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Mostrando postagens de janeiro, 2011

São João del-Rei: do barro ao barroco

A versatilidade e a criatividade dos artistas são-joanenses mostram como o universo mítico-cultural de São João del-Rei é generoso para quem se expressa por meio da arte. Esta é a conclusão a que chega quem conhece   a produção do artista Marcos Mazzoni , nascido em 1932 e reconhecido nacional e internacionalmente por suas o br as em museus br asileiros e europeus. Marcos Mazzoni, tempos atrás, participou da Bienal Internacional de São Paulo e do Salão de Arte Internacional de Bruxelas, na Bélgica. Em nossa cidade, uma exposição individual temática so br e a Inconfidência Mineira integrou a programação do projeto 1792 – 1992: 200 sonhos de liberdade , alusiva ao bicentenário do sacrifício de Tiradentes. Nela, entre 15 de a br il e 15 de maio de 1992, no Museu Regional, Mazzoni expôs esculturas em cerâmica, pinturas, instalações, símbolos e objetos, reverenciando um dos mais importantes movimentos libertários do país. Na ocasião, ele confessou que sua linguagem escultórica se i

São João del-Rei "sobre importâncias"

Daqui a alguns dez minutos será domingo. Dia que nos lembra o descanso de Deus, depois de criar céu, terra e tudo que neles há. Antigamente, o domingo era marcado por missa, almoço em família, guaraná, tutu, macarronada com queijo ralado, frango ao molho, visita aos parentes, passeio na avenida. Quem, entre os antigos, nunca foi, tempos atrás, em passeio ao alto do Cristo, soltar papagaios coloridos, chupar laranja e espiar a cidade, na lerdeza dominical e azul das três da tarde? Hoje, para muitos, tempos  duros e desiguais, mesmo em São João del-Rei há quem não descanse nunca. Para muitos, mesmo em São João del-Rei, o trabalho não tem pausa. Nem aos domingos. Há até quem nem perceba que é dia de folga, Dia do Senhor. Mas no fundo do peito, há em todos um sentimento dormente, pulsando como um sonho de fim e recomeço. Como um desejo de paz, poesia e música. Para todos vão, abaixo, um poema e uma canção, com cheiro de domingo... Sobre importâncias* (Manoel de Barros) Um fotógrafo-

Guardar São João del-Rei. Inclusive no coração, mas aos olhos do mundo!

A ntes de ser cidade , São João del-Rei é sentimento. Como tal, mesmo antes do tempo, sempre existiu, abissal para quem a sabe. Mui preciosa, nela, em arcas, cofres, baús e silêncios, tudo se promete guardar:  tradições coloniais, patrimônios culturais,  memórias, conhecimentos, informações, saberes. Guardar lembranças, sonhos, esperanças, tristezas, segredos, mágoas, mistérios, prazeres ... Mas o que é guardar? Até que ponto o retirar do dia a dia, da vista de todos, e ocultar até de si mesmo, com equivocado zelo, protege e garante perpetuidade? Refletindo sobre isso, o poeta Antonio Cicero , irmão da cantora Marina Lima e parceiro musical de grandes artistas, como por exemplo do mineiro João Bosco, assim escreveu no poema   Guardar " Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre fechado não se guarda nada. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Gua

Rua da Música em São João del-Rei

Em São João del-Rei, a música mora na Rua Santo Antônio. Lá, misturada a jasmins br ancos, ela salta de velhos muros, pra conversar com o solitário sino, que dia e noite vive de br uçado na mais alta janela da igrejinha do santo milagroso, que ajeita casamentos e ajuda a encontrar coisas perdidas. Duvida? Da bucólica, estreita e sinuosa Rua Santo Antônio, a música sai, ora trágica e lastimosa, ora lépida e fagueira, ora exultante e primaveril, para ofícios, novenas, missas, Te Deums , retretas, concertos; sobe ao coro de igrejas, acompanha procissões, se detém nas praças e largos, exibe-se em teatros, coreto e auditórios. Imagine: vai até a cemitérios... Bem depois que a clave de sol se põe atrás da Rua do Ouro, na Serra do Lenheiro, violinos, flautas, clarinetes, trompas, tímpanos e tubas dormem, na sede das orquestras Lira Sanjoanense,  Ribeiro Bastos e da Banda Teodoro de Faria. À luz da lua de prata, as notas sonham na pauta, ressonando Glória in excelsis Deo . Na Rua Santo Anton

São João del-Rei tem 'mania de rebordar o passado'

Muitos e belos textos falam sobre São João del-Rei, mas em sua maioria essas obras são manifestações espontâneas e, por isso, estão dispersas. Como não vieram a público, acabam pouco conhecidas dos são-joanenses, o que é uma pena. O texto abaixo é um precioso exemplo. Escrito pelo então estudante de Publicidade e Propaganda  na UNIPAC Barbacena e integrante do grupo teatral "Ponto de Partida", Marcos Faria de Oliveira , mais do que uma belíssima homenagem, é verdadeira declaração de amor a Minas Gerais e a São João del-Rei. Digna de aplausos. Como são-joanense, agradeço ao autor: Valeu, Marcos, obrigado! Minas e suas vozes " Entre ferrovias e sinos de verdades incontestáveis, sobressai entre montanhas e vilarejos um ponto chamado Minas, que nas Gerais absorve em seu cotidiano palavras escondidas nas varandas das casas. Entre nomes curtos de pessoas e mundos, a qualquer segundo, as ferraduras de um cavalo pode tirar sua atenção daquela história que seu avô contou

As minas del rei São João

São João del-Rei já desfilou no sambódromo do Rio de Janeiro, como destaque no carnaval carioca. Isso mesmo, em 2006 nossa cidade foi o tema levado para a Marquês de Sapucaí pela Escola de Samba União da Ilha do Governador, com o enredo As minas del rei São João , do carnavalesco Jack Vasconcelos. O samba conta a história de uma pessoa que, tendo visitado São João del-Rei, se apaixonou pela terra e, de tanto encanto, resolveu declarar esse fascínio para o universo do samba. A letra passeia da descoberta do ouro à construção da Nova República; da Inconfidência Mineira às Diretas Já, sem deixar de lado a tradição barroca, as manifestações de cultura popular, a culto à arte, as crenças, crendices e lendas que constituem a peculiar cultura são-joanense. Confira a letra do samba-enredo*: Reluz no teu olhar axul, vermelho e br anco Que me faz sonhar. O ouro seduziu O aventureiro insulano que partiu Eh! Eh! Minas Gerais Seu Eldorado tem magia e muito mais O Quinto é dos

Guardiões do Patrimônio de São João del-Rei

Em São João del-Rei, a cultura anda pelas ruas, tão natural e despretensiosa que até correria o risco de não ser reconhecida e, distraída, se perder, entre becos e esquinas. Mas a cultura de São João del-Rei tem guardiões, que cuidam dela como quem   protege um filho, contempla a namorada, se esquece nos br aços da amante, acaricia uma lem br ança ou uma saudade. Quem são estes guardiões que, com zelo devocional, mantêm viva a cultura são-joanense, revigorando-a a cada dia, preservando-a do tempo e eternizando-a, com a maior singeleza e simplicidade? São os Guardiões do Patrimônio : pessoas que se dedicam a fazer o que sabem, mas sabem tão bem e fazem tão bem que esse saber e esse fazer viraram o próprio ser. Assim, os Guardiões do Patrimônio são o próprio patrimônio, por fundirem no ser o saber e o fazer. Quer conhecer alguns destes guardiões da cultura de São João del-Rei? Kátia Lombardi generosamente nos apresenta no projeto, Guardiões do Patrimônio , que fala por si, em portugu

São João del muitas faces

No conjunto das cidades históricas mineiras, cada vez mais São João del-Rei é reconhecida pelas suas particularidades, que vão além do paisagismo urbano colonial  e da arquitetura monumental das igrejas, pontes e outros monumentos. São João del-Rei se constitui de um dinamismo cultural espontâneo, que faz parte e ao mesmo tempo é produto do dia  a dia dos são-joaneses. Peculiaridades da cultura local - exatamente aquelas que dão vida e singularizam nosso patrimônio material - como a música barroca, as tradições religiosas, as manifestações populares e folclóricas, a linguagem dos sinos e, mais recentemente, o turismo de aventura, estão se tornando tão destacadas quanto os fatos históricos comumente registrados na arquitetura, no urbanismo e no paisagismo das cidades setecentistas. Em São João del-Rei, a cultura é produto natural do viver, é resultado do cotidiano, e isso garante à cidade personalidade muito própria e de certo modo até lhe protege da espetacularização e da pasteuriz

São João del-Rei, herdeira de Minas

De novo é domingo. Dia do Senhor, mas também de descanso e generosidades, que vão da mesa farta e demorada do almoço à cordialidade sincera posta sobre a mesa na forma de arroz doce, goiabada cascão, doce de leite, de abóbora, de mamão verde, compotas de figos e de pêssegos em calda. Coisas de Minas. Aliás, sobre este nosso Estado, Adélia Prado escreveu: "Minas, tantas há por aqui, subterrâneas ou à flor da pele, que bem achado foi apelidá-las Gerais. Minas Gerais, quase meio triste em seu muito silêncio, veza de melancolia, macambuzeira, mofina, quase alegre de ipês no seu agosto amarelo. Tão contida chora o alegre, tão contida canta o triste, dança como alforriada, o sapateado é sério, pedindo sempre licença, tirando sempre o chapéu, cheios de curva os casos, os entre parêntesis finórios contam pecados barrocos e santidades extáticas se rindo pra dentro, mais esperta do que sobrou do resto do mundo. Que boa fatalidade ser herdeiro de Minas, ter por riqueza s

Mário de Andrade fotografa São João del-Rei

O modernista Mário de Andrade,  visitando as cidades históricas de Minas com outros intelectuais e artistas, como desdobramento da Semana de Arte Moderna de 1922 -especialmente buscando conhecer a identidade nacional - esteve em São João del-Rei e encantou-se com a paisagem urbana, com os monumentos e com as igrejas são-joanenses. Contemplando nossa igreja de São Francisco de Assis (na reprodução, detalhe da portada)  ele escreveu: " As igrejas do Aleijadinho não se acomodam com o apelativo de "belo". (...) São muito lindas, são bonitas como o quê. São dum sublime pequenino, dum equilíbrio, duma pureza tão bem arranjadinha e sossegada, que são feitas para querer bem ou para acarinhar, que nem canções nordestinas . " Fonte: SANTANNA, Afonso Romando de in Barroco, alma do Brasil. Comunicação Máxima, RJ, 1997.

Agora, já é São João del-Rei Momo!

Passado o Dia de São Sebastião, definitivamente encerrou-se o ciclo do Natal. Daqui pra frente, quem assume o comando é Rei Momo e, então, todas as energias de São João del-Rei começam a se mobilizar para o Carnaval, que este ano, tardiamente, será em março. Já no embalo da folia, Tencões e terentenas lembra um samba-enredo que deveria ser o segundo hino de São João del-Rei. Ser ensinado e aprendido nas escolas e estar na ponta da língua de todo são-joanense. Estamos falando de “ Heróis da Liberdade ”, composto por Mano Décio da Viola e  Silas de Oliveira para a Escola de Samba Império Serrano em 1969. Vivendo um dos períodos mais cruéis da ditadura Militar brasileira, o povo sofria todo tipo de censura, torturas e desaparecimentos. Mais do que rememoração  e homenagem musical a capítulos importantíssimos da História nacional, com destaque para a Inconfidência Mineira, é um tributo aos movimentos libertários de nosso pais. Por isso, especialmente para nós, são-joanenses, é tanto u

São João del-Rei em festa: é dia de São Sebastião!

Hoje, 20 de janeiro, é dia de São Sebastião. Conforme dissemos na postagem Em São João, viva São Sebastião! (10/jan) , é uma festa importante no calendário religioso de São João del-Rei. Em tempos passados deve ter sido ainda mais imponente, considerando a riqueza litúrgica que conseguiu chegar até nossos dias: toques de sino especiais, novena com composição barroca própria e requintada procissão, com foguetório e banda de música. Tão forte é o " guerreiro protetor contra a fome, a peste e a guerra" que volta e meia se vê pessoas descalças, pagando promessas, e crianças vestidas como o santo, geralmente agradecendo recuperação da saúde. Se você estiver em São João e puder, dê uma espiada na procissão, que geralmente faz o percurso Matriz do Pilar, igreja das Mercês, Largo da Cruz, igreja do Carmo, Matriz do Pilar. São particularidades o ritmo apressado, o acompanhamento da Folia de São Sebastião e a predominância da cor vermelha, nas flores que enfeitam o andor (foto do a

Com quantas letras se escreve São João del-Rei?

São João del-Rei é amiga das letras, mas podemos dizer que esta amizade andou fragilizada em um tempo recente, quando a cidade ficou sem ter, sequer, uma livraria. Felizmente, permaneceu vivo – e continua até hoje! – o sebo Ponto Literário , que funciona na Rua Sebastião Sette, no meio do caminho entre o “calçadão” e a igreja do Carmo. Desde o nome de duplo sentido, muito apropriado, até seu conteúdo, o Ponto Literário é um espaço interessante, onde se encontra um acervo considerável, que vai de HQs a o br as de grandes autores, revistas antigas, coleções, romances e títulos diversos. Também no Ponto Literário é possível passear pela música popular br asileira, nos vinis antigos e CDs usados que estão à venda. Para deleite dos leitores e estudantes, desde dezem br o a cidade conta com uma livraria , no Centro Cultural da Orquestra Popular Livre. Instalada no Solar da Baronesa, com entrada pela Rua Getúlio Vargas, 242, a livraria funciona de quinta a domingo, a partir das 19 horas;

Um hospício em São João del-Rei?

Isso mesmo. São João del-Rei foi uma das três primeiras vilas mineiras a ter o Hospício da Terra Santa, instalado em 1740. Mas que hospício era esse e a quem se destinava? Bem, os Hospícios da Terra Santa eram residências temporárias dos frades da Ordem de São Francis co de Assis, que se dedicavam a pedir esmolas para a conservação dos Lugares Santos, em Jerusalém. Conta a História que, depois das Cruzadas, São Francis co foi ao Oriente e conseguiu, do sultão do Egito, autorização para os franciscanos cuidarem dos santuários cristãos, com exclusividade para o Santo Sepulcro, o Monte Sião e Belém. Como em Minas Colonial era proibido o estabelecimento de conventos, os “frades de cordão” conseguiram permissão para o instituir hospícios, que se diferenciavam dos conventos por serem residências temporárias para frades esmoleres se hospedarem e descansarem nos trajetos de suas viagens pelo sertão. Nos hospícios, apenas os empregados eram permanentes. Outra diferença em relaçã

São João del-Rei e Pitangui – Juntos vamos mais longe!

Quando os objetivos são grandiosos, toda parceria é benéfica e traz bons frutos. Quem ganha com isso é sempre a sociedade. Certamente é pensando assim que o blog   http://daquidepitangui.blogspot.com / tem incentivado e apoiado a divulgação deste Tenções & terentenas – Direto de São João del-Rei desde o momento inicial de sua criação. Tencões & terentenas agradece este apoio valioso, que nos faz sentir compadres na afinidade e no zelo por nosso afilhado comum: a cultura e a memória de Pitangui e de São João del-Rei; lapidadas pedras preciosas do brilhante tesouro de Minas Gerais.

Passeio sonoro por São João del-Rei, numa manhã de domingo

Em São João del-Rei, quem mora nas imediações do centro histórico e acordou cedo, certamente desde as 8 e meia foi presenteado com um concerto espontâneo dos muitos sinos são-joanenses, tocando sequencialmente em chamada para as missas dominicais. Para quem mora mais longe ou, se deliciando nas baladas, bares e festas, preferiu ficar na cama entre amores e cobertores, aí vão algumas notas dos sinos locais, na matéria que noticiou o registro desse bem cultural como patrimônio imaterial. http://www.youtube.com/watch?v=pOvU4jI6BOk&feature=related Para uns e para outros, bom domingo!

Nhá Chica - "Serva de Deus": do Rio das Mortes à Corte Celestial

A Rede Globo noticiou, na noite desta sexta-feira, que o Papa Bento XVI anunciou hoje o reconhecimento das "virtudes heróicas" de Nhá C hica , encurtando o caminho para o processo de beatificação da são-joanense denominada 'Serva de Deus'. Fé, crenças e questões religiosas à parte, o que a beatificação de Nhá Chica representará em termos de autovisão, repercussão, visibilidade externa positiva e elevação da auto-estima dos são-joanenses? Na internet já circulam vídeos que procuram construir fortes vínculos entre a santidade de Nhá Chica e algumas cidades onde ela viveu -  ligação que, com certeza, renderá bons dividendos turísticos. Existe, em São João del-Rei, mais especialmente no distrito do Rio das Mortes, algum movimento para valorização e visibilização da naturalidade de Nhá Chica? Diante de tão grandes apertos e das angústias atuais, tomara que logo possamos contar com mais esta aliada celestial e, o mais breve possível, em preces e ladainhas, pedir: Nhá

Contagem regressiva para os 300 anos da Vila de São João del-Rei

Se existem variações locais quanto à divulgação do ano que é considerado início da formação do Arraial Novo do Rio das Mortes, célula mater de São João del-Rei, documentos coloniais não deixam dúvidas quanto ao ano em que se deu sua elevação à categoria de vila: 1713 * . Sendo assim, daqui a dois anos o fato estará completando 300 anos. É uma idade memorável, principalmente considerando que o surgimento da grande maioria das cidades brasileiras se deu a partir da segunda metade do século XIX e de grande parte do século XX. Um marco tão importante de nossa história não pode passar em br anco e é provável que tanto o poder público são-joanense quanto o universo cultural da cidade já estejam empenhados – e até adiantados – em preparar e fazer acontecer uma programação específica para comemorar o feito. Afinal, todos sabemos, o tempo corre rápido, como fogo morro acima e água morro abaixo... Mas como a história é patrimônio coletivo e, portanto, produto da ação e propriedade de todos (i

Berimbaus, tamborins, sinos e violinos de São João del-Rei

Quando, nos anos 90, residiu em São João del-Rei para pesquisar, estudar e analisar alguns aspectos da cultura e particularidades do viver em nossa terra, o saudoso antropólogo Micênio Santos, entre outras constatações, comparações e considerações, em relação à sonoridade são-joanense, chegou à seguinte conclusão: " O berimbau está para os baianos,  assim como o tamborim para os cariocas e os sinos - e os violinos - para os são-joanenses. "

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura (2)

Na postagem de ontem, falamos sobre os prejuízos que as chuvas têm causado às cidades brasileiras, fato que hoje foi o tema central de todos os noticiários do dia, principalmente pela tragédia das inundações e deslizamentos que vitimaram habitantes de São Paulo (capital e interior) e da região serrana do Rio de Janeiro, especialmente de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Pensando em São João del-Rei, falamos sobre a importância de a população são-joanense colaborar, não jogando lixo nas ruas e nem acumulando em áreas impróprias, para que, não sendo arrastados pelas enxurradas, não entupam bueiros, bocas de lobo nem canais de escoamento das águas pluviais. E também não obstruam nem dificultem o fluxo dos córregos e rios. Cada um fazendo a sua parte, lembramos como pode ser simples e eficaz a colaboração dos comerciantes,  mantendo limpos a porta, a calçada e o entorno de suas lojas. Neste sentido, vale a pena acessar o link abaixo e assistir a uma reportagem que fala sobr

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura

Irmãs de São João del-Rei, as cidades coloniais de Goiás (antiga Goiás Velho), no estado de Goiás, e São Luiz do Paraitinga, no estado de São Paulo, nos últimos anos foram fortemente castigadas pelas chuvas. Em todas duas, foram grandes os prejuízos causados ao patrimônio arquitetônico, documental  e museológico situado nos centros históricos e imediações, com as águas inundando edificações seculares, levando pontes, derrubando casarões e igrejas. Este ano, o volume da água das chuvas já elevaram os níveis dos rios Vermelho (GO) e Paraitinga (SP), invadindo casas e alarmando a população das duas cidades. Felizmente, na região central de São João del-Rei, não temos história semelhante. A larga margem mantida ao longo do Córrego do Lenheiro, no centro da cidade, foi urbanisticamente calculada, planejada e construída levando em conta o aumento do volume do córrego durante as cheias. Com isso, muito raramente, a correnteza ultrapassou as muretas, que para nós são o "cais".

Em São João del-Rei, a cultura e a música de braços abertos para a vida

C omo é bom ver que, a cada dia, São João del-Rei mais se consolida como pólo de arte e cultura. Não da arte apenas como espetáculo, mas principalmente da cultura como elaboração do modo de ver, registrar e viver o mundo pelos são-joanenses, para depois revê-lo, reinventá-lo e revivê-lo, com mais viço e vigor. Prova disso é a recente inauguração do Centro Cultural da Orquestra Popular Livre . Instalado em um espaço nobre - o Solar da Baronesa, perto da Rua da Cachaça e em frente à igreja do Carmo -, o Centro Cultural nasceu dos ideais e da persistência de músicos empreendedores. Quem ganha com isso são são-joanenses e turistas, pois o espaço de criação e aperfeiçoamento oferece cursos de música, lutheria, oficinas, livraria, biblioteca, exposições e, advinhem!, até um café. Isso mesmo, o Baronesa Café . Vista privilegiada, refinada música ao vivo, papos interessantes, petiscos saborosos, drinks tentadores. Ali, a cultura, a música e a vida estão de braços abertos pra quem chegar!

Em São João del-Rei, desde já, viva São Sebastião!

São João del-Rei começa amanhã, dia 11, a festejar São Sebastião. A expressão que a festa tem no calendário litúrgico da cidade leva a crer que,   em outros tempos, o “fiel escudo protetor contra a fome, a peste e a guerra” era muito importante na região, pois deu nome, inclusive, a um distrito da cidade -São Sebastião da Vitória. Me lem br o que antigamente tinha até barraquinha e leilão. Ainda hoje, nos nove dias que antecedem 20 de janeiro, na Matriz do Pilar, tem toque de sino próprio, ao meio-dia e à hora do Ângelus, em homenagem ao mártir. Ao anoitecer, depois da missa, novena completa, com orquestra e pregação so br e a vida do santo. Seria interessante se, nessas palavras, o pregador contextualizasse o culto a São Sebastião na história de São João del-Rei, falando so br e sua origem, que seguramente vai remontar ao século 18. Há dois anos, depois de algum tempo, tive oportunidade de ver novamente a procissão de São Sebastião. Curta, rápida e br eve, tinha aspecto marcial. Ba

São João del-Rei & Carlos Dummond de Andrade

O grande poeta Carlos Drummond de Andrade assim percebeu São João del-Rei e registrou no poema Lanterna Antiga , publicado em seu primeiro livro Alguma Poesia , lançado em 1930:         " Quem foi que apitou?           Deixa dormir o Aleijadinho, coitadinho.           Almas antigas que nem casas.          Melancolia das legendas.                As ruas cheias de mulas-sem-cabeça                 correndo para o Rio das Mortes                   e a cidade paralítica                      no sol                        espiando a sombra dos emboabas                           no encantamento das alfaias.              Sinos começam a dobrar.              E todo me envolve              uma sensação fina e grossa. " Vale notar que, para o poeta, uma das características mais marcantes de nossa terra é a sonoridade - sinal de vida - evidência de ação, dinâmica e movimento - marca de outrora e do presente. ............................................................

Cônsul da Rússia visita São João del-Rei

Com o apoio do czar russo Alexandre I e de autoridades brasileiras, o Cônsul Geral da Rússia na Cidade do Rio de Janeiro, Georg Heinrich von Langsdorff, veio a São João del-Rei, chefiando uma expedição científica composta por zoólogo, botânico, astrônomo e pelos artistas (desenhistas) Joham Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hercules Florence. A visita a nossa cidade, que começou com a chegada a São João del-Rei no dia 6 de junho de 1824, durou quase dois meses e rendeu importantes estudos naturalistas, paisagísticos, humanos e sociais. Parte dos originais desses registros, que atualmente pertencem ao Arquivo e ao Museu de Antropologia e Etnografia da Academia de Ciências de São Petersburgo, esteve novamente no Brasil de fevereiro a setembro do ano passado, em exposição montada no Centro Cultural Banco do Brasil, nas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Pena que sequer reproduções de partes da exposição foram levadas às cidades por onde a Expedição Langsdorff passou..

De qualquer lugar do mundo a São João, com apenas um clique

De qualquer lugar do mundo você   pode passear pelas ruas de São João del-Rei, apreciar detalhes das casas, monumentos e igrejas, pelos mais variados ângulos, atravessar as pontes e parar nos largos e jardins, tudo sem sair da frente de seu computador. Isto porque, desde setembro do ano passado, São João del-Rei é uma das poucas cidades brasileiras agraciadas com esse serviço, prestado pelo Google Street View. Basta acessar http://maps.google.com/ , seguir as instruções informadas e mover o mouse para se deslocar, na paisagem, na direção e no ângulo que desejar. Assim você passeará pelo Largo de São Francisco, atravessará a Ponte do Rosário, caminhará pela Rua Santo Antônio, Largo do Rosário, Largo das Mercês (foto do autor), descerá o Beco do Cotovelo até o Passinho do Largo da Cruz e Largo do Carmo. Ou, se preferir, irá da capela do Bonfim até a igreja do Senhor dos Montes, do Tejuco a Matozinhos, passando pelo Largo Tamandaré, Prefeitura, Teatro e Estação, ou percorrerá as encos

Folias del reis

6 de janeiro . Dia de Reis. Em São João del-Rei, a presença das folias de Reis a cada ano mais se fortalece e a data ganha cada vez mais destaque no calendário religioso-cultural da cidade, pela da ação da Atitude Cultural, do folclorista Ulisses Passarelli e, principalmente, de muitos capitães quase anônimos, que põem às ruas seus grupos. Imitando os três reis magos, eles louvam Deus recém-nascido, numa lição de fé e humildade. Neste contexto, por sua singeleza e peculiaridade, merece luz especial As Pastorinhas do Meninos Jesus, grupo infantil das Águas Férreas - Tejuco, criado e chefiado por D. Júlia Maria Lacerda. A conheci há três anos e, na ocasião, em entrevistas, recolhi informações para produção de um livreto que contasse a trajetória da agremiação. O livro foi começado; a história inicial já está escrita e agora   falta apenas colher depoimentos e testemunhos para finalizá-lo com caráter documental. O surgimento das Pastorinhas do Menino Jesus é bastante interessante. A man

El-Rey Midas Gerais?

Para alguns, a complementação do nome deste blog tem uma incorreção: Mi d as Gerais ? Incorreção, que nada! A construção D ’El-Rey - Mi d as Gerais foi intencional, unindo em uma única ideia três elementos. Uma parte do nome de São João del-Rei, o mito do Rei Midas e o Estado de Minas Gerais. Racismos e preconceitos à parte, querem escrever o novo samba do crioulo doido ? O que o pé tem a ver com as calças? Tudo e mais um pouco. Ouro, minha gente, ouro!... Midas, conta a lenda, era aquele rei que, tendo levado a Dionísio o sátiro e mestre Sileno, então perdido em meio a orgias e bebedeiras, recebeu como prêmio do deus grego a satisfação de um desejo. Ambicioso e avarento por mais poder e riqueza, Midas não pediu pouco. Queria transformar em ouro tudo o que tocasse. Assim se fez. Só que o encanto (ou feitiço) quase virou contra o feiticeiro, pois por pouco o rei não morreu de fome, impossibilitado de tocar na comida. Vem daí, no sentido positivo, a expressão ‘toque de Midas

Democratizar mais a cultura de São João del-Rei

Por mais que existam canais para divulgar a riqueza cultural de São João del-Rei, nunca é demais criar novos meios que possibilitem divulgar e difundir o olhar com que vê e o sentimento com que o são-joanense vive o mundo. Foi com este objetivo que este blog nasceu logo nos primeiros dias de 2011, trazendo no nome - Tencões & Terentenas - uma alusão a dois dos mais belos toques de sinos de nossa terra. Ao homenagear os sineiros, que há dois séculos guardam na memória e reproduzem com o coração os signos sonoros de uma linguagem que está entre as características mais fortes e originais desta setecentista cidade, o blog homenageia também todos aqueles que, ao longo de três séculos vêm criando, produzindo, zelando e democratizando a rica produção histórico-artístico-cultural de São João del-Rei, eternizando-a evolutivamente rumo a um tempo e a um mundo melhores. Acesse-o com frequência. Recomende-o a seus amigos. Comente. Encaminhe sugestões, idéias, indique textos que possam ser