Não é de hoje que se sabe: é vasta e rica a sonoridade de São João del-Rei. Entretanto, ainda não se sabe de nenhum esforço atual para pesquisar, investigar, documentar, estudar e gerar produtos científicos e culturais sobre o universo sonoro de São João del-Rei. Exceção há de ser feita à música sacra, de compositores dos séculos XVIII e XIX, e à linguagem dos sinos, que esporadicamente despertam interesse de pesquisadores e estudiosos, gerando produções e registros.
Segundo o escritor Antônio Guerra, há 56 anos a sonoridade de São João del-Rei foi tema do 120º Concerto da Orquestra Sinfônica são-joanense, realizado em 30 de junho de 1954. Chamou-se Rapsódia São-Joanense.
No dizer de Guerra, esta rapsódia - composta por Fausto Assunção - era como um longo hino que se iniciava com melodias locais, ouvidas pelo compositor durante sua infância e prosseguia com um quadro de composições autorais chamado Paisagens São-Joanenses. Destacavam-se na primeira parte uma valsa de Marcos dos Passos, Saudades de São João del-Rei, e na segunda, vários registros de sons locais, como o
“bimbalhar, ora alegre e festivo, ora tristonho e funéreo, dos sinos de nossas velhas igrejas, ao qual seguem-se a piedosa e tocante Encomendação de Almas e o Hino ao bairro Senhor dos Montes.”
“bimbalhar, ora alegre e festivo, ora tristonho e funéreo, dos sinos de nossas velhas igrejas, ao qual seguem-se a piedosa e tocante Encomendação de Almas e o Hino ao bairro Senhor dos Montes.”
Ainda segundo Antônio Guerra, antes do movimento final, a Rapsódia incluía duas importantes peças até hoje muito conhecidas do povo de São João del-Rei: a Marcha dos Passos, composta por Ribeiro Bastos, e a Marcha da Paixão, tocada na Sexta-feira Santa, autoria de Luiz Batista Lopes.
Pelo que é dito sobre a obra, seria muito enriquecedor se a Rapsódia São-joanense fosse resgatada dos arquivos musicais e novamente acrescentada ao programa de apresentações da Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei e de outras corporações locais. E também adaptada para cameratas, corais, quintetos, quartetos, trios, duos, vivificando ainda mais o patrimônio cultural desta cidade. Além de tornar a Rapsódia conhecida das atuais gerações, seria inspiração para os músicos de hoje – maestros, compositores, instrumentistas –, estimulando novas criações e interpretações.
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Fonte: GUERRA, Antonio. Pequena História de Teatro, Circo, Música e Variedades em São João del-Rei, de 1717 a 1967. Sociedade Propagadora Esdeva Lar Católico. Juiz de Fora, 1968.
Ilustração: Vista de São João del-Rei - Aquarela de Alfredo Norfini, 1921 (Museu Histórico Nacional -RJ)
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