Pular para o conteúdo principal

São João del-Rei se veste de cor, música e festa, para alegremente louvar Nossa Senhora do Carmo

Desde as primeiras horas deste sábado, os anjos se esbarram apressados nas vias celestes de São João del-Rei. Tecem guirlandas, espalham perfumes na brisa matutina, ajeitam estrelas brilhantes, afinam liras, sopram brasas nos turíbulos, queimam incensos aromáticos. Vez por outra param e contemplam: como é belo o amanhecer e o transcorrer do dia 16 de julho em São João del-Rei!

Quando o horizonte clareia e chega o sol dissipando a neblina densa de inverno, nas ruas, becos e travessas próximos à Igreja do Carmo não é muito diferente do que acontece no céu. Homens, mulheres e crianças são-joanenses varrem as calçadas, conversam alto, enfeitam as fachadas de suas casas, penduram colchas de renda nas  sacadas, colocam vasos de flores nas janelas, cordiosamente fazem - no grande largo colonial - tapetes coloridos de areia, pó de café, serragem, pétalas, devoção, afeto  e fé. Por ali, Nossa Senhora do Carmo vai passar, sorrindo misericórdia, acenando piedade, distribuindo bênçãos, espalhando esperanças, e até alguns milagres. Quem tem fé, acredita que é assim...

Enquanto a noite não chega e traz a esperada procissão, na igreja, missa de hora em hora, com coros, corais, orquestra. Tudo anunciado pelos sinos, inclusive a alvorada musical do amanhecer. Em São João del-Rei, viva Nossa Senhora do Carmo!

Comentários

  1. Emilio! Que bom poder apreciar a Festa do Carmo, mesmo a distância! Parabéns! Estou sempre acompanhando por aqui! abraços Paullo Soares

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j