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Mostrando postagens com o rótulo Lira Sanjoanense

Viva o Príncipe Celeste nas terras de São João del Rei!

  - Valei-me, meu São Miguel Arcanjo! Não foram poucos os são-joanenses que com estas palavras, algum dia, invocaram a proteção dele: o anjo poderoso que, com sol no peito e espada de fogo, é invencível na luta contra o mal e contra os maus. É infalível no combate ao Maligno, a quem, com seu olhar brilhante e firme, porém sereno, e o nome de Deus em pensamento, afugenta e acorrenta no fundo do Inferno. Trazendo-nos a temperança, a justeza, a justiça e o equilíbrio, dele pende na mão esquerda uma balança de dois pratos, onde compara em peso as virtudes e as impurezas do mundo. Dizem que São Miguel estabeleceu-se em São João del Rei nos primeiros anos do século XVIII, antes até que a febre do ouro e a cobiça pelo rico metal fizessem dos homens inimigos, na sangrenta Guerra dos Emboabas.   Sangue, selvageria, tortura, crueldade, destruição, morte, desolação, pavor. Nesta cruenta peleja, o  Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar ardeu-se em chamas, mas como por milagre, ...

Um rosário de flores, graças e favores para o povo de São João del-Rei

Em São João del-Rei, o mês de outubro não poderia terminar de um modo que não fosse celestial. Com uma majestosa procissão, que nos remonta a 1708, quando nesta terra foi fundada a primeira Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Minas Gerais. Entre os historiadores que se debruçam sobre o culto a Nossa Senhora do Rosário no Brasil, no século XVIII, existe uma dúvida se a irmandade são-joanense é a segunda ou a terceira mais antiga do país. Como é tradição na cidade, desde o cedo o sino do Rosário de tempos em tempos dobra festivo, anunciando que é um dia especial. Na missa cantada, a música fica por conta da Orquestra Lira Sanjoanense - a mais antiga das Américas em ininterrupta atividade desde a sua fundação, em 1776. Barroquíssima ao extremo, a imagem da madona encanta. Generosa, sublime, materna, acolhedora, terna, solidária, complacente, cordiosa, divina, diáfana, humana e até mesmo idílica. Tudo isto, olho a olho, ela transmite aos devotos que vão visitá-la. A igreja do Ro...

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, mágico e iluminado em São João del-Rei

Na ocasião do Natal, mal começa o Advento, São João del-Rei fica envolta por uma aura mágica. Luzes coloridas e brilhantes realçam contornos de telhados, beirais e janelas coloniais, semeiam anjos e estrelas nos jardins, franjas luminosas enfeitam o coreto – romântico cenário para os corais e suas cantatas. Na metade do mês começa, na igreja do Rosário, a Novena Barroca do Menino Jesus, composta no século XIX pelo são-joanense Padre José Maria Xavier. É um ofício alegre e delicado, só executado em São João del-Rei, pela Orquestra Lira Sanjoanense, considerada a mais antiga orquestra das Américas em atividade permanente desde a segunda metade do século XVIII.  Pouca gente sabe, mas as mais importantes celebrações do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo na terra onde os sinos falam são realizadas na igreja do Rosário, seguindo uma tradição colonial. Assim como a Ordem Terceira do Carmo incumbia-se de parte das celebrações da Paixão de Cristo, a Irmandade do Rosário é respo...

Festa das Mercês - Doce, sereno e sublime encanto de São João del-Rei

Há quase 300 anos o povo de São João del-Rei participa - com fé, devoção e encantamento - da sublime novena barroca de Nossa Senhora das Mercês. É um ofício encantador, numa capela delicadamente dourada, entre flores, incensos, música suave que vem de violas, violinos, violoncelos, flautas, clarinetas e de belas vozes que se harmonizam em rendilhados de notas musicais que formam volutas sonoras inigualáveis. O sino sozinho, na torre altaneira, soberana e solitária, toca alegre. Padre Geraldo canta vigoroso responsórios seculares, que orquestra e fieis, em coro único, respondem convictos. Fieis em sua maioria negros de carapinha branca, entre jovens e crianças, compenetrados vivenciam por uma hora e meia, um amoroso abraço imaginário com Nossa Senhora das Mercês. Com o olhar trocam palavras, fazem pedidos, promessas, agradecimentos. A tudo a Virgem acolhe de braços abertos e face levemente inclinada na direção da mão direita, que estende para o povo são-joanense com um buquê de crav...

Setembro deveria ter mais dias em São João del-Rei. É pouco tempo para muita festa e muita fé...

Os trinta dias do mês de setembro são pouco para a quantidade das celebrações religiosas que acontecem em São João del-Rei no nono mês do ano. São cinco grandes festas e há dias em que, até, são simultâneas. Todas com toques de sinos, foguetes, cantos, flores, anjos, cores, incensos, mistérios, crenças, esperanças e certezas... Este ano, logo no dia 1º, a procissão do Senhor Bom Jesus do Monte encerrou a festa do Cristo crucificado que mora em uma colina no lado oeste da cidade, à sombra da Serra do Lenheiro. Quatro dias depois, começou a novena que terminou em procissão no dia 14, também para homenagear Nosso Senhor Bom Jesus. Desta vez, o de Matosinhos, na face norte da cidade - imediações de onde, a História diz, assentou-se por volta de 1704, cobrando pedágios pela travessia do Rio das Mortes, o bandeirante taubateano fundador de São João del-Rei, Tomé Portes del-Rei. Antes de tal procissão, no dia 12 começou a Quinquena de São Francisco - série de cinco ofícios sacr...

São João del-Rei celebrou exéquias para o rei da Itália, Humberto I

Não se sabe bem porque, mas  a simpatia e a afeição de São João del-Rei pela Itália fertilmente germinavam antes mesmo que chegassem à cidade os primeiros imigrantes italianos. E também que soldados são-joanenses imaginassem um dia atravessar oceanos rumo aos gelados campos de batalha italianos, para bravamente lutar na segunda guerra mundial. Tanto que no dia 9 de agosto de 1900 - ou seja, há 113 anos -, a cidade realizou solenes exéquias em memória do rei italiano Humberto I, assassinado por um compatriota anarquista no dia 23 de julho daquele ano- o primeiro do século XX. Até então, durante todo o período da colônia e do império, São João del-Rei realizava este tipo de solenidade fúnebre apenas para homenagear defuntos da família real portuguesa. Em nossa terra, as cerimônias póstumas dedicadas ao falecido rei Humberto realizaram-se num único dia, mas em dois locais e em duas ocasiões diferentes. Primeiro, foi um ato litúrgico, na igreja do Carmo, com participação especial...

A eterna primavera da fé em São João del-Rei

São João del-Rei é como um jardim, sempre em primavera a florescer. Todo mês, durante as festas religiosas, altares e andores em cascatas se cobrem das flores mais diversas: angélicas, antúrios, cravos, crisântemos, copos-de-leite, "egpsy", gérberas, hortências, lírios, margaridas, palmas e rosas, entre muitas outras. São as estrelas da terra luzindo gentileza, cor e perfume; brilhando fé, suavidade e devoção. Agosto, por exemplo, quando chega, acende em todos memórias antigas, que se tornam realidade nas ladeiras, largos e becos do centro histórico da terra onde os sinos falam. A bicentenária Orquestra Lira Sanjoanense afina instrumentos e vozes, ensaia partituras antigas para que, no período de 5 a 15, a música barroca de mulatos compositores locais se junte ao som dos sinos e ao perfume de incenso para criar ambiência celeste em honra a Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Glória e também à Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito...