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Mostrando postagens de abril, 2011

Com Nhá Chica, novo circuito turístico-religioso poderá começar em São João del-Rei

Antes mesmo de ser beatificada, Nhá Chica já parece voltar seus olhos benignos e misericordiosos para São João del-Rei.  E, também, disposta a abrir caminhos para a felicidade de seus conterrâneos, principalmente daqueles que vivem no distrito Rio das Mortes. Isto porque a Diocese de Campanha, há dez anos empenhada no projeto  "Caminho de Nhá Chica e do Padre Vitor" , viu agora ser aprovada e oficializada a criação de um trajeto turístico relacionado à vida e à obra religiosa dos dois "Servos de Deus". O mais novo circuito turístico-religioso brasileiro , como não poderia deixar de ser, começa em São João del-Rei , mais precisamente no Rio das Mortes, onde Nhá Chica nasceu e passou a infância ; segue para Baependi, onde viveu da adolescência até sua morte; continua em Campanha, terra natal de Padre Vitor, e termina em Três Pontas, cidade onde o sacerdote exerceu seu ministério e faleceu. Elaborado profissionalmente por uma especialista em patrimônio cultura l ,

Pai da Música é "patusca"* e vive em São João del-Rei

A arte eterniza, desafia o tempo . Ainda mais a Música, que é etérea - puro sentimento. São João del-Rei sabe isso de cor e tem como prova incontestável o violinista Geraldo Ivon da Silva, o popular Geraldo Patusca . Às vésperas de completar, em 10 de julho próximo (1911), o seu 95º aniversário, Geraldo Patusca tem de música muito mais do que muita gente bem vivida tem de idade .  Mais de oitenta anos (exatamente  80 anos, 7 meses e 15 dias) dedicados  a tocar violino na Orquestra Lira Sanjoanense e na Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei. Assim, este são-joanense mulato, místico, religioso e cortês, sempre vestido de terno azul marinho, deve ser um dos músicos mais velhos de Minas Gerais. Sobre o começo da carreira musical de Geraldo Patusca, quando o violinista completou o seu 80º aniversário, em 1996, o historiador Sebastião de Oliveira Cintra escreveu: " Foi a 15 de setembro de 1930 , data do início da Novena de Nossa Senhora das Mercês, q

São João del-Rei, terra de todos os santos. Inclusive, oficialmente, terra natal de Nhá Chica

 No próximo sábado, 30 de abril , toda a população do distrito são-joanense Rio das Mortes estará vivendo um dia que ficará para sempre na memória local . As 19 horas será lavrado o registro civil tardio de Francisca de Paula de Jesus, a popular Nhá Chica , 201 anos depois de seu nascimento e batismo. Nascida em São João del-Rei , antes que terminasse a infância, não vivida devido sua condição escrava, a menina Chica mudou-se para Baependi . Lá, com o passar dos anos, tornou-se Nhá Chica - exemplo de elevada religiosidade e de dedicação ao próximo que lhe valeram as denominações "Mãe dos Pobres e Serva de Deus" . Sua trajetória de vida humilde e dedicada aos necessitados foi tão grandiosa que atualmente Nhá Chica está em processo de beatificação e canonização no Vaticano . O registro civil tardio de Francisca de Paula de Jesus - Nhá Chica inegavelmente é um fato memorável, mas será que esgota o que ainda se pode fazer e conhecer sobre Nhá Chica em São João del-Rei? É

São João del-Rei, onde nascem todos os santos. Tende piedade de nós!

A religiosidade barroca faz parte do ar de São João del-Rei, constitui a alma são-joanense . Não apenas quando se reza ofícios, faz novenas e acompanha procissões, mas também ocupa o dia a dia, inclusive como profissão . Imagine que um levantamento simples, feito há 5 meses, identificou 8 santeiros em São João del-Rei. Estes artistas  sacralizam pedaços da madeira , ao esculpir neles cristos, madonas, mártires, virgens, santos e anjos, que depois muitas vezes vão para altares e oratórios, tornando-se objetos de devoção e culto. Tão grande produção artístico-religiosa não fica apenas nas igrejas locais e com colecionadores de São João del-Rei. Muitas peças são produzidas por encomenda, seguem para outros estados e até para outros países , contam, orgulhosos, os santeiros. A arte sacra são-joanense encanta pela sua qualidade, originalidade e fidelidade às técnicas coloniais do ofício , em alguns casos cultivado em família e passado de pai para filho , tanto na escultura quanto na

A poesia se debruça nas janelas dos becos de São João del-Rei

Sedutora, São João del-Rei é cidade recatada .  Não expõe despudoradamente sua beleza de casas em ruas de discreto desalinho .  Igrejas brancas, redondas e soltas passeiam nos largos, que nem pombas .  Sua beleza, esconde-a, em cores suaves, furtivamente, atrás de esquinas,  por entre-becos . Beco da Romeira. Beco do Salto. Beco do Cotovelo. Beco da Escadinha.  Beco do Rosário. Beco da Matriz. Beco da Muxinga. Beco do Bispo. Beco do Teatro.  Beco Estreito. O soturno e tenebroso - hoje rebatizado - Beco do Capitão do Mato. No alto de um morro, sobre uma beta de ouro, Beco Sujo. Entre portas cerradas, janelas encostadas, o olhar entreaberto tudo vê .  O segredo é secreto; todo mundo sabe e ninguém conta, pra ninguém.  Na cidade suspensa, de tão leve desenho, as sacadas de ferro , sem peso,   flutuam no vento, arabescos de ar . Terra de sonho só quer iludir, encantar, enganar. Pra   depois, desmanchar o devaneio, lá isso tem: apito de trem , apito de fáb

Pausas são-joanenses: celebrar é preciso porque a vida não basta!...

São João del-Rei é terra sempre em festa . Assim como o movimento de nosso planeta em torno do Sol demarca o tempo de cada estação,  as comemorações pontuam o calendário são-joanense , como um ponteiro a indicar quando e o que se deve viver - e celebrar - para dar mais sentido à existência. Como disse o poeta Ferreira Gullar, " a arte existe porque a vida é pouco..." Cumpridos o Carnaval, a Quaresma e a Semana Santa, a cidade em breve começa a se preparar para novos ciclos comemorativos, sejam eles de finalidade religiosa, cívica, social ou simplesmente para festejar. Como pausa, na lembrança do ciclo mais recente, um poema de Adélia Prado: Ovos da Páscoa O ovo não cabe em si, túrgido de promessa, a natureza morta palpitante. Branco tão frágil guarda um sol ocluso, o que vai viver, espera. .................................................................................................... PRADO, Adélia - Ovos da Páscoa, in Poesia Reunida . Edições Siciliano.

Semana Santa de São João del-Rei - Procissão do Senhor Morto revive de Adão e Eva a Jesus Cristo

Seria possível juntar, na escadaria da igreja das Mercês de São João del-Rei, milênios de história,  colocando em sequência cronológica Adão e Eva, Abraão, Moisés, Davi, Salomão, Judith, os profetas, a Fé, a Esperança, a Caridade, Samaritana, os apóstolos, a guarda romana da época de Cristo, José de Arimatéia, Nicodemos e muitos outras virtudes e personagens bíblicos? Na Procissão do Senhor Morto, ou Procissão do Enterro do Senhor, de São João del-Rei, sim. Não só eles se concentram ao pé de Jesus crucificado entre dois ladrões , no cenário que reproduz o calvário, quanto desfilam pelas ruas estreitas, curvas e comprida e cumpridas da velha cidade , no ritmo da Marcha da Paixão e ao som de matracas, parando sete vezes para ouvir Verônica cantar seu lamento e mostrar, para todos, estampada em seu sudário, a face ensanguentada de Cristo. A Procissão do Senhor Morto é o ponto alto das celebrações da Semana Santa em São João del-Rei. Sua encenação é tão barroca , de simbolismos tão p

Sexta Feira da Paixão - o dia maior da Semana Santa de São João del-Rei

 Quem puder, não perca. Reserve todo o dia da próxima sexta-feira (22 de abril) para acompanhar as cerimônias religiosas que serão realizadas na Matriz do Pilar de São João del-Rei. Será uma imersão no século XVIII, transitando por um universo de religiosidade, fé, arte, emoção e cultura. As celebrações começam com o Ofício de Trevas , a partir das 8h30. Muito semelhante ao realizado na noite da Quarta Feira de Trevas, consiste no canto orações, salmos e leituras e responsórios, em ritmos musicais que alternam canto gregoriano, música barroca e um ritmo próprio, só existente em São João del-Rei. O Ofício de Trevas dura mais de duas horas e o relógio é um grande castiçal triangular de 15 velas, que gradativamente vão sendo apagadas uma a uma, à medida que a cerimônia vai se completando , até que, atingida a total escuridão, a Orquestra Ribeiro Bastos canta o Christus factus est, o bispo reza o Pai Nosso e o público presente bate com força os pés no chão. Pouco depois do meio-dia

Magias, segredos, encantamentos e mistérios na Semana Santa de São João del-Rei

Período marcado pela religiosidade , a Quaresma e a Semana Santa de São João del-Rei, antigamente, eram um tempo cercado por mistérios indecifráveis .Uma atmosfera de restrições, temores, crenças e superstições predominava entre as pessoas mais simples, por acreditarem que nesta época as relações mágicas entre os universos do Bem e do Mal estavam desequilibradas , afetando os homens, a natureza, enfim a ordem universal. Era comum ouvir dizer que na Quaresma o Diabo estava solto na terra , tentando Jesus e perturbando os homens, provocando o acontecimento de coisas sobrenaturais. Por isso se rezava mais e com mais fervor, se fazia sacrifícios e se impunham diversas restrições. Fantasmas, assombrações, o Inimigo, tudo frequentava livremente o mundo dos vivos, pondo à prova a fé e a fidelidade humana a Deus. Tornando mais fértil a imaginação e a criatividade, facilitava o surgimento de muitas lendas e de um sem fim de crendices, que tornaram-se simpatias e se difundiram amplamente, sen

Semana Santa 2011 - Pange Lingua! Um hino da Quinta Feira Santa em São João del-Rei

Um dia de espírito mais leve, mas com celebrações que acontecem de manhã, de tarde e de noite. Assim é a  Quinta Feira Santa em São João del-Rei. Há em tudo um certo ar de alegria religiosa , principalmene na Missa da Consagração dos Santos Óleos e na primeira parte da Missa da Ceia do Senhor,  diferentemente dos atos litúrgicos que são realizados na Quarta Feira de Trevas, na Sexta Feira da Paixão e na manhã do Sábado de Aleluia. Todos eles são marcados pelo sentimento mais contrito de arrependimento, sofrimento e dor . A Missa dos Santos Óleos , celebrada solenemente pelo bispo no período da manhã, tem a participação de todos os padres da Diocese de São João del-Rei e, em grandes vasos de prata, consagra os óleos que serão utilizados durante todo o ano para ministrar os sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos . À tarde, a Missa da Ceia do Senhor é sempre uma obra musical do tempo da Colônia ou do Império , em geral de compositores da região. Ao Glória, todos os sin

Na Semana Santa de São João del-Rei, sinos já chamam para o Ofício Noturno de Trevas

Em São João del-Rei, várias vezes no dia de hoje, os sinos da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz do Pilar dobram vigorosamente, anunciando que é Quarta Feira de Trevas e chamando a população são-joanense para o Ofício barroco que será realizado à noite, com cânticos, orações e salmos que confortam pela passagem do sofrimento e morte de Cristo.

Ofício de Trevas marca Semana Santa de São João del-Rei

Na quarta feira da Semana Santa,  a partir das 19 horas, a Matriz do Pilar de São João del-Rei estará lotada . Pessoas de todas as idades, são-joanenses, visitantes e turistas, todos em silêncio, acompanhando por duas horas o Ofício de Trevas . A tradição tem mais de duzentos anos e São João del-Rei faz questão de mantê-la, sendo a única cidade do Brasil e do mundo, a preservá-la, quase do mesmo jeito como era realizada no período colonial. Musicalmente , o Ofício de Trevas é uma cerimônia muito sofisticada e rica . Os cantos gregorianos fazem lembrar a oração dos monges nos conventos nos  tempos medievais ; os responsórios barrocos revelam o requinte e o esplendor do tempo do ouro e a música peculiar, só executada nestes ofícios, cheia de curvas e espirais, alegoricamente bem pode ser considerada a  face "rococó" da sonoridade de São João del-Rei. O Ofício de Trevas é uma liturgia densa, dramática . Todo cantado, reúne leituras, lamentações, comentários, salmos, o

Lembranças do Bicentenário da Inconfidência Mineira em São João del-Rei

 Em 1992, o projeto  200 Sonhos de Liberdade , desenvolvido em São João del-Rei para comemorar os duzentos anos da Inconfidência Mineira, incluiu, em sua programação, um evento destinado a - já naquela época - chamar a atenção nacional para a importância de um patrimônio imaterial são-joanense muito singular: o toque dos sinos . Assim, ao meio dia de 21 de abril de 1992, todos os sinos das igrejas do centro histórico de São João del-Rei dobraram em exéquias ao herói Tiradentes.  Na ocasião, uma solenidade cívica (foto acima)  homenageou Tiradentes e Tancredo Neves, no adro da igreja de São Francisco de Assis, com participação de personalidades importantes da vida brasileira, entre elas o então vice-presidente Itamar Franco, Dona Risoleta Neves, o cardeal Dom Lucas Moreira Neves e o governador Eduardo Azeredo. ............................................................. Sobre o mesmo tema, leia também http://www.diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br/2012/04/na-sao-joa

Na Semana Santa de São João del-Rei, Ofícios de Trevas confortam Jesus e os fiéis

Daqui a duas noites, na próxima quarta-feira, dia 20, São João del-Rei está vivendo uma das mais tradicionais, conhecidas e esperadas cerimônias de sua Semana Santa: o Ofício de Trevas. Singular e ímpar em todo o mundo , foi composto pelo compositor são-joanense Padre José Maria Xavier e é executado na cidade há mais de duzentos anos , na Quarta Feira Santa, na Sexta Feira da Paixão e no Sábado de Aleluia. O Ofício de Trevas dura aproximadamente duas horas, é todo cantado e sua parte musical mistura responsórios barrocos, canto gregoriano e música própria esta celebração. Composto de duas partes - Matinas e Laudes - o Ofício de Trevas entoa orações, leituras e cantos que rememoram e refletem sobre a Paixão de Cristo, as lamentações do Profeta Jeremias, vários Salmos,  e leituras de texto de doutores da Igreja, como Santo Agostinho. Na tradição local, sugere-se que aquelas orações  expressam os sentimentos que animaram e confortaram Jesus durante os últimos dias de sua vida . Ju

Contrição barroca extremada na Semana Santa de São João del-Rei

Para vivenciar um pouco a densidade trágica extremada e a força barroca  da Missa de Ramos celebrada em São João del-Rei nesta manhã, conheça - em latim e em português - o texto de dois cantos sacros tradicionais   (composição do são-joanense Padre José Maria Xavier?)  executados pela Orquestra Ribeiro Bastos: (Durante a subida do bispo e celebrantes ao altar)   Domine, ne longe fácias auxilium tuum a me Ad defensiónem meam aspice / libera me de ore leónis et a córnibus unicórnium humilitátem mean. (Senhor, não retireis de mim o vosso auxílio vinde em meu socorro / livrai-me da boca do leão e salvai minha pobre vida dos chifres dos unicórnios.) ................................... (Durante o Ofertório)   Impropérium exspectávit dor meum, et misériam: et sustinui qui simul mecum contristarétur, ent non fuit: consolátem me quaesívit, et non invéni: et dedérunt in éscam mean fel, et in siti mea potavérunt. ( O opróbrio e as humilhações me dilaceram o coração: esperei que alguém se com

Semana Santa 2011 - É Domingo de Ramos em São João del-Rei

Hoje, o domingo começa diferente em São João del-Rei. É Domingo de Ramos , que abre a Semana Maior. Daqui a pouco, por volta das 8 horas, os sinos da igreja do Rosário, do alto de suas torres, dobram supremos sobre os das demais igrejas, repetindo secularmente um toque barroco que só é feito neste dia do calendário litúrgico : o domingo que lembra a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. Entrada triunfante? Para quem muito se envolve com a Semana Santa de São João del-Rei, não é bem assim. O Domingo de Ramos tem em seu ar, em sua temperatura, em sua luz, uma densidade de angústia e um clima de infortúnio . É dia de festa, de glória, mas não tem alegria. Lembrando Crônica de Uma Morte Anunciada , de Gabriel Garcia Marques , em tudo se respira a predestinada Paixão, o prenúncio da morte de Cristo . O toque dos sinos, a expressão da face da imagem do Senhor do Triunfo, as antífonas, os ofícios, o canto do Evangelho segundo São Mateus - em tudo há o torpor e a emoção de uma dor q

A Semana Santa de São João del-Rei pelo mundo afora. Tão longe, tão perto ...

É comum pensar que pouco registro existe da riqueza cultural viva de São João del-Rei . Que poucos são os trabalhos que documentam as tradições religiosas, nos aspectos estéticos, artísticos, sociológicos e antropológicos. Isto é engano, felizmente!... Navegando na internet, é fácil encontrar  grande número de documentários, audiovisuais, apresentações, clips e imagens estáticas e em movimento, com e sem som, registrando procissões, ofícios, toques de sinos, vias sacras, novenas e um sem-fim de manifestações e rituais são-joanenses. Tudo produção autônoma , ou como se dizia antigamente, "produção independente". Entretanto, por estarem dispersas devido à falta de uma instituição que as catalogue e divulgue , é que se tem a falsa idéia de que é inexpressiva a produção documental visual da cultura material e imaterial de São João del-Rei. Apesar de já existirem alguns esforços autônomos neste sentido (registre-se o trabalho da Atitude Cultural e mesmo deste almanaque eletrô

Semana Santa em São João del-Rei: tempo de acender chamas, reavivar brasas, iluminar amizades....

É tradição dos são-joanenses passar a Semana Santa em São João del-Rei . Rever a família, reencontrar os amigos, mas, principalmente, beber na fonte das tradições da Semana Santa para reavivar referências culturais que norteiam o seu pensar, sentir e viver. Quando retornam à cidade, nesta época, é sensação dos são-joanenses que o tempo não passou . Que ninguém envelheceu. A paisagem da infância re-encontrada, vivificada no ambiente sacro das procissões, faz crer que somos todos meninos , senhores daquelas ruas, daqueles largos, mas também dos becos . Cúmplices dos mesmos sonhos, heróis das mesmas esperanças, devotos da mesma utopia. . Quem mora em São João del-rei, vive a Semana Santa. Quem volta à cidade, revive -a. Isto muito contribui para que a Semana Santa de São João del-Rei não perca sua autenticidade de cultura viva , mas, ao contrário, preserva-a dos riscos de tornar-se cultura-espetáculo , representação para turistas, ou, no ditado popular, " para inglês

Você quer ver como era a Semana Santa de São João del-Rei há mais de cinquenta anos?

São João del-Rei é fiel a seu passado e , há trezentos anos guarda, com zelo e gozo, suas tradições religiosas . Se na paisagem urbana do centro histórico houve algumas perdas e descaracterizações, em contrapartida a cultura viva permaneceu quase inalterada . Isto é raro, pois, grosso modo, cultura imaterial é patrimônio frágil, fácil de ir se transformando de geração em geração, até afastar-se completamente de sua origem para tornar-se irreconhecível e ser extinto, desaparecer. Desde o século XVIII até nossos dias, a cultura são-joanense é passada de pai para fílho mas - especialmente nos últimos anos -  vem sendo transmitida dos "mayores" para os mais jovens , independentemente de laços familiares e por amor à tradição. Nas irmandades, nas orquestras, nas torres dos sinos é assim. Deste modo, mesmo originária do período colonial, a cultura de São João del-Rei continua viva, atualizada, contemporânea. Há muito tempo o Brasil tem esta consciência em relação à nossa ci

Na Semana Santa de São João del-Rei, hoje tem Procissão das Lágrimas

No anoitecer desta sexta-feira, 15 de abril, o espírito de São João del-Rei, religiosamente, se perturbará , em silêncio, para dentro da própria alma. Será a noite da Soledade de Nossa Senhora , quando acontecerá a Procissão das Lágrimas , nome hoje em desuso, mas muito adequado para o que se rememora: a volta da mãe de Jesus do Monte Calvário para casa, relembrando todo o sofrimento do filho e vivendo, resignada e na plenitude, a própria dor. O andor de Nossa Senhora das Dores que circulará as ruas do centro histórico de São João del-Rei nesta noite é absolutamente austero, quase árido . Apenas arnica - planta medicinal usada em infusão no alcool para aliviar dores musculares, entorses e contusões - discretamente se espalha sobre a madeira, desprovida de sanefas roxas e galões dourados. Nossa Senhora vai envolta apenas de solidão e dor , parando contemplativa nas cinco capelas-passo da Paixão. Em cada uma, a Orquestra Ribeiro Bastos canta  motetos saudosos, vários deles inspira

Inconfidência Mineira: São João del-Rei tem sonhos de liberdade. Ressuscita-os!

São João del-Rei tem orgulho de ser berço da Inconfidência Mineira . Em 1746, na então Vila de São João del-Rei, nasceu e foi batizado o herói Tiradentes . Também aqui nasceu e foi batizada, na matriz  do Pilar, Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira , assim como nesta cidade, à época, viveram alguns inconfidentes. Em 1992 , quando nacionalmente se comemorava o Bicentenário da Inconfidência Mineira , para homenagear a memória do herói Tiradentes, São João del-Rei desenvolveu o projeto 1792 - 1992: 200 sonhos de Liberdade , declarando  a gratidão da terra natal ao filho ilustre  e materializando este reconhecimento  com um marco de pedra , assentado no Largo Tamandaré, em frente ao Museu Regional. Realizada às 10 horas da manhã do dia 21 de abril daquele ano, a solenidade foi prestigiada por importantes autoridades civis, militares e eclesiásticas, entre elas o cardeal Primaz do Brasil, Dom Lucas Moreira Neves; o então vice-presidente da República, Itamar Franco; o procurador ge