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No Dia de Santa Cruz, que tal fazer um passeio pelas cruzes e cruzeiros de São João del-Rei?


 No Dia de Santa Cruz, um passeio pelo centro histórico e entorno da região central de São João del-Rei mostra um número impressionantea cidade possui, espalhadas aos quatro ventos em um raio não muito extenso, mais de 40 cruzes, nas igrejas, portão de cemitérios, pontes, passinhos, praças, largos, morros e locais mais inusitados. Muitas cruzes foram erigidas nos séculos XVIII e XIX.

Algumas  - os cruzeiros - têm em si diversos estigmas da Paixão: coroa de espinhos,suplícios, sudário, lanças, lençol em forma de M, martelo, escadas, torquesa, túnica, dados, cálice, cana verde, cravos, corda, coluna, a placa com a inscrição INRI (ou JNRJ) e até, no ponto mais alto e sobre tudo, o galo que cantou três vezes antes da negação e pranto de São Pedro. A História conta que os mais conhecidos cruzeiros de São João del-Rei foram erigidos pela Irmandade de São Francisco da Penitência.

No raiar e avançar dos anos setecentos em Minas, as cruzes e cruzeiros levantados em diversos locais das vilas mineradoras tinham funções diversas, tanto religiosas quanto mágicas. Inclusive espantar o "inimigo", afastando os maus espíritos e as assombrações que "teimavam em insuflar brigas  e confusões nas áreas de garimpo" - conta em interessante ensaio o historiador Meynardo Rocha de Carvalho (1).

Além disso, naquela época se acreditava que o símbolo maior do sacrifício de Cristo, transformado em monumento público, tinha a força de defender a população contra os perigos das doenças, dos conflitos familiares e dos malfeitores, o que era reforçado pelo imaginário de que, no dia 3 de maio, Nossa Senhora descia do céu às vilas do ouro, beijando as cruzes que estivessem enfeitadas e distribuindo graças para o dono da casa.

O professor Antonio Gaio (2) publicou um artigo sintético e consistente sobre diversos cruzeiros de São João del-Rei. Falando sobre o Cruzeiro das Mercês, ele conta: "Ficava abaixo da escadaria, próximo ao Passinho do Encontro, circundado de viçoso jardim e guarnecido de elegante gradil. Fora erguido tempos antes pelo padre francês Miguel Sípolis, diretor do Caraça até 1867. Daí se infere a antiguidade deste Cruzeiro, junto ao qual se realizavam festas no Dia da Invenção da Santa Cruz."

Gaio continua: "Em 1923, a pedido da Câmara Municipal, a Fábrica da Matriz o transferiu para o alto, onde permanece soberano até os dias atuais. Antes disso, a sessão da Câmara realizada no dia 13 de outubro de 1869 fez menção a este Cruzeiro, situando-o em frente à casa do capitão Pedro Alves de Antrade."

Veja, no link abaixo, uma matéria veiculada no programa Terra de Minas sobre as cruzes e cruzeiros de São João del Rei

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Fontes :
(1) CARVALHO, Meynardo RochaO Culto à Santa Cruz em Minas do Ouro: religiosidade popular no Bispado de Mariana, 1745/1830 - http://www.descubraminas.com.br/Upload/Biblioteca/0000114.pdf


(2) GAIO, Antonio - Cruzes e Cruzeiros de São João del-Rei. Jornal da ASAP -
http://www.saojoaodelreitransparente.com.br/works/view/16

Ilustração: Reprodução de imagem do programa das Comemorações dos Passos em 1994

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