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Mostrando postagens com o rótulo preservação

São João del-Rei. Dentro do tempo tem Tempo. Do colonial ao barroco digital

Não é raro, aqui, ali e acolá, encontrar são-joanenses chorando pelo leite derramado. Desqualificando gratuitamente a cidade como patrimônio da cultura brasileira, pelo que se perdeu de sua paisagem urbana colonial e imperial. Mas também tem gente séria, sábia e comprometida refletindo produtivamente sobre esta situação. É verdade, muito se perdeu, e a responsabilidade começa com o Estado, que não foi competente o bastante para agir, tanto com medidas protetoras quanto com ações convictas e enérgicas para impedir - e no que fosse possível e adequado reparar - demolições e descaracterizações. Mas a comunidade também tem grande parcela de culpa. Ignorante do valor da tão vasta riqueza histórico-patrimonial que era de sua propriedade, deixou-se enganar pelo canto da sereia da então modernidade do século XX, não zelou e destruiu muitas edificações que eram tão valiosas. O mundo evolui, as cidades crescem, surgem novas necessidades urbanas e humanas e, se de lado nenhum vier intelig...

Parodiando Carlos Drummond, São João del-Rei é apenas um retrato na parede?

Há décadas atrás era comum em São João del-Rei pensar que o moderno era inimigo do antigo. Que as novidades tinham vindo e se alastravam para apagar todas as marcas do passado. Mesmo falso, este pensamento refletia uma visão simplista da evolução da história local, no caso específico da arquitetura são-joanense, que das casas de pau-a-pique, cobertas com capim, do Arraial Velho de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, até os sobradões imperiais e os edifícios art noveau , não foram poucas as vezes em que a mais nova custava o sacrifício da mais velha. Se por um lado isto deu à cidade uma face bastante heterogênea e diversificada na paisagem de sua arquitetura, por outro é como se fosse uma história contada em capítulos, cada um falando de seu tempo, por meio de fachadas, sacadas, volumes, ferragens, estuques, cancelas e aldabras. Pena que cada novo capítulo era escrito apagando partes dos capítulos anteriores Hoje sabe-se que o moderno pode, deve e quase sempre é amigo do antig...

São João del-Rei, templo do tempo, precisa pulsar no ritmo do coração

As cidades históricas são templos do tempo, são arcas da memória, são vertentes dos sonhos. Lugares sagrados, são testemunhas vivas de feitos e fatos, são o território da história, ou melhor são territórios onde a história habita. Quem vive em uma cidade histórica precisa ter consciência do privilégio que é viver em terras que por si só são espaços de memória, lembranças e recordações, constituídos por suas ruas e avenidas, seus becos, seus largos e suas praças. Neles, igrejas, casarões e monumentos estão o tempo todo a silenciosamente contar o que viram ao longo de tantos séculos. Quem administra uma cidade histórica precisa ter compromissos verdadeiros com a cultura e com a memória local, pois a saúde destes patrimônios depende muito de atitudes e decisões que só do poder público podem emanar. Principalmente os homens públicos têm na história a vitrine e o porta-retrato de sua competência, de seu comprometimento, de seus valores, da sua trajetória, do seu fazer. Quem visita ...

A sabedoria dos sinos e dos sineiros de São João del-Rei Salomão

Bons ventos sopram sobre São João del-Rei. Por mais que o amor são-joanense chore pelos pedaços da paisagem que se perdeu, clame com bravura pelo que corre risco e vigie, com apaixonado olhar, o tanto de memória que nosso tempo herdou dos séculos passados - e até exatamente como efeito destas três coisas - a cidade vê, a cada instante, seu passado reluzir. Não o passado que passou, levado pelo tempo, e que agora é só lembrança. Quem reluz é o passado que eternizado ficou e brota a cada geração na alma do povo deste lugar. Se nossa paisagem urbana mostra antigas e recentes cicatrizes inapagáveis que exibem  insensibilidades e ignorâncias, nossas tradições a cada dia se tornam mais fortes, mais ricas, mais singulares e envolventes. Basta assistir a uma das muitas procissões que acontecem o ano inteiro no centro histórico para dissipar qualquer dúvida sobre esta verdade. Muito ainda há por fazer e por certo muito ainda sempre haverá. Afinal, todos sabemos, o fazer cultural é u...

São João del-Rei. Sempre São João del-Rei! Salve São João del-Rei!

Não são poucos os que, olhando a São João del-Rei de hoje, suspiram, pesarosos.  Que com olhar distante, perdido no horizonte, lamentam os casarões e palacetes erguidos nos séculos passados que foram demolidos nos últimos 75 anos, dando um ritmo arquitetônico alternado e incomum a diversas áreas do nosso espaço urbano. E, nostálgicos e pessimistas, sentenciam: "É uma pena; não tem mais jeito! O Almanaque Eletrônico Tencões e terentenas pensa diferente. Quando vive a cidade fisicamente, ou a mira virtualmente, enche o peito e pensa: "Como é belo, rico e importante o muito que ainda existe em São João del-Rei! Como, nos últimos tempos e a cada dia, mais nosso patrimônio se fortalece, ganha visibilidade positiva e responsável, conquista garantia de perpetuidade e proteção, recebe zelo, cuidado e dedicação de vários setores da sociedade são-joanense! Na última semana, duas menções na imprensa - uma no jornal local Gazeta de São João del-Rei e outra no canal nacional Glo...