A efervescência cultural que São João del-Rei vive neste mês de julho certamente é uma condição cidadã desejada por muitas cidades. A soma das tradições religiosas e populares centenárias com as múltiplas e plurais manifestações, linguagens e expressões artísticas contemporâneas resulta em uma ambiência que transpõe, transcende, traspassa e ultrapassa o universo artístico, lúdico, idílico e onírico e impulsiona o surgimento de um universo propício para inovações, renovações, mudanças e transformações.
A arte, se por um lado ilude, por outro faz mágicas reais.
O tema central do festival Inverno Cultural 2011 - Sentidos do Corpo - e as várias formas como tal "enredo" há uma semana sendo desenvolvido e evoluindo "na avenida São João del-Rei", coincide com o pensamento acima. A diversidade, variedade, pluralidade, multiplicidade (e todos os pleonasmos mais) das apresentações, oficinas, shows, exposições, recitais, palestras, eventos, festas, e muito mais estão a construir um caleidoscópio sem igual: sagrado e profano, local e universal, primitivo e digital, concreto e abstrato, erudito e popular, científico e empírico, culto e intuitivo - limites rompidos e fronteiras desfeitas todos se dão as mãos, se misturam, se igualam, se equiparam. Nem que seja miragem, delírio, simulação de realidade permitida apenas em tempo e espaço provisórios, pactuados e hipotéticos. Utopia.
Mas a utopia é o norte humano, principalmente para quem acredita que o homem nasceu para encontrar o paraíso; que a felicidade deve ser o destino final da humanidade. Julho, em São João del-Rei, é um ensaio para isso: a simulação do Paraíso, mesmo sabendo das catástrofes e dos cataclismas sociais que, qual cometas, correm no céu sobre nossas casas e nossas almas são-joanenses.
Comentários
Postar um comentário