Assim como os modernistas, tropicalistas também passaram por São João del-Rei. E deixaram compromissos e saudades!
São-joanenses menores de 55 anos certamente não se lembram, mas a dois de outubro de 1973 o Teatro Municipal de São João del -Rei foi palco de um dos mais importantes shows do movimento tropicalista. Naquele dia, o antológico Índia, de Gal Costa, passou pela cidade.
O espetáculo foi um marco na trajetória da música popular brasileira. O repertório resgatava Cascatinha e Inhana, Dalva Oliveira, Lupicínio Rodrigues, Adoniran Barbosa, Geraldo Pereira e Luiz Gonzaga, mesclando-os com os vanguardistas Wali Salomão e Jards Macalé, com os exilados Caetano Veloso e Gilberto Gil – todos em volta do até então desconhecido Luiz Melodia.
Desde aquele tempo musa e ícone, Gal Costa mostrou-se impacto, ruptura, re-ligação, sensualidade, inesperado e surpresa. O avesso do óbvio. Vasta e volumosa cabeleira, enfeitada por um cravo e uma rosa. Branco e vermelha. O vermelho da rosa tingia de vermelho o batom, que escorria para o vermelho do vestido, generoso no decote e nas múltiplas e infinitas fendas, que deixavam, desde a raiz, coxas à mostra, costas desnudas, pés descalços. Censura 18 anos, rapazes tímidos, diante do encantamento aliciante e sedutor, também ficavam vermelhos, perdiam o ar.
Suspiros e silêncio, quando no tamborete, com violão, marcava tempos e compassos com o movimento horizontal dos joelhos. Da Maior Importância, Presente Cotidiano, Trem das Onze, Desafinado, Ave Maria do Morro, Volta, Vapor Barato. Hipnose absoluta na plateia quando, elétrica, corria e girava por entre os músicos no palco, Dê um Rolê, Milho Verde, Baby, Assum Preto, Passarinho, Como Dois e Dois, Divino Maravilhoso, Falsa Baiana, Meu nome é Gal. Fatal.
Suspiros e silêncio, quando no tamborete, com violão, marcava tempos e compassos com o movimento horizontal dos joelhos. Da Maior Importância, Presente Cotidiano, Trem das Onze, Desafinado, Ave Maria do Morro, Volta, Vapor Barato. Hipnose absoluta na plateia quando, elétrica, corria e girava por entre os músicos no palco, Dê um Rolê, Milho Verde, Baby, Assum Preto, Passarinho, Como Dois e Dois, Divino Maravilhoso, Falsa Baiana, Meu nome é Gal. Fatal.
Não ficou, na cidade, registro nenhum da passagem de Gal Costa por São João del-Rei. Foto, cartaz, ingresso, contrato, nota fiscal, autógrafo... Se existe alguma coisa, é segredo valioso, guardado a sete chaves, pois ninguém o conhece e nem nisso se fala. Quem tiver, ou souber, seja generoso, os apresente.
Mas quem assistiu ao show India no Teatro Municipal são-joanense, naquele distante dois de outubro, tem na memória, inapagável, a magia transgressora e poética de uma proposta artística antropo-auto-fágica, que buscava no ontem musical do país força para enfrentar e sobreviver à repressão absoluta e homicida dos anos de chumbo. Ao resgatar, reler, decodificar, recodificar e ressignificar os patriarcas musicais, os tropicalistas, inspirados nos modernistas, sabiam estar abrindo trilhas para um futuro de dignidade e democracia.
Mas quem assistiu ao show India no Teatro Municipal são-joanense, naquele distante dois de outubro, tem na memória, inapagável, a magia transgressora e poética de uma proposta artística antropo-auto-fágica, que buscava no ontem musical do país força para enfrentar e sobreviver à repressão absoluta e homicida dos anos de chumbo. Ao resgatar, reler, decodificar, recodificar e ressignificar os patriarcas musicais, os tropicalistas, inspirados nos modernistas, sabiam estar abrindo trilhas para um futuro de dignidade e democracia.
De uns e de outros, São João del-Rei foi testemunha. Agora, que venham – ou brotem daqui mesmo! - pós-modernistas e neo-tropicalistas!
Enquanto eles não chegam, vejamos os vídeos com a tela no tamanho máximo e o som no mais alto volume. Barato Total!
Enquanto eles não chegam, vejamos os vídeos com a tela no tamanho máximo e o som no mais alto volume. Barato Total!
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