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Mostrando postagens com o rótulo Rua Padre Faustino

Ave Maria do Morro no céu azul de São João del-Rei

Engana-se quem pensa que a religiosidade do povo são-joanense, no recorte do catolicismo, restringe-se às práticas, rituais e liturgias realizadas nas igrejas do centro histórico e de todos os bairros. Quanto mais belas, envolventes e encantadoras forem essas celebrações, sobretudo as tradicionalmente barrocas, mais elas são prestigiadas e frequentadas, pois  refletem o paraíso que, principalmente os humildes, não encontram na terra. Se a beleza é, sem dúvida, o mais sedutor e lúdico instrumento de convencimento e educação, ela é também o mais suave, confortante e eficaz meio de evangelização. Principalmente nestes tempos estéreis, áridos e ásperos! Entretanto, a despeito delas, muitos são-joanenses estabelecem um meio próprio para sua comunicação com o universo divino, com canais, formas, códigos, espaços e linguagens criados por eles mesmos. É uma comunicação direta, quase "ao pé do ouvido", sem necessidade de qualquer orientação, mediação, consentimento, aprovação ou ...

Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco Sujo tem flores de cidadania e civilidade

Por mais belos e delicados que pudessem ser, antigamente, em São João del-Rei, becos não eram locais nobres. Eram como atalhos, vielas que não alcançaram a condição de rua, tamanhas sua estreiteza, pequena extensão e desprezada importância. Gente de bem não morava em beco. Na velha São João del-Rei, também não costumavam ser caminhos por onde passava quem queria ou podia ser visto. Muito pelo contrário, estes trajetos traziam em sua reputação algo de clandestino, escuso, suspeito, condenável. No discurso popular " campear nos becos ", não era coisa de gente direita, decente, bem-intencionada. Mas os becos sempre foram locais poéticos, singulares, autênticos caminhos que levavam  sorrateiramente a seu destino quem, por pressa, vergonha, acanhamento ou atitude duvidosa, não desejava ser interrompido ou reconhecido. À noite eram (e ainda hoje são) caminhos arriscados. Ninguém nunca sabe o quê nem quem pode encontrar em uma curva fechada e estreita, em um ângulo agudo, por ...

Belos e férteis quintais. Ainda existem paraísos intimistas no centro urbano de São João del-Rei

São João del-Rei surpreende. Na maioria das vezes, de onde menos se espera, salta uma visão inesperada que mostra a renovação pela qual a vida sempre brota naquele - e daquele -lugar. Remanescentes de velhos tempos e resistentes às atuais pressões por mais espaço residencial, os quintais nos dizem isso. Dizem também - e tão bem - que é possível alcançar o que Bachelard sentenciou: "O universo tem um destino de felicidade. O homem deve encontrar o Paraíso."  É só acreditar e persistir... Mas também em São João del-Rei o crescimento populacional impulsiona a demanda pelo aumento das áreas habitacionais, fazendo com que, cada vez mais, as casas cubram espaços que antes tinham céu aberto. Cimentem canteiros e cresçam verticalmente. Com isso, se domestica e urbaniza o que antes era celestial. Perde-se a porção do Éden que havia no pequeno território familiar e intimista, antes povoado por muito do que Deus criou no começo do mundo: laranjeiras, roseiras, orquídeas, hortências,...