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Mostrando postagens de agosto, 2012

Julgamento do mensalão em São João del-Rei? Não... É só uma lembrança dos velhos tempos!

Que ainda hoje São João del-Rei é  terra muito solene, todo mundo tem certeza. Que tal solenidade vem de longas datas, ninguém duvida. O que a todos sempre surpreende é que tanta pompa, desde sempre, acontece até nas circunstâncias mais impróprias e inusitadas. Isso é o que se percebe ao ler o comentário publicado no dia 4 deste agosto na coluna Nhenhenhém da Rádio do Moreno, chamado Mensalão na Comarca de Brasília e transcrito abaixo. Nele, para referir-se a uma gafe ocorrida recentemente na capital do país, durante a abertura da primeira sessão do julgamento do mensalão, o jornalista Jorge Bastos Moreno recorreu à lembrança de uma história ( ou será estória?) contada por Tancredo Neves sobre a pompa e a circunstância que antigamente envolviam a entrada de réus no Tribunal de Júri de São João del-Rei.  Leia e divirta-se! Mensalão na Comarca de Brasília Logo na abertura da primeira sessão do mensalão, o presidente do Supremo, Ayres Britto, confundiu os nomes dos convidados

Piuí! Café-com-pão-cachorro-não! Café-com-pão-cachorro-não canta o trem de ferro de São João del-Rei.

 Historicamente tão importante quanto a riqueza barroca de São João del-Rei é o patrimônio ferroviário existente na cidade. Seus bens extrapolam o patrimônio material, móvel  e imóvel, composto principalmente pelo complexo arquitetônico da Estação Ferroviária, Rotunda, locomotivas e vagões, móveis e documentos do século XIX. Patrimônio também intangível, imaterial, se apresenta até como fenômeno e memórias auditiva e olfativa, com os apitos ora aflitos, ora alegres, ora decididos da maria fumaça e a sonoridade cardiorresfolegante dos vagões; com o cheiro oleoso da fumaça densa que envolve em nuvem o veículo muito mais que centenário. Patrimônio sentimental, de recordações e lembranças de maquinistas, foguistas, antigas crianças que acenavam adeus nos quintais e margens da linha férrea emendada por pontilhão e emoldourada de céu azul refletido em lagoas e rio. Entretanto, notícias locais dão conta de que o patrimônio ferroviário móvel de São João del-Rei está carente de atenção e cui

Assim como rei, valete e dama, conde também foi carta de ouro no baralho de São João del-Rei

Além da violência bruta das emboscadas, saques, mortes e incêndios que arrasaram o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, a Guerra dos Emboabas lançou fortes luzes sobre a semente de São João del-Rei. Por isso o governo português na Capitania das Minas de Ouro, mal acabado o sangrento conflito, em 1713 transformou o nascente arraial em Vila de São João del-Rei, mantendo nela  olhos de severa vigília. Certamente foi neste intuito que o governador da Capitania, Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, visitou a vila em 1717, ocasião em que São João del-Rei mostrou para a metrópole e para a colônia sua vocação musical. Depois voltou aqui várias vezes, ainda na segunda década do século XVIII. Dois anos depois da primeira visita, no dia 25 de agosto de 1719, novamente ele estava na Vila de São João del-Rei, pois daqui escreveu para o Senado da Câmara local informando que já estavam no Rio de Janeiro as tropas que serviriam nos quartéis desta Vila. Por isso, 

Em São João del-Rei, sino tem nome, tem voz e até anuncia a própria morte

Sonoridade, sinos, São João del-Rei. Ao "pé da letra" estas palavras não rimam, mas tão grande é a afinidade existente entre a cidade e a musicalidade, que não é errado dizer que não só elas rimam quanto são também sinônimas. É pura verdade! Assim como as bicentenárias pontes de pedra, os lampiões antigos cujos suportes lembram ferozes dragões, as torres e monumentais frontispícios das igrejas barrocas, os sinos são símbolos e signos de São João del-Rei, o que a tornou conhecida como "cidade dos sinos" e, ainda, "terra onde os sinos falam". Em São João del-Rei, desde sempre, sino tem nome de homem: Daniel, Bailão, Elias, Eliseu, Jerônimo. Até hoje eles informam, várias vezes por dia (e até à noite) o que está acontecendo ou vai acontecer dentro ou no entorno de sua igreja: novena, missa, procissão, Te Deum Laudamus, enterro, fatos e datas especiais do universo litúrgico católico. A chegada de um sino novo para a torre e seu batismo são sempre uma

São João del-Rei: a música barroca de José Maria Xavier a José Maria Neves

Agosto é o mês da música barroca em São João del-Rei. Pena que ninguém se lembra. Maior injustiça com o oitavo mês do ano, que trouxe ao mundo, em São João del-Rei, dois grandes expoentes da música barroca são-joanense. São-joanense não: brasileira. Dois José Marias, nascidos com uma diferença de apenas 3 dias. Um em um século e outro em outro. Passados 124 anos. Coincidência ou não, os dois moraram na mesma rua; o primeiro, inclusive, nasceu nela. O outro, é possível que nela também tenha nascido, mas não tive oportunidade de indagar.Que felicidade, a da Rua Santo Antônio, com seu casario colonial de altos muros e quintais de pitangueiras, jaboticabeiras, jasmins, com sua capelinha minúscula e não por isso menos preciosa, e com a sede de três das mais importantes corporações musicais de São João del-Rei - Orquestra Lira Sanjoanense, Orquestra Ribeiro Bastos e Banda Theodoro de Faria.Que outra rua, em nosso país, tem tão rica história (e tão valioso patrimônio) musical? Seus nome

Mais uma estrela no céu de São João del-Rei

Desde ontem, 14 de agosto, São João del-Rei vive um dos mais importantes momentos de seu calendário religioso-cultural: a Festa da Boa Morte. Toda a segunda-feira foi marcado pelo toque dos sinos, anunciando que "A Senhora é Morta" e à noite, dormindo a vida eterna em seu esquife de flores de pêssego, de olhos fechados, a virgem adormecida transitou pelas principais ruas, becos e largos do centro histórico são-joanense. De volta à Matriz do Pilar, foi repousada em uma urna-sepulcro, sobre a qual, selando sua majestade, se colocou uma coroa de prata, cinzelada há mais de dois séculos. Passada meia-noite,a lua levou para o outro lado a sombra da morte. Alvorada festiva, banda de música, foguetório, pétalas de rosa, toques alegres de sino desde cedo, todo 15 de agosto São João del-Rei é júbilo. Tendo dormido, mas sem passar pelos braços da morte, à sombra da Serra do Lenheiro Nossa Senhora sobe aos céus, qual Cinderela deixando cair sobre a lua crescente de prata seu sapa

Sineiros de São João del-Rei e a barroca Festa da Boa Morte

Novamente São João del-Rei está em festa barroca, desta vez em honra de Nossa Senhora da Boa Morte, de sua Assunção e Coroação. Realizada anualmente no período de 5 a 15 de agosto, é uma tradição muito antiga, surgida na metade do século XVIII e que, especialmente na terra onde os sinos falam, tem cores locais. Não só cores, mas também rica e única musicalidade,  pontuada  por três "naipes": os sinos, a orquestra Lira Sanjoanense e a Banda Theodoro de Faria. Cada qual com sua função. A banda, acompanhando e ditando ritmo às procissões, enchendo  becos e largos com notas harmonicamente cadenciadas. A orquestra, executando partituras barrocas na novena, na missa solene e de quando em quando, nas procissões. Os sinos, bem, os toques dos sinos... Dizem que o toque A Senhora é Morta de todos é o mais bonito. Executado apenas na Matriz do Pilar, noite de 13 de agosto e em determinadas horas do dia 14, parece uma conversa de anjos - contando um para o outro que a Senhora, sob

São João del-Rei, de trevas, eclipses e ofícios

Lembrança temporã, o almanaque eletrônico Tencões & terentenas reproduz abaixo um registro poético deste autor sobre o Ofício de Trevas realizado na noite da quarta-feira da Semana Santa de São João del-Rei, no ano de 1996. Quem puder, imagine e visualize! Ofício de Trevas Em qualquer parte do mundo, o eclipse lunar do dia 03/04/1996 foi apenas um fenômeno astronômico. Menos em São João del-Rei. Lá, a treva cobrindo a Terra foi parte de um ofício sagrado. A Lua, escondida por véu preto, repetiu no céu o que acontecia na nave escura da Matriz do Pilar. Matinas e Laudes. Responsórios. Cântico de Zacarias. Christus factus est. Sombras, velas, violas, trompetes e vozes. Das tribunas douradas os anjos assistiram tudo, mas no final - puro espírito, inocência e bondade - não puderam bater os pés no chão. Veja, abaixo, um belo responsório do Ofício de Trevas de São João del-Rei: Tenebrae factae sunt , do Padre José Maria Xavier, executado pela Orquestra Ribeiro Bastos