No anoitecer desta sexta-feira, 15 de abril, o espírito de São João del-Rei, religiosamente, se perturbará, em silêncio, para dentro da própria alma. Será a noite da Soledade de Nossa Senhora, quando acontecerá a Procissão das Lágrimas, nome hoje em desuso, mas muito adequado para o que se rememora: a volta da mãe de Jesus do Monte Calvário para casa, relembrando todo o sofrimento do filho e vivendo, resignada e na plenitude, a própria dor.
O andor de Nossa Senhora das Dores que circulará as ruas do centro histórico de São João del-Rei nesta noite é absolutamente austero, quase árido. Apenas arnica - planta medicinal usada em infusão no alcool para aliviar dores musculares, entorses e contusões - discretamente se espalha sobre a madeira, desprovida de sanefas roxas e galões dourados.
Nossa Senhora vai envolta apenas de solidão e dor, parando contemplativa nas cinco capelas-passo da Paixão. Em cada uma, a Orquestra Ribeiro Bastos canta motetos saudosos, vários deles inspirados nas lamentações do profeta Jeremias. O mistério é tamanho que, quem se compenetrar, terá a impressão que o canto não quer transpassar o silêncio nem se espalhar pela noite. Muito envolvimento, respeito e fé. As celebrações dos Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Setenário das Dores e a Semana Santa de São João del-Rei tem estas coisas.
Antes de recolher-se por mais um ano na catedral basílica de Nossa Senhora do Pilar (vídeo abaixo), Senhora das Dores pára diante do grande oratório da Piedade e, como a mirar-se a si própria em espelho imaginário, contempla a outra imagem, que está no alto do altar, ao pé da cruz, com Cristo morto em seu colo. Esta, portuguesa, veio para São João del-Rei no século XVIII.
Até alguns anos atrás, somente na sexta feira da Soledade o Passinho da Piedade era aberto. Agora, ele fica aberto para contemplação de fiéis e turistas também na Quinta Feira Santa e na Sexta Feira da Paixão. Mas não é a mesma coisa, pois nestes dois dias o oratório é como um belo e grande retrato na parede da paisagem do Largo do Rosário. Não tem a função de espaço sagrado que desempenha na Procissão das Lágrimas.
O andor de Nossa Senhora das Dores que circulará as ruas do centro histórico de São João del-Rei nesta noite é absolutamente austero, quase árido. Apenas arnica - planta medicinal usada em infusão no alcool para aliviar dores musculares, entorses e contusões - discretamente se espalha sobre a madeira, desprovida de sanefas roxas e galões dourados.
Nossa Senhora vai envolta apenas de solidão e dor, parando contemplativa nas cinco capelas-passo da Paixão. Em cada uma, a Orquestra Ribeiro Bastos canta motetos saudosos, vários deles inspirados nas lamentações do profeta Jeremias. O mistério é tamanho que, quem se compenetrar, terá a impressão que o canto não quer transpassar o silêncio nem se espalhar pela noite. Muito envolvimento, respeito e fé. As celebrações dos Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Setenário das Dores e a Semana Santa de São João del-Rei tem estas coisas.
Antes de recolher-se por mais um ano na catedral basílica de Nossa Senhora do Pilar (vídeo abaixo), Senhora das Dores pára diante do grande oratório da Piedade e, como a mirar-se a si própria em espelho imaginário, contempla a outra imagem, que está no alto do altar, ao pé da cruz, com Cristo morto em seu colo. Esta, portuguesa, veio para São João del-Rei no século XVIII.
Até alguns anos atrás, somente na sexta feira da Soledade o Passinho da Piedade era aberto. Agora, ele fica aberto para contemplação de fiéis e turistas também na Quinta Feira Santa e na Sexta Feira da Paixão. Mas não é a mesma coisa, pois nestes dois dias o oratório é como um belo e grande retrato na parede da paisagem do Largo do Rosário. Não tem a função de espaço sagrado que desempenha na Procissão das Lágrimas.
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* Serviço *
15 de abril - Às 19h, na Matriz do Pilar, missa com participação da Orquestra Ribeiro Bastos e, em seguida, Procissão das Lágrimas, pelas ruas do centro histórico.
Ilustração: imagem portuguesa de Nossa Senhora da Piedade, exposta no passinho do Largo do Rosário. Reprodução editada (detalhe) de foto contida em antigo folder do Museu de Arte Sacra de São João del -Rei
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Matérias cada vez melhores! De novo, parabéns! Continuo acompanhando! Abraços
ResponderExcluirObrigado Paulo. Na verdade, a "matéria prima" que é boa. Bom domingo!
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