Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista
Certamente, há quase duzentos anos, ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX. Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome José Maria Xavier.
Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana. Assim, já ordenado padre, em 23 de maio de 1846, na mesma Matriz do Pilar de seu batismo, cantou sua primeira missa solene.
Padre José Maria Xavier conciliou, com grande maestria, sua vida sacerdotal com a atividade docente, na São João del-Rei oitocentista, mas sua luminosa estrela guia foi mesmo a música. Seu reconhecimento rompeu fronteiras. Foi condecorado com Medalha de Prata, em 1872, na 5a Exposição Industrial Mineira, por suas composições sacras. O Solene Te Deum de sua autoria, executado em 25 de abril de 1881 na Matriz do Pilar em homenagem à visita do Imperador do Brasil a São João del-Rei foi registrado no diário de viagem de Dom Pedro II como "a melhor música que ouvi em Minas".
Sem dúvida, a obra do Padre José Maria Xavier é a grande marca das tradicionais celebrações barrocas de São João del-Rei. Das novenas de São Sebastião, Nossa Senhora das Mercês aos Ofícios de Trevas; das Matinas do Natal, às Matinas da Assunção de Nossa Senhora; dos Solos ao Pregador às Matinas do Espírito Santo, de Nossa Senhora da Conceição e de santos de várias invocações, de peças executadas na Festa de Passos, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão a obras que marcam o Sábado da Aleluia e o Domingo da Ressurreição - tudo tem a genialidade do grande sacerdote, professor, instrumentista e compositor sacro são-joanense.
Ironia do destino. Padre José Maria Xavier, que nos seus 68 anos de vida tantas vezes subiu aos Céus nas escadarias de sua inteligência privilegiada, de sua sabedoria invejável e de sua inspiração divina, faleceu em consequência de ter caído de uma árvore que podava em seu quintal, para alguns na Rua Santo Antônio, para outros na Rua da Prata, no dia 22 de janeiro de 1887.
Numa rua ou noutra, que importa? Engana-se quem pensa que Padre José Maria Xavier dorme o eterno sono dos justos no Cemitério do Rosário, no alto, Rua das Flores, ou vigia em bronze o sossegado Largo de belos solares onde puseram-lhe uma estátua. Padre José Maria Xavier está vivo, o tempo todo, o ano inteiro, no coro das igrejas setecentistas de São João del-Rei, nos instrumentos e vozes das orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, nos ouvidos e na memória ancestral do povo desta terra.
Relembre, abaixo, um trecho do Ofício de Trevas, uma das obras mais populares do Padre José Maria Xavier em São João del-Rei. Este ofício sacro é executado anualmente em três ocasiões: na noite da Quarta-Feira de Trevas e nas manhãs da Sexta-Feira da Paixão e do Sábado Santo.
Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana. Assim, já ordenado padre, em 23 de maio de 1846, na mesma Matriz do Pilar de seu batismo, cantou sua primeira missa solene.
Padre José Maria Xavier conciliou, com grande maestria, sua vida sacerdotal com a atividade docente, na São João del-Rei oitocentista, mas sua luminosa estrela guia foi mesmo a música. Seu reconhecimento rompeu fronteiras. Foi condecorado com Medalha de Prata, em 1872, na 5a Exposição Industrial Mineira, por suas composições sacras. O Solene Te Deum de sua autoria, executado em 25 de abril de 1881 na Matriz do Pilar em homenagem à visita do Imperador do Brasil a São João del-Rei foi registrado no diário de viagem de Dom Pedro II como "a melhor música que ouvi em Minas".
Sem dúvida, a obra do Padre José Maria Xavier é a grande marca das tradicionais celebrações barrocas de São João del-Rei. Das novenas de São Sebastião, Nossa Senhora das Mercês aos Ofícios de Trevas; das Matinas do Natal, às Matinas da Assunção de Nossa Senhora; dos Solos ao Pregador às Matinas do Espírito Santo, de Nossa Senhora da Conceição e de santos de várias invocações, de peças executadas na Festa de Passos, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão a obras que marcam o Sábado da Aleluia e o Domingo da Ressurreição - tudo tem a genialidade do grande sacerdote, professor, instrumentista e compositor sacro são-joanense.
Ironia do destino. Padre José Maria Xavier, que nos seus 68 anos de vida tantas vezes subiu aos Céus nas escadarias de sua inteligência privilegiada, de sua sabedoria invejável e de sua inspiração divina, faleceu em consequência de ter caído de uma árvore que podava em seu quintal, para alguns na Rua Santo Antônio, para outros na Rua da Prata, no dia 22 de janeiro de 1887.
Numa rua ou noutra, que importa? Engana-se quem pensa que Padre José Maria Xavier dorme o eterno sono dos justos no Cemitério do Rosário, no alto, Rua das Flores, ou vigia em bronze o sossegado Largo de belos solares onde puseram-lhe uma estátua. Padre José Maria Xavier está vivo, o tempo todo, o ano inteiro, no coro das igrejas setecentistas de São João del-Rei, nos instrumentos e vozes das orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, nos ouvidos e na memória ancestral do povo desta terra.
Relembre, abaixo, um trecho do Ofício de Trevas, uma das obras mais populares do Padre José Maria Xavier em São João del-Rei. Este ofício sacro é executado anualmente em três ocasiões: na noite da Quarta-Feira de Trevas e nas manhãs da Sexta-Feira da Paixão e do Sábado Santo.
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Fonte: CINTRA, Sebastião de Oliveira.
. Efemérides de São João del-Rei. Volume 2. Edição Revista e Aumentada. Imprensa Oficial. Belo Horizonte, 1982.
. Galeria das Personalidades Notáveis de São João del-Rei. Fundação de Apoio à Pesquisa, Educação e Cultura - FAPEC. São João del-Rei, 1994.
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+ Serviço +
Há cerca de 5 anos foram gravados e lançados dois CDs com os Ofícios de Trevas do Padre José Maria Xavier, sob regência do maestro são-joanense Marcelo Ramos. O primeiro CD está esgotado e o segundo pode ser adquirido eletronicamente de qualquer parte do país no endereço eletrônico abaixo, onde é possível, inclusive, ouvir trechos do Canto de Matinas e Laudes, compreendendo 16 antífonas, responsórios e leituras. Acesse e confira:
Gostei. obrigado pela sua explicação.
ResponderExcluirQue bom que gostou.
ResponderExcluirEspero que as informações sejam / tenham sido úteis.
Obrigado pela visita eletrônica e pelo comentário.
Grande abraço!
Aqui a tradiçao do setenario da dores toca as matinas .
ResponderExcluirSim, durante a missa que antecede o Setenário.
ExcluirPrezado Antônio Emílio da Costa: Li hoje, 8 de maio de 2021 um comentário seu a meu respeito e a transcrição de meus versos didáticos intitulados, acho, "Plenos sentidos".
ResponderExcluirAgradeço a sua generosidade, certo que estou de que "Deus é toda Palavra boa que alguém diz a nosso respeito".
Eu que agradeço sua leitura do Almanaque Digital e também seu comentário, meu caro.
ExcluirConto com sua ajuda, divulgando para outras pessoas.