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Mostrando postagens de maio, 2014

Os faustosos 300 anos e a Memória Arquitetônica de São João del-Rei

Apesar de pouco conhecida, é grande a produção acadêmica, de historiadores e de pesquisadores sobre São João del-Rei. A história da cidade desde a chegada dos bandeirantes, a descoberta do ouro e o surgimento do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, em 1703. A criação da Vila de São João del-Rei, em 1713, tendo no nome uma homenagem ao Rei Sol Português, Dom João V. Toda a evolução sócio-geopolítico-cultural  da cidade e a preservação, viva, de sua cultura barroca: as tradições religiosas mundialmente singulares, a música colonial produzida na região e até hoje executadas pelas bisseculares orquestras são-joanenses. Além disso, outros fatores que, ao longo dos séculos XIX e XX, continuaram influenciando a vida de São João del-Rei, entre eles a chegada da estrada de ferro, a industrialização, o desenvolvimento urbano e muitos outros. Hoje, à noite, ainda comemorando os 300 anos de instituição da Vila de São João del-Rei, os são-joanenses ganham um novo presente: o livro Memória

1774 - 2014: são 240 anos de fervorosa devoção ao Divino Espírito Santo em São João del-Rei

Junho ainda se anuncia, mas São João del-Rei já começa hoje a festejar, com a grandeza e o entusiasmo que são próprios do povo daqui, a descida, à Terra, do Divino Espírito Santo. Na cidade, simultaneamente, acontecem duas festas - uma de cunho mais popular, no bairro de Matosinhos,  e outra de tradição barroca, no coração do centro histórico. A mais movimentada delas começa nesta quinta-feira, antigo Dia da Ascensão do Senhor, no santuário de Bom Jesus de Matosinhos. Consta que ela acontece desde 1774 e que, em 150 anos, se tornou uma das mais importantes festas do Divino de Minas Gerais, tão grandiosa que foi elevada a Jubileu. Mas, segundo alguns estudiosos, por interesse da Igreja ela foi suspensa no começo do século XX, pelo arcebispo de Mariana, e só voltou a ser realizada há cerca de 30 anos, por anseio e ação da comunidade. E desde então já recuperou, em muito, sua importância regional. A programação do Jubileu do Divino Espírito Santo de Matosinhos é muito intensa, e t

Despedida de maio em São João del-Rei (suíte)*

                                                    Maio,                                                     mansamente                                                     e aos poucos                                                     se despede.                                                     Vai-se embora.                                                     Azul e branco.                                                     Suave e sereno                                                     terno e doce sorriso                                                     de Nossa Senhora. * Dedicado ao amigo Oscar Araripe e à sua missão de - com inspiração, telas, cores e pincéis - espalhar flores pelo mundo

Ventos tecnológicos semeiam para os quatro cantos do mundo a cultura e a arte de São João del-Rei

Quem pensa que o velho e o novo são inimigos; que o ontem, o hoje e o amanhã não dialogam, não conhece São João del-Rei. Não é senso comum, mas a visão dinâmica reconhece que a face "heterogênea" da paisagem urbana são-joanense é fruto de um coração que pulsa vivo há 300 anos. Umas vezes ingênuo, outras inocente, iludido e algumas até ingrato, mas involuntariamente vivo diante do novo que chega a cada estação. O tempo, ao movimentar os ponteiros do relógio da Matriz, à revelia dos são-joanenses leva consigo muita coisa: certezas, crenças, costumes, saberes, sonhos. Só o cultivo da lembrança e da memória podem deter dele esta desesperada ação. Mas o que desconfiadamente é visto de "esgueio" pelos conservadores e saudosistas - a tecnologia -, tem se mostrado valorosa aliada da cultura de São João del-Rei nestes tempos digitais, ao registrar e disponibilizar para mundo, pela internet, a riqueza singular de nossa terra. Blogs, perfis pessoais e institucionais no

Mágico caleidoscópio colorido dos becos, encruzilhadas e esquinas de São João del-Rei

A paisagem urbana de São João del-Rei é um caleidoscópio mágico e colorido. A cada passo que se dá, janelas trocam de lugar. Esquinas mostram encruzilhadas.Telhados se transformam em torres. Praças viram pontes. Largos se estreitam em becos. Todos entrelaçados, como secular trama do tempo. Observivendo tão misterioso cenário, o professor, escritor e poeta são-joanense Hélio da Conceição Silva traçou em palavras este poético e austero retrato:                                                        Três becos                                                 O Beco do Cotovelo                                                e o Beco da Romeira                                                têm um ponto em comum.                                                Ambos ligam dois largos -                                                 duas praças majestosas.                                                O Beco do Cotovelo                                                  tem form

Depois de 300 anos, caminhos de ouro fazem rebrilhar recantos de São João del-Rei

O ouro não acabou em São João del-Rei. Mesmo esgotados, os veios estão sendo redescobertos, novamente escavados, e cintilando um sol dourado nas frestas de suas fendas e galerias. Do mesmo modo que fêz nos anos setecentos, os caminhos do ouro agora farão reviver e rebrilhar os eldorados destinos. Não mais bandeirantes cruzando montanhas com seus arcabuzes, nem faiscadores com seus almocrafes cortando a pedra, ou, ainda, garimpeiros, com bateias, peneirando rios. Só que agora são outros tempos. O ouro de hoje é o turismo. Revirando as páginas de sua história, escrita na paisagem urbana, São João del-Rei descobriu um grande tesouro: 20 betas de ouro que, por suas escuras e frias galerias, levam a ruas de uma cidade subterrânea, escavada a muitos metros de profundidade. Quase todas as galerias estão entupidas pelo lixo urbano, mas nada que a decisão política, a consciência patrimonial e o envolvimento da comunidade não possa solucionar. Uma beta de ouro desativada, situada n

Os sinos estão para São João del-Rei assim como o Papa está para Roma e a Rainha para a Inglaterra...

Os sinos são  tão onipresentes em São João del-Rei que não é engano dizer que eles estão para a barroca cidade assim como as pirâmides estão para o Egito, a Torre Eiffel está para Paris, a Estátua da Liberdade está para Nova Iorque e o monumento do Cristo Redentor está para o Rio de Janeiro. É impossível não vê-los e não ouví-los. No centro histórico de São João del-Rei os sinos estão em toda parte, soberanos e imponentes, do alto das torres coloniais. Seus dobres, repiques e badaladas - ora melancólicos, ora felizes; ora austeros, ora festivos; ora sóbrios, nunca instintivos - falam várias vezes por dia coisas que, atualmente, só os são-joanenses mais vividos conseguem entender e compreender. Também em pontos mais afastados, porém bastante visíveis, eles estão: no Morro da Forca, na capelinha do Bonfim, na bucólica igrejinha da colina do Senhor dos Montes, e até na maior praça do movimentado bairro de Matosinhos. Por sua expressividade e representatividade como ícones da cidade

Doces lembranças de maio em São João del-Rei

O Dia das Mães, como é hoje, é coisa nova em São João del-Rei. Não tem mais do que cinqutenta anos - muito pouco diante dos três séculos de história da cidade. Mas de outro modo, as mães sempre foram homenageadas no quinto mês do ano na terra "onde os sinos falam". Aliás, eram exatamente eles - os sinos - que às seis da tarde, hora do Ângelus, anunciavam estar acabando mais um dia do Mês de Maria e ser hora de as famílias rezarem o terço, em casa, em volta do rádio, ou as pessoas solitárias, em conjunto e em voz alta, na penumbra das igrejas. Mês azul de céu claro, estrelas vivas, vento manso, sereno ameno e perfumado, era um tempo doce. Libertos das penitências, sacrifícios, jejuns e abstinências da Quaresma, os são-joanenses desfrutavam com calma o outono, vendo dia a dia chegar mais perto a Festa do Divino Espírito Santo, da Santíssima Trindade, do Corpo de Deus, de Santo Antônio, de São João, e com elas o frio severo de manhãs orvalhadas, neblinas vespertinas e m

As boas coisas de São João del-Rei: a Taberna d'Omar e seus mistérios...

Em São João del-Rei, dizem que os menores frascos guardam os melhores perfumes e secretam os piores venenos. Quem aqui conhece a Taberna d'Omar não só confirma este adágio quanto fica completamente intrigado: como pode em um lugar tão diminuto se encontrar tantas coisas boas? Diminuto é quase pouco, pois o lugar é - alegoricamente falando - uma pepita de prata onde a Rua Direita fica estreita no centro histórico de São João del-Rei. Mas ali se degusta, e também se compra, o que de mais delicado e refinado existe para o paladar de quem procura uma pausa. Cervejas artesanais, cachacinhas especiais, drinks descomunais, chás orientais, sucos frugais, petiscos transcedentais e até mesmo o irrecusável cafezinho, que é a bebida preferida de muitos mortais. Queijo catauá do João Dutra? Lá tem. Doce de leite Caxambu? Lá tem. Geleias da própria casa? Lá tem... Livros do Professor Gaio? Lá tem. CDs das orquestras barrocas e dos músicos de São João del-Rei? Lá bem podia ter... Poucas m

Cruz enfeitada: lembrança desbotada pelo tempo na paisagem colonial de São João del-Rei

Três de maio é o Dia da Santa Cruz - uma data comemorativa outrora muito marcante no calendário religioso de São João del-Rei. Entretanto, nas últimas décadas, uma bela tradição relativa a este dia praticamente desapareceu da área urbana são-joanense, principalmente no centro histórico: a colocação de cruzes enfeitadas na porta das casas. Geralmente adornadas com flores naturais (crisântemos pequenos, em São João del-Rei antigamente conhecidos como "monsenhor") ou de papel crepom, ou simplesmente cobertas com papel de seda repicado, eram adereços coloridos que - em contraste com as portas azuis, vermelhas, verdes, cinzas, amarelas ou marrons - davam viva alegria à paisagem colonial de nossa cidade. As cruzes enfeitadas ficavam nas fachadas até que se desbotassem pela exposição ao sol, à chuva e ao sereno do inverno, que em São João del-Rei já começa forte nesta época do ano. Funcionavam como a guirlanda natalina, porém pendurada na porta no terceiro dia de maio, como d