos 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes à categoria de Vila, com o nome de São João del-Rei, em 2013, serão um sucesso retumbante. Mesmo sem alardes, sequer sem notícias, se é verdade o ditado popular acima, já devem estar sendo programados e preparados eventos  e produções culturais compatíveis com a importância e grandiosidade do fato histórico a ser celebrado, que nos remonta a dezembro de 1713 - infância de Minas. Porém, pelo imaginado, tudo vem sendo cuidado inconfidentemente, " sob sete chaves ". Poder público, instituições acadêmicas e culturais, organizações governamentais e não-governamentais, pesquisadores, intelectuais, todos enfim que de algum modo têm missão ou compromisso com a história, a memória, a cultura, o turismo e o desenvolvimento social e econ

São João del-Rei vivifica o herói Tiradentes e canta em hino sua vida, seu sonho e seus ideais

A instituição da Comenda da Liberdade e Cidadania, a ser entregue anualmente a grandes personalidades brasileiras na Fazenda do Pombal em data próxima ao dia 12 de novembro - quando, em 1746, Tiradentes foi batizado em São João del-Rei, na capela de São Sebastião do Rio Abaixo - sinaliza para uma nova visão deste herói das montanhas de Minas: a vivificação do homem Joaquim José da Silva Xavier, eternizado por seus ideais libertários. Substitui-se assim o imaginário do mártir proscrito e maldito pelo sistema colonizador  português, vitimizado e derrotado na forca e no esquartejamento, resgatando a dignidade humana do herói Tiradentes. 12 de novembro não é 21 de abril -Talvez de imediato não se tenha percebido, mas este outro modo de olhar o passado com certeza indica uma nova direção que - como Joaquim José - sonhamos para o presente e para o futuro. Não mais apenas, pela lente do pessimismo, vislumbrar o fracasso, cultivar a submissão, dedicar-se ao sofrimento, curvar-se à morte. A

São João del-Rei, 1818: cidade encantadora. E também aterrorizadora!...

 Como todas as cidades coloniais - notadamente aquelas que nasceram com o brilho do ouro que reluziu em Minas Gerais a partir do século XVIII e floresceram impulsionadas pela cobiça, oprimidas pelo punho português e iludidas pela fantasia barroca - São João del-Rei desde sua gênese sempre revelou antagonismos e contrastes. O viajante austríaco Johann Baptist Emanuel Pohl (reprodução) , quando aqui chegou em 15 de outubro de 1818 integrando a Missão Austríaca que pesquisou a mineralogia e a botânica local, assim descreveu sua acolhida em nossa cidade e uma visão aterrizadora que testemunhou da janela do quarto onde ficou hospedado: " Esta cidade figura entre as mais limpas e alegres que já encontrei no Brasil. Situada em clima suave, apresenta uma vista risonha com as suas mil casas, na maioria de um andar só, limpamente caiadas de branco e  pomares de cujo verde viçoso se erguem belas bananeiras. As igrejas, inteiramente construídas de pedra, com torres bem proporcionadas,

Banda Theodoro de Faria espalha noite e dia música e alegria pelas ruas de São João del-Rei

Não é raro deparar com a conversa alegre das notas musicais, saltando de polidos instrumentos de sopro e percussão, dando ainda mais ritmo, vida e cor às ruas coloniais de São João del-Rei. Sempre que isso acontece (e acontece com muita frequência!) os são-joanenses sabem: a Banda Theodoro de Faria está passando. Há 109 anos é assim. A Banda Theodoro de Faria é presença certa em procissões, retretas e concertos, nas ruas, nos becos, nos largos, nas praças, no coreto e até no Teatro Municipal, marcando presença em comemorações religiosas, cívicas, culturais e de lazer. Seu repertório é vasto e vai das oitocentistas marchas processionais de compositores são-joanenses até clássicos da música brasileira e internacional de todos os tempos, passando até pelo tema de grandes filmes. A Banda Theodoro de Faria foi criada logo no raiar do século XX, em 1902, como dissidência da "Banda de Música do Ribeiro Bastos", fundada no século XIX. Inicialmente era conhecida como "Banda d

São João del-Rei festejará, em 12 de novembro, o aniversário de Tiradentes

Dia em que, em 1746, Tiradentes foi batizado na capela de São Sebastião do Rio Abaixo, 12 de novembro é uma das datas mais importantes do calendário cívico-histórico de São João del-Rei. Até bem pouco tempo a data sequer era festejada, mas foi declarada Dia da Liberdade e, a partir deste ano, será dignamente festejada na região Campo das Vertentes com a entrega da Comenda da Liberdade e da Cidadania a personalidades que notoriamente prestaram ou prestam relevantes serviços à Cultura, à Política, à Economia, às Ciências, ao Direito, ao Meio Ambiente e a outros importantes segmentos da sociedade brasileira. A entrega será feita na Fazenda do Pombal - local do nascimento de Tiradentes, que à época  ficava em território pertencente à Vila de São João del-Rei. Com nova demarcação, a fazenda ficou por pouco tempo pertencendo a outra vila, mas voltou a ser propriedade são-joanense de 1755 a 1963, quando então passou a fazer parte de outro município vizinho. São João del-Rei será o primeiro

Iconografia de São João del-Rei é tesouro precioso, desconhecido e inexplorado

Ainda em grande parte desconhecido, certamente deve ser grande e precioso o volume de logomarcas criadas em São João del-Rei no século XIX e início do século XX, com o objetivo de identificar instituições comerciais, civis, religiosas, culturais, educacionais, públicas e das mais diversas naturezas. Bancos, lojas, escolas, irmandades, hospitais, grêmios, clubes, funerárias, produtos - todos estampavam em logomarcas, carimbos, selos e rótulos, elementos estéticos e simbólicos que evidenciavam sua importância na sociedade são-joanense, ao mesmo tempo em que espelhavam aspectos marcantes da cultural local. Um bom exemplo da riqueza iconográfica de São João del-Rei é a logomarca da Santa Casa de Misericórdia, harmoniosamente composta com a representação de alguns estigmas da Paixão de Cristo. Do mesmo modo, a logomarca da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, que também utiliza elementos sacros da mesma natureza. Não se tem notícia de nenhuma pesquisa, análise ou documentário sobre

Duas Semanas Santas por ano? Em São João del-Rei tinha! Você sabia?...

Barroca como a alma do lugar, a história de São João del-Rei é cheia de voltas, volutas e curvas. Tem fatos inusitados, pitorescos e curiosos que poucas pessoas conhecem e que - quando são descobertos - tornam ainda mais colorida, extraordinária e fascinante a vivência e a vida daquele lugar. Você imagina, por exemplo, que a Prefeitura Municipal de São João del-Rei quase foi uma igreja? Isso mesmo. Por pouco, exatamente naquele local privilegiado, em frente à Ponte da Cadeia, no começo do século XIX ali não foi construída a igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, para sediar a Confraria, que era proprietária daquele terreno. A Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte é das mais antigas da cidade e também rica de peculiaridades. Seu Compromisso data de 1786, mas há indicativos de que, naquela época, a irmandade já existia há mais ou menos 50 anos. Tornando-se confraria em 1858, seus irmãos usam hábito talar preto, com escapulário azul onde se estampam as letras B M A M (Boa Morte Ave M

Sinos e hinos de São João del-Rei saúdam a "excelsa" padroeira Nossa Senhora do Pilar

Neste 12 de outubro, São João del-Rei homenageia com delicadeza e serenidade sua padroeira, Nossa Senhora do Pilar. Desde cedo, uma intensa programação religiosa movimenta a cidade até o anoitecer, quando sai às principais ruas do centro histórico uma grande e colorida procissão. Uma das mais importantes comemorações do 12 de outubro em São João del-Rei aconteceu em 1954. Naquele ano ocorreu a coroação pontifícia da imagem de Nossa Senhora do Pilar e do Menino Jesus, com as joias de ouro garimpado na Serra do Lenheiro e doado por garimpeiros são-joanenses. Conduzida por Dom Helvécio, representando o Papa Pio XII, foi uma cerimônia grandiosa, seguida de procissão que, de tão especial, foi marcada por  seis discursos, proferidos por personalidades de grande destaque na sociedade local: Elpídio Antônio Ramalho, Carmélio Teixeira, Padre Flávio Carneiro Rodrigues, Mateus Salomé, Ataliba Nogueira e Oscar de Oliveira. Treze anos depois, no mesmo dia, foi inaugurado no Alto do Bonfim, nas

Doce mãe que viu nascer e desde sempre, protetora, adotou São João del-Rei

São João del-Rei vê, com alegria, raiar a véspera do dia de sua padroeira. Nossa Senhora do Pilar aqui chegou na alvorada dos anos setecentos, trazendo os primeiros bandeirantes que, por volta de 1703, fundaram um arraial  a ela dedicado: o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes. Na cidade estendida ao longo da Serra e do Córrego do Lenheiro, Nossa Senhora do Pilar teve dois endereços, antes do atual. A imagem primitiva, ainda hoje existente, inicialmente era venerada em uma capelinha simples, no alto do Bonfim - incendiada em 1709, nos alvoroços da Guerra dos Emboabas. Apagadas as chamas do fogo e da ira, permaneceram acesas  labaredas do fervor. Daí, não precisou muito tempo para que nova capela lhe fosse construída, um pouco mais abaixo, dizem que no local hoje conhecido como Morro da Forca. Como o núcleo urbano mudou de endereço, mais entre o Corrego do Lenheiro e o Morro das Mercês, Nossa Senhora do Pilar também mudou sua morada. Já em 1721 estava em uma Matr

Lembrança de setembro em São João del-Rei

Setembro. O manacá, o jasmim, a dama da noite, a flor de laranjeira, com seu perfume doce, emolduram a noite amena, estrelada, no Largo das Mercês. Entre a novena na igreja singela e os dobrados que a banda toca, desejos humanos afloram no pedreiro da Rua do Ouro, na morena da Rua das Flores, no alfaiate do Morro da Forca, no sapateiro do beco da Matriz, na tecelã da Fábrica Sanjoanense. O homem que sofre do coração, debruçado na janela do Hospital, ainda agora aguarda o futuro, que se esperava chegasse ontem, de Curvelo,  de Congonhas do Campo, de Baependi, de Bom Jesus da Lapa, de Juazeiro e de Aparecida - ambos do Norte, vindo no avião da barraquinha de rifas. Assim, entre setembro e setembro, toda existência se cumpre. Vencendo tempo e espaço, é no cheiro doce daquelas flores que os sonhos se eternizam e que os sentimentos se perpetuam. Pela lembrança e renovação, viçosos, brotam sempre com as primaveras. Ouça, no link abaixo, o belo dobrado Douto

São João del-Rei sempre teve muita Educação

A educação formal sempre foi uma atividade importante na vida de São João del Rei, desde os tempos da colônia. Tanto que há exatamente 180 anos, no dia 5 de outubro de 1831, a Câmara local realizou sessão solene para divulgar o resultado de um censo sobre "instrução" na Vila de São João del-Rei e seu Termo, constituído por arraiais e localidades. Já naquela época, quando o analfabetismo da população brasileira era quase absoluto, existia no centro da Vila três aulas (escolas) públicas, das quais uma exclusivamente para as meninas (75 alunas). Das outras duas, uma oferecia 'ensino mútuo' (59 alunos) e outra ensinava Gramática Latina a 31 alunos. Existiam também duas escolas particulares de primeiras letras, com 102 alunos, e um Colégio particular, dirigido por padres, que ensinavam Retórica, Música, Dança, Francês e Latim a 14 alunos. Nos Termos da Vila, existiam 15 escolas de primeiras letras, sendo uma pública e 14 particulares, ao todo educando quase 250 "di

São João del-Rei ama São Francisco de Assis, que ama as Chagas de Cristo e todas as Criaturas

São João del-Rei ama São Francisco fervorosamente, com o mesmo amor com que São Francisco amou as chagas de Cristo. Tanto que lhe construiu uma igreja mundialmente reconhecida como uma das mais belas expressões do barroco brasileiro e lhe celebra todo ano emocionantes cerimônias barrocas para relembrar duas passagens importantíssimas da vida do santo de Assis: a impostação das chagas de Cristo, quando as cinco chagas de Nosso Senhor abriram-se em feridas no corpo de São Francisco, e o momento em que deixou a terra rumo à eternidade. A primeira, acontece sempre exatamente na metade do mês de setembro, no mesmo período em que, no mundo católico, se comemora o Dia da Exaltação da Santa Cruz. A segunda, se encerra hoje, 4 de outubro, com missa cantada, ofício fúnebre e procissão pelas principais ruas do centro histórico de São João del-Rei. Tudo para lembrar a vida e a morte de um dos santos mais conhecidos e venerados,  considerado um símbolo supra-religioso da generosidade divina e hum

Orgulho de São João del-Rei, a Lira Sanjoanense, 235 anos, é a orquestra mais antiga das Américas

No mundo inteiro, apenas três orquestras têm 235 anos de funcionamento ininterrupto. A Lira Sanjoanense, de São João del-Rei é uma delas. Cumpre anualmente uma programação que, quantitativamente, supera sua idade: são 272 apresentações anuais, em compromissos firmados com as irmandades de Nossa Senhora do Rosário, da Boa Morte, das Mercês, de São Miguel e Almas, de São Gonçalo Garcia e Santo Antônio. A orquestra mais antiga das Américas também participa de concertos e estende sua atuação para cidades vizinhas a São João del-Rei. A Lira Sanjoanense foi fundada em 1776, por José Joaquim de Miranda, com o nome de Companhia de Música. No passado foi o ambiente musical onde se iniciaram, desenvolveram e aperfeiçoaram importantes compositores coloniais, como por exemplo José Lino de Oliveira e o Padre José Maria Xavier. Esta condição permaneceu no século XX e continua no século atual, sendo a Lira Sanjoanense tanto um reduto de novos compositores inspirados na música setecentista e oitocen

São João del-Rei Congo. Outras territorialidades e outras temporalidades nas terras do Lenheiro

Corre, até o dia 4, a novena barroca e procissão de São Francisco de Assis. Encerram-se, no dia 2, as homenagens aos Anjos Custódios. Dia 12 tem a festa da padroeira, Nossa Senhora do Pilar. Apesar de tantas festas, outubro, em São João del-Rei é, principalmente, o mês do Rosário. Da santa que, nas cidades nascidas do brilho do ouro, é protetora do povo negro.  Mês etnicamente negro em São João del-Rei, outubro tem musicalidade diferente, ancestral. Nos distritos e na própria cidade, ganham ruas, largos e igrejas os ternos de Congada, com seus chapéus e coroas enfeitados de flores de papel colorido, fitas e espelhos, seus longos rosários de contas de lágrima cruzados no peito e nas costas, seus estandartes azuis e vermelhos, seus bastões, espadas, capitães, reis e rainhas, chocalho nos pés, percussões - louvação a Deus em um canto gutural que sai, parece, do início dos tempos, do fundo da terra, de além-mar, África. No bairro de São Dimas, de São Geraldo, no Bonfim, no Tejuco, no