Se Londres tem o Big Ben, São João del-Rei tem o relógio da torre esquerda da Matriz do Pilar, em cuja face fica o sino da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Para os são-joanenses, sem dúvida, o relógio da Matriz do Pilar é mais importante do que seu irmão inglês, instalado na Torre de St Stephen, Palácio de Westminster.
O relógio da Matriz do Pilar é um dos símbolos visuais e sonoros mais fortes de São João del-Rei. Com seus ponteiros e batidas, ora no sino grande, ora no sino pequeno, dia e noite, de quinze em quinze minutos, lembra aos são-joanenses que todos vivemos, em cada minuto, toda a eternidade. Que a eternidade, assim como Deus, sempre existiu e sempre existirá, mas o homem não. Que depois de morto, dele só restará a lembrança de seus atos, de seus feitos, de suas produções, de suas obras, numa recordação que construirá a memória de sua existência. Somente pela memória, depois de morto, o homem continuará - para sempre, por séculos, décadas ou apenas por poucos anos - no mundo dos vivos.
A diferença de idade entre os dois relógios também não é tão grande: enquanto o inglês foi instalado em 1859, o relógio da Matriz do Pilar de São João del-Rei veio da Holanda e subiu para a torre em 1905. Mas o que são 46 anos (menos de meio século!) quando se está falando em eternidade?
Sempre pontual e na hora certa, sem adiantar nem atrasar, o relógio da Matriz do Pilar não pára nunca. Apenas na Sexta-feira da Paixão, em tristeza e respeito pela morte do Senhor, ele marca as horas em silêncio. Abafado pela amargura, neste dia não anuncia - nem no sino grande, nem no sino pequeno - a passagem do tempo...
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Fonte: ALVARENGA, Luís de Melo. Catedral Basília de Nossa Senhora do Pilar de São João del-Rei. Gráfica Sociedade Propagadora Esdeva.1971.
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