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Mostrando postagens de setembro, 2011

Assim como os modernistas, tropicalistas também passaram por São João del-Rei. E deixaram compromissos e saudades!

São-joanenses menores de 55 anos certamente não se lembram, mas a dois de outubro de 1973 o Teatro Municipal de São João del -Rei   foi palco de um dos mais importantes   shows   do movimento tropicalista. Naquele dia, o antológico Índia , de Gal Costa, passou pela cidade. O espetáculo foi um marco na trajetória da música popular brasileira. O repertório resgatava Cascatinha e Inhana, Dalva Oliveira, Lupicínio Rodrigues, Adoniran Barbosa, Geraldo Pereira e Luiz Gonzaga, mesclando-os com   os vanguardistas Wali Salomão e Jards Macalé, com os exilados Caetano Veloso e Gilberto Gil – todos em volta do até então desconhecido Luiz Melodia. Desde aquele tempo musa e ícone, Gal Costa mostrou-se impacto, ruptura, re-ligação, sensualidade, inesperado e surpresa. O avesso do óbvio. Vasta e volumosa cabeleira, enfeitada por um cravo e uma rosa. Branco e vermelha.   O   vermelho da rosa tingia de vermelho o batom, que    escorria para o vermelho do vestido, generoso no decote e nas múltiplas e inf

São João del-Rei na balança de São Miguel Arcanjo

 Desde a madrugada - e será assim durante todo este dia 29 de setembro, até a noite, o sino das Almas está dobrando repetidas vezes em São João del-Rei. E não é anunciando nenhuma morte nem chamando para enterro de algum “irmão". É porque hoje é dia de São Miguel Arcanjo. Faz tempo que o "Príncipe das Potestades" chegou e se estabeleceu em São João del-Rei, com a missão de 'combater e afastar o  Espírito das Trevas, mantendo-o no limite de seus domínios'. Prova disso é que, recém-criada, a Vila de São João del-Rei ainda tinha cheiro de arraial quando, em 2 de junho de 1716, ali foi fundada a Irmandade de São Miguel e Almas, com finalidades religiosas e sociais. Cabia à Irmandade das Almas prestar assistência religiosa aos presos da Cadeia Pública situada no Largo do Rosário (atual Museu de Arte Sacra), celebrando missas, realizando ofícios e ministrando sacramentos na capela-oratório de Nossa Senhora da Piedade, ali em frente. Também chamava para si a re

São-joanense, "ama com fé e orgulho a terra em que nasceste": São João del-Rei

 Os são-joanenses amam profundamente São João del-Rei. Não com um amor  ostensivo, declaratório, espetaculoso, mas com um sentimento sincero, discreto e verdadeiro, mistura de respeito, zelo e admiração. Amor devocional. É com fervor que muitos vivem para manter, promover e preservar - de todas as maneiras - as tradições culturais bicentenárias, especialmente aquelas ligadas à religião. Isto porque o espírito são-joanense, acima de tudo, é altruista, religioso e devotado. O amor dos são-joanenses por São João del-Rei é generoso. Tão mais generoso se torna quanto mais surgem e se popularizam as novas tecnologias, usadas para divulgar planetariamente, via internet, as manifestações culturais desta terra. Com isso, hoje é grande e cada vez mais crescente o volume de documentos, estudos, artigos, fotos e vídeos sobre a história, a cultura, a arte e o dia a dia de São João del-Rei disponíveis na web. São João del-Rei existe positivamente e é presença destacada no universo virtual. Qu

Em São João del-Rei acontecem coisas que até Deus duvida. E que nem mesmo o Diabo acredita....

Detalhe do portão do Cemitério da Ordem Terceira do Carmo de São João del-Rei O que é realidade? O que é fantasia? O que é delírio? O que é verdade? O que é imaginação? Em São João del-Rei, tem hora que ninguém sabe. Só depende do ponto de vista. Tem história verdadeira que mais parece lenda, que bem podia ser estória. Mas há quem jure que é verdade, que aconteceu mesmo... Como o caso do bêbado que, tempos atrás, voltando para casa ao entardecer, viu o portão do Cemitério do Carmo aberto. Desorientado e mal das pernas, resolveu entrar. Lugar fresquinho, silencioso, bonito, florido, cheio de anjos, ninguém por perto. Tantos labirintos estreitos, com tantos retratos e escritos, fizeram a cabeça rodar. Deitou num canto, pegou no sono. Sem enterro naquela tarde, o coveiro - que pra esquecer a monotonia também dera muitas voltas no ' butiquim '  da esquina - deu voltas com a chave no artístico e pesado portão, desincumbido da última ronda vespertina. Escurecia, o sino batia,

Fé e festa no reino sem fim de São João del-Rei

 Como pode caber tanta cultura e religiosidade no calendário mensal de São João del-Rei? Este mês, mal acabou ontem a Festa de Nossa Senhora das Mercês, do lado de lá do Córrego do Lenheiro começou hoje a novena barroca de São Francisco de Assis. Será assim, toda noite, até o dia 3 de outubro - véspera da data de morte e procissão do santo que recebeu no corpo as chagas vivas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amanhã, do lado de cá do mesmo Lenheiro, começa o Tríduo a São Miguel - arcanjo combativo, arqui-inimigo do Inimigo. Como é ele o Príncipe da Milícia Celeste, dia e noite à porta do Céu com sua balança de prata e espada de fogo - a julgar as almas que partem da Terra e decidir-lhes o Paraíso,  Purgatório ou  Inferno -, não custa nada, mineiramente, lhe fazer uma mesura. Quem sabe ele não alivia a barra de quem o acompanhar na procissão apressada que percorrerá as ruas mais antigas da cidade, no anoitecer da proxima quinta-feira, dia 29 de setembro? Enquanto isso, é sino dobrando

Irmandade das Mercês de São João del-Rei: zelar da alma, sem esquecer do corpo nem da liberdade!

Seria hoje em São João del-Rei um sábado comum, não fosse 24 de setembro - dia de Nossa Senhora das Mercês. Dia de grande festa, que começou antes mesmo do sol nascer: alvorada festiva às 5 horas da manhã, com banda de música,  toque de sinos, foguetório. Mais tarde, missa barroca cantada pela setecentista Orquestra Lira Sanjoanense, que terminou perto de meio-dia. As celebrações continuam durante toda a tarde, até encerrar-se noite adentro, com grande e grandiosa procissão,na qual Nossa Senhora das Mercês, em andor enfeitado de cravos brancos, percorre lentamente e é saudada nas mais importantes ruas do centro histórico. Aqui, há quase trezentos anos é assim, pois tudo começou quando, em 1740, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês dos Pretos Crioulos da Vila de São João del-Rei. Tratava-se de uma instituição democrática que, além dos pretos crioulos e negros escravos, também acolhia homens brancos - afinal, na sociedade mineradora do século XVIII, era grande o número de

Uma Primavera de Música a, mineiramente, florescer em São João del-Rei

Beleza interior: o jardim da porta para dentro do quintal de Dona Carmen A mineirice de São João del-Rei surpreende até os próprios são-joanenses. Que outra cidade, tão discretamente organiza e, na chegada da Primavera, quase sem falar com ninguém, realiza dezesseis eventos musicais em apenas oito dias? Enche de melodia, harmonia, surpresa e encantamento os mais diversos espaços: café, coreto, jardim, teatro, auditório, museu - e não se vangloria? Quem souber, que o diga! Dezesseis eventos. Isto mesmo; de hoje até o dia 30 deste mês São João del-Rei vive uma programação cultural intensa, focada principalmente na música e nas flores. Coisa para todos os gostos, sem distinção. Jantar requintado, harmonizado com vinhos selecionados, ao som de um recital instrumental brasileiro de saxes, flautas, clarinete e violão, em um café da serpenteante e poética Rua Santo Antônio. Montagem de uma ópera em praça pública. Maratona de piano, com apresentações, lançamento de CD, palestra, recitais e

A sagração da Primavera em São João del-Rei

Dentro de algumas horas, a Primavera chega a São João del-Rei, para enfeitar ainda mais a festa de Nossa Senhora das Mercês . Simbolicamente,  espalhará guirlandas pelos jardins, coroará de jasmins, bugarins, manacás a alegria e a esperança. Devolverá perfumes à brisa e ao orvalho, florirá manhãs serenas,  tardes calmas e noites mansas, boas para se abrir janelas, colocar cadeiras na calçada, passear pelos largos saudando  amigos e vagalumes. São João del-Rei bem podia entusiasmar-se mais com a chegada da Primavera. Celebrá-la com festivais autônomos e independentes que reunissem descompromissadamente em praças públicas todas as artes. A vida ficaria tão melhor assim... Mais do que nenhuma outra, a Primavera é a mais delicada e são-joanense das estações . Por isso, celebremos sua chegada, ouvindo abaixo dois movimentos de "A Primavera", parte da obra " As Quatro Estações ". Quando Vivaldi a compôs vivia-se o século XVIII  e São João del-Rei - ainda arraial ou vil

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Estava à toa na vida São João del-Rei me chamou pra ver a banda passar...

 São João del-Rei, desde o nome, é cidade sonora, musical . Sem dúvida, este atributo muito se deve à existência ativa das bandas de música que - volta e meia - estão a percorrer as ruas ou a se apresentar nos largos, nas praças, nos teatros, nos adros das igrejas, enfim em toda parte, dando ritmo a tudo: procissões, festas populares, concertos, atos oficiais, solenidades cívicas e até, bem de manhãzinha, à marcha dos soldados do batalhão. Houve um tempo em que as bandas faziam parte até de cortejos fúnebres, mas hoje isso não é mais comum. Qual são-joanense não sente o coração bater mais forte ao ouvir, entre dobres de sinos, a Marcha dos Passos , quando a procissão sai da Matriz ou atravessa a Ponte da Cadeia? Quem, nascido aqui ou visitante, não se entristece com a Melodia Fúnebre , tocada no adro da igreja de São Francisco, na manhã de domingo em que o Senhor dos Passos  sai em razoura para contornr o jardim que tem formato de lira? Não sente o peito apertado quando escuta a M

São João del-Rei amanheceu em estado de graça para a festa de Nossa Senhora das Mercês!

Uma igrejinha colonial alegre, singela e delicada, junto ao cruzeiro e ao cemitério, um pouco acima do Passinho da Paixão, mais alta do que todas as monumentais igrejas barrocas do centro histórico de São João del-Rei. Tão mais alta que a ela se chega subindo uma larga e elegante escadaria. Atrás dela, como proteção, a Serra do Lenheiro é uma muralha abissal e a seus pés derrama-se a cidade brotada em 1703. Assim pode ser descrita a igreja de Nossa Senhora das Mercês. A partir do entardecer de hoje ela estará ainda mais iluminada, mais visível de todos os pontos da cidade, para avisar, aos são-joanenses, que a Festa de Nossa Senhora das Mercês está começando. E que durante os próximos dez dias vai movimentar aquela colina e o seu grande largo - que é quase uma esplanada - com música barroca, novena, barraquinhas, foguetórios, banda de música, coloridos fogos de artifício e todos os encantamentos que deixam São João del-Rei em estado de graça. Por dentro, a igreja parece um recorte

No Museu Regional de São João del-Rei, a Primavera da Memória vai começar mais cedo!

15 de setembro , Museu Regional de São João del-Rei, pouco depois que o sino do Santíssimo Sacramento da Matriz do Pilar saudar o Ângelus. Celulares desligados. Silêncio no ambiente. Luz suave. Este é clima em que  a Primavera vai chegar, trazida pelos sopros de um instrumento setecentista . Melhor dizendo, do único órgão de tubos colonial de origem civil existente no país e construído na região do Campo das Vertentes, com madeiras nobres brasileiras. O concertista será Wolfgang Zerer. Depois do concerto, em outra sala, ali pertinho, oratórios são-joanenses dos séculos XVIII e XIX estarão expostos no museu - templo de tempo, lembrança, saudade e memória. Neste mês de setembro, templo da Primavera... Se você estiver em São João del-Rei, não perca! ......................................................................... Leia também http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/04/o-pai-da-musica-vive-em-sao-joao-del.html http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/08/recita

Em São João del-Rei, per saecula saeculorum, é cotidiana a Exaltação à Santa Cruz

Cruzeiro do Pau D'Angá, centro de São João del-Rei. (foto do autor) Desde a época em que o Império Romano dominava o mundo, hoje, 14 de setembro, é um dia especial para os católicos: o Dia da Exaltação da Santa Cruz . Para São João del-Rei, é mais especial ainda, pois na cidade a data coincide com o dia consagrado ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Já nos distantes idos de 1704 , quando surgiu o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, as cruzes são presença marcante na paisagem urbana e cultural de São João del-Rei . Ostensivas, suportando os estigmas da Paixão, estão em toda parte. Nos altos, nas praças, nas esquinas, nas montanhas, nas paredes, nas encruzilhadas. Atualmente, numa soma precipitada, a vista enxerga nove, no centro histórico e imediações. Não se sabe de outra cidade histórica brasileira que tenha, concentrados,  tantos e tão simbolicamente completos cruzeiros . Diferentemente do dia 3 de maio, igualmente dedicado à Santa Cruz, no dia 14 de s

São João del-Rei, salva-te a ti (e de ti!) mesma...

Na próxima quarta-feira, dia 14 de setembro , a população do bairro de Matosinhos, em São João del-Rei, estará comemorando uma festa religiosa muito importante: o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos . A devoção ao Senhor de Matosinhos em São João del-Rei é muito antiga, pois a cidade ainda era uma vila quando, em 1771, no dia 6 de setembro, foi autorizada a construção da igreja. Da autorização ao começo da construção passaram-se menos de dois anos, pois o padre Dr. Matais Antônio Salgado, em 6 de maio de 1773, doou o patrimônio que viabilizou a empreitada (1). Desde o início, as homenagens ao crucificado de Matosinhos de São João del-Rei atraíam grande multidão . Numerosas romarias , de 5 a 13 de setembro, para ali deslocavam-se das mais diversas localidades e pelos mais diferentes meios, para pagar promessas, agradecer graças, renovar a fé e pedir proteção . A simplicidade, sinceridade e espontaneidade conferiam à "festa" caráter despojado e popular, bastante dif

Modinha azul e amorosa para São João del-Rei

Capelinha do Senhor do Bonfim de São João del-Rei (foto do autor) Que tal, no embalo desta cantiga, percorrer palmo a palmo as ruas, os becos, os largos; atravessar as pontes, as praças, jardins e travessas; subir e descer as tantas escadarias de São João del-Rei? Por que não acariciar com os olhos seus santos, seus monumentos - altas torres, portais, sacadas, telhados, encantamentos; nâo trazer corpo adentro seus cheiros de jasmim, de alecrim, de incenso, rosmaninho, manacá e manjericão? O que impede  pulsar o coração no festivo dobrar de seus sinos, dos violinos, das matracas, dos apitos e dos foguetórios? Fazendo assim, você vai ver que em São João del-Rei quase sempre as nuvens são de algodão doce. E que não há mais pepitas de ouro - só de hoje, feitas de açúcar, amendoim e coco, mexidas  à mão em fogo alto,  com dedais de ferro em tachos de cobre. Mas pordemais preciosas... Esta música, de Flávia Ventura, é um exemplo do extraordinário trabalho da "Cambada Minei

Na festa dos 300 anos da Vila de São João del-Rei haverá de florir a Primavera da Legalidade

Em 2013 , portanto daqui a dois anos, São João del-Rei comemorará os trezentos anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes à categoria de vila . É uma oportunidade sem igual para se unir, em um único esforço, o espírito celebrativo com realizações que a um só tempo valorizem o patrimônio cultural são-joanense e ofereçam à população equipamentos culturais e urbanos que proporcionem mais informação, conhecimento, lazer e qualidade de vida. O Chafariz da Legalidade, em 2013, completará 180 anos . Sem dúvida, é um monumento que bem merece ser contemplado nas comemorações do tricentenário. Fica em uma praça agradável, estrategicamente localizada, formando um conjunto harmônico com o edifício do Grupo Escolar Maria Teresa, em uma área hoje plenamente descaracterizada. Certamente, dos monumentos oitocentistas são-joanenses, é um dos mais vulneráveis e expostos a ações insanas, como a que o danificou há alguns anos. O almanaque eletrônico  Tencões & teren

Doce São João del-Rei na "Terra de Minas"

 Tachos de cobre. Panelas de ferro, de pedra, de alumínio batido. Colheres de pau. Antes, fumaça na chaminé, lenha estralando, fogo alto, brasas vermelhas no fogão. Hoje, as chamas de qualquer fogão a gás. Sempre açúcar. E também cravo, canela, erva-doce, aniz estrelado, folha de laranjeira, raspas de limão. Da sábia e antiga alquimia que mistura temperatura, tempero, tempo, paciência, calma e calor surgem arroz doce, doce de abóbora, de banana, de batata doce, de cidra, de coco cremoso, de figo cristalizado e em calda, de goiaba, de laranja da terra, de leite, de mamão, de marmelo, de pêssego, queijadinha. Algodão doce, amêndoas de amendoim e de coco, cocada, pé de moleque, quebra queixo... A gastronomia de sobremesas em São João del-Rei é muito farta, quase infinita. Prova isso Câmara Cascudo, em um de seus livros sobre cozinha brasileira. Lembra o grande folclorista e estudioso da cultura popular que certo visitante europeu registrou nos seus diários de campo que, ao hospedar

Em São João del-Rei, ecos da Missa da Assunção

O repertório da música barroca produzida em São João del-Rei, executado nas celebrações religiosas tradicionais, realizadas na cidade desde o século XVIII, é tão rico e variado que sempre surpreende por sua qualidade musical e sofisticação estética. Veja, por exemplo, este Salmo Responsarial, vigorosamente executado pela Orquestra Lira Sanjoanense como parte da Missa da Assunção de Nossa Senhora, celebrada na Matriz do Pilar na manhã do dia 15 de agosto passado: 

São João del-Rei olha para o alto e contempla o Senhor dos Montes (anotações)

      Anotações para um poema indagativo e inconcluso Em São João del-Rei, neste primeiro domingo de setembro, a tarde insiste em não cair. E nem pode. Como resistir ao burburinho da praça - algodão doce, pipoca, criança, cachorro ... Como fugir do contato com aquela gente feliz, sacudida, que veste roupa quarada e enxugada ao sol; como negar aos apelos do sino humilde, que toca frágil como um cordeirinho perdido; como virar as costas para a igrejinha bicentenária e modesta, pontilhada de luzes, eternizada pelo momento ímpar? A noite apressa-se, interessada, mas a tarde resiste e ignora a ordem natural. É dia do Senhor dos Montes! De repente, cometas de pólvora cortam o céu ainda azul, deixando o rastro prateado, para explodir onde a vista alcança. A banda toca uma marcha gloriosa, notas robustas saindo das tubas, das trompas, dos trombones, dos tambores. Foguetes  velozes pontuam o universo sonoro com exclamações, vírgulas, ponto e vírgulas, interrogações, reticências..

Big Ben? São João del-Rei tem! Também...

 Austera e imponente fachada da Matriz do Pilar de São João del-Rei (foto do autor)  Se Londres tem o Big Ben, São João del-Rei tem o relógio da torre esquerda da Matriz do Pilar , em cuja face fica o sino da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Para os são-joanenses, sem dúvida, o relógio da Matriz do Pilar é mais importante do que seu irmão inglês, instalado na Torre de St Stephen,  Palácio de Westminster. O relógio da Matriz do Pilar é um dos símbolos visuais e sonoros mais fortes de São João del-Rei . Com seus ponteiros e batidas, ora no sino grande, ora no sino pequeno, dia e noite, de quinze em quinze minutos, lembra aos são-joanenses que todos vivemos, em cada minuto, toda a eternidade . Que a eternidade, assim como  Deus, sempre existiu e sempre existirá, mas o homem não. Que depois de morto, dele só restará a lembrança de seus atos, de seus feitos, de suas produções, de suas obras, numa recordação que construirá a memória de sua existência. Somente pela memória, depois

Libertas São João del-Rei: Êxodus na noite desta sexta-feira!

Largo Tamandaré de São João del-Rei - imediações da Livraria Libertas  Quem hoje, no cair da noite, estiver em São João del-Rei, não deve perder: a partir das 18h30, até às 21 horas, estará acontecendo na Livraria Libertas o lançamento do livro Êxodus , da escritora Flávia Neves. Será a primeira promoção desta simpática e singela livraria / biblioteca de bolso , situada no Largo Tamandaré, calçada esquerda, na metade do caminho de quem desce da Ponte do Rosário para o Museu Regional. Fica quase na esquina com o Beco da Romeira. A Livraria Libertas tem um acervo pequeno, mas muito seleto. sobre Arte, Literatura, História, Direito, Humanidades e Afins. Há livros novos e usados, alguns para venda e outros para consulta no local. Tem também algumas obras sobre a história de São João del-Rei e DVDs sobre a arte e as manifestações culturais são-joanenses. Que o lançamento de hoje impulsione e intensifique a atuação cultural da Livraria Libertas , para oferecer ainda mais opções aos

Setembro. Desabrocha a primavera da religiosidade em São João del-Rei.

Jardim do Largo das Mercês de São João del-Rei (foto do autor)  Em São João del-Rei, setembro é um mês que deveria ter mais dias, tamanha a intensidade e a frequência  das festas religiosas realizadas na cidade. Isto mostra como é determinante a presença das seculares tradições católicas na formação e manutenção da cultura são-joanense e o importante papel que a religião desempenhou (e ainda desempenha) no dia a dia de São João del-Rei. Logo no primeiro domingo, este ano dia 4, acontece a procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Montes. Mal acaba e começam logo as celebrações em homenagem a Bom Jesus de Matosinhos, que duram dez dias e movimentam o bairro em cujas imediações aconteceu, em 1709, o sangrento combate da Guerra dos Emboabas. Na sequência, vem a Festa das Mercês - que também dura 10 dias -, seguida pela Festa de São Miguel. Mais curta, dura apenas quatro dias e é realizada há coisa de trezentos anos. Mas em São João del-Rei as festas religiosas do mês de setembro não