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Mostrando postagens de outubro, 2014

Rondó de uma imaginária noite de São João del-Rei

                                 Na minha terra,  fim do dia,                                  o sol apaga a luz da lamparina.                                  Vai deitar do lado de lá do Lenheiro                                  para certeiro sono São João adormecer.                                  De mansinho, silencioso,                                  Cordeiro de Deus                                  salta-lhe do ombro.                                  Porta afora, céu adentro,                                  cometa, estrela, lua, orvalho e vento,                                  até  a noite em claro amanhecer.                                  De seu sonho inocente,                                  deserto, água, peixe, mel e concha,                                  pomba branca lá do alto tudo encanta,                                  São João sorri, só se levanta                                  quando o sol em brilho aparecer!                 

São João del-Rei tem eira e tem beira. Tem beira-seveira, cimalha, cachorro e muitos outros beirais

Em São João del-Rei, quando ainda hoje se diz que algo ou alguém não tem eira nem beira, não se está fazendo um elogio. Pelo contrário! Sem eira nem beira quer dizer sem fundamento, descabido, sem posses nem referências, sem qualquer coisa em que se possa basear para atribuir algum valor ou reconhecimento. No período colonial, a expressão servia para designar alguém muito pobre, quase um sem-teto, já que eira, em Portugal, significava pátio ou quintal e beira o mesmo que beiral: acabamento na base do telhado, que se projetava à frente da fachada das casas residenciais e das edifícações públicas. Até as igrejas tinham, nas laterais, de telha, madeira ou em pedra, belos beirais. Passeando pelas ruas, largos e becos de São João del-Rei, quem observar a fachada das casas simples, dos casarões e dos sobrados vai se deparar com vários tipos de beirais. As famosas beiras-seveiras, que são rendilhados de duas ou três camadas de telhas, com a curvatura para baixo, fazendo um acabamento

Bendito e louvado sejam as folias, pastorinhas, congadas e catupés de São João del-Rei

Ninguém duvida da riqueza cultural de São João del-Rei. Principalmente das tradições barrocas que, herdadas do século XVIII, permanecem vivas, nas mais diversas formas de expressão: ofícios religiosos, música barroca, ricas procissões, toques de sinos, tapetes de rua e muitas outras atividades que preenchem de som, perfume e cor os 365 dias do ano de quem vive às margens do Córrego do Lenheiro. Mas existem algumas manifestações culturais que, paralelas ou periféricas às grandes celebrações litúrgicas, ainda são pouco conhecidas - e por isto mesmo pouco reconhecidas - pelos próprios são-joanenses. Entre estas, estão as folias, pastorinhas e congadas, que se apresentam por ocasião do Natal, Santos Reis Magos e São Sebastião, em janeiro, Divino Espírito Santo, em maio / junho, e Nossa Senhora do Rosário, por todo o mês de outubro. Em algumas situações, as folias e congadas podem ser vistas no centro histórico da cidade, mas seu território forte são os bairros e alguns distritos de

São João del-Rei, com glórias e louvor, agradece e pede bênçãos à sua padroeira

Desde cedo, vive hoje São João del-Rei uma atmosfera diferente. Mal o dia amanheceu e uma alegria solene está debruçada nas sacadas e nas janelas. De tempos em tempos, desde cedo, os sinos da Matriz do Pilar dobram e repicam festivos. Vestidas com um retoque a mais na roupa de ver Deus nos domingos, homens e mulheres atravessam as sete pontes de pedra e de ferro que se curvam sobre o Córrego do Lenheiro e todas levam rumo à Rua Direita, a uma escadaria e adro altivo, ao altar dourado de Nossa Senhora do Pilar, "excelsa padroeira de São João del-Rei".  Hoje, 12 de outubro, é dia de Nossa Senhora do Pilar, o que por si só todo ano, nestas terras, é motivo de louvor e festa. Mas em 2014 São João del-Rei tem um motivo a mais para celebrar: os sessenta anos da coroação pontífícia da imagem da Virgem que socorreu o apóstolo Tiago na cidade espanhola de Zaragoza. Aqui, reverenciando sua magestade, recebeu em 1954 uma grande coroa de ouro garimpado nas minas e betas da Serra do

São João del-Rei: ... houve este mundo ou eu inventei? ...

                                       "O sino da minha terra ainda bate                                          às primeiras sextas-feiras                                          por devoção ao Coração de Jesus.                                          Em que outro lugar do mundo                                          isto acontece?"                                                                                  Adélia Prado