Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco do Capitão do Mato do sagrado ao pecado, perdição
Entre os velhos becos da colonial São João del-Rei, um era o mais desgraçado. Caminho da maldade e do pecado, era o Beco do Capitão do Mato. Numa ponta, imaculada, a pureza e a bondade. Torre branca, muitas portas, tudo para a capela do Santíssimo Sacramento, em eterna adoração, na igreja do Carmo. Na outra, pura obscuridade: mulheres de vida livre, serenatas, rufiões, risadas, bandidos, gemidos, pervertidos, miseráveis, jogatinas, cachaçadas. No caminho de pedra e poucos passos, entre virtude e desgraça, morava a crueldade do solitário capataz que a alma ao diabo, em troca de ouro, entregara. O tempo passou. Adeus Margarida Tomba-homem. Adeus Helena dos Cachos. Adeus Índia Paraguaia. Adeus mulheres da vida. Adeus escravidão. Adeus capitão do mato... Estreito e simpático, entre a igreja do Carmo e a Rua da Cachaça, o Beco do Capitão do Mato é hoje uma rota inocente, de pedra calçada. Tanto que, na voz do povo, tem nome infantil: Beco da escadinha, Beco do Carmo. Visto da parte...