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Mostrando postagens de abril, 2020

Isolamento social & resgate cultural em São João del-Rei no Dia de Santa Cruz

Isolamento social é sinônimo de resgate e produção cultural? Por que não? Em São João del-Rei, com toda certeza, pode ser sim! Herdeiro e agente de um incalculável e inesgotável tesouro cultural, a quarentena a que vive 'a terra onde os sinos falam' só é tediosa e improdutiva para o são-joanenses que isso quiser. As horas vagas - e são muitas! - podem ser o tempo que se precisa para relembrar, rememorar, resgatar, reaprender e reavivar o saber, o fazer e o viver que são a essência, a magia, o encantamento e a alma do povo de cá. Daqui a alguns dias será 03 de maio - Dia de Santa Cruz. Uma data muito significativa no calendário religioso-cultural de nossa cidade, quando era costume comum enfeitar de flores ou papel de seda colorido repicado uma pequena cruz de madeira,e  pendurá-la  na porta principal ou na fachada, como elemento de fé e de identificação entre os iguais. Mas a movimentada rotina dos novos tempos foi aos poucos diluindo este hábito, que embelezava tanto a p

Depois do Coronavirus, quem construirá a nova São João del-Rei?

Uma longa pausa, que já durou um mês e, certamente, ainda vai durar vários, ninguém sabe quantos. É assim que vai vivendo São João del-Rei onde, nestes tempos temerários do novo coronavírus 19, aqui como acolá reinam o isolamento social e, em consequência, o adormecimento cultural. A cidade que é viva e festiva o ano inteiro, especialmente no bimestre março-abril - quando acontecem algumas das festas mais importantes e representativas de seu calendário turístico-religioso-cultural, que são a Quaresma / Festa de Passos e a Semana Santa - em 2020 viu esse tempo passar em branco, em silêncio e inerte. Sem as cores, as flores, a música, os odores, os movimentos e encenações dos ofícios e procissões. Consciente, cautelosa, cuidadosa e amorosa, a população são-joanense atendeu volitivamente o solidário chamado e ficou em casa. Guardou para depois a magia e o encantamento que há 300 anos viveria naqueles dias. Apesar do desejo de que tanto este medo quanto este perigo passem logo, aind

Quem arrancou estas páginas do calendário de São João del-Rei?

Em 2020, arrancaram páginas importantes no calendário de São João del-Rei. Este é o sentimento que ficou no peito dos são-joanenses, na segunda-feira que sucedeu o Domingo de Páscoa, na "terra onde os sinos falam ". - O quê aconteceu? - Por causa do isolamento social preventivo ao novo Coronavírus 19, as igrejas ficaram fechadas em grande parte da Quaresma e por toda a Semana Santa. Assim não tiveram procissões nas ruas nem Ofícios de Trevas na Matriz do Pilar, assim como as celebrações internas foram realizadas a portas fechadas, com reduzidíssimo número de pessoas essenciais às funções litúrgicas. Tudo transmitido primorosamente pelo rádio e pelas mídias sociais, porém com orfandade da expectativa, do envolvimento, da memória, do vivenciar e do sentimento. - Mas e a história do calendário? Por que isso aconteceu? - Porque que o povo desta São João, surgida nos primeiros anos do século XVIII, ainda conserva vivas muitas referências culturais trazidas de quando o ou

Semana Santa de São João del-Rei vence o novo coronavírus 19

O tempo muda, fica diferente em São João del-Rei quando chega a Semana Santa. A cidade se recorta e descola do universo, emerge para um espaço próprio de tempo e lugar. Nesses dias o são-joanense transita entre quatro eixos - o pessoal, enquanto indivíduo; o religioso, enquanto ser; o coletivo, enquanto elemento integrado a uma comunidade, e o de memória, esta, afetiva, sentimental e até mesmo ontológica. Finda a Quaresma, as primeiras manifestações da Semana Santa propriamente dita são muito profundas e enigmáticas em São João del-Rei. A cerimônia da benção dos ramos, na igreja do Rosário, o toque angustioso e demorado dos sinos daquela igreja, a procissão que sai até a Matriz do Pilar, onde acontece o Ofício de Ramos com a leitura teatralizada do Evangelho - tudo traz em si uma expectativa do obscurecer da glória, da alegria e da vida, vive-se ali a antecipação emocional do sofrimento e do apagar-se. O cordeiro sabe de seu destino e, entre resoluto e resignado, caminha para o sa