Se é verdade que os mineiros são "come-quietos" e que "Minas trabalha em silêncio", os são-joanenses podem ficar tranquilos: as comemorações dos 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes à categoria de Vila, com o nome de São João del-Rei, em 2013, serão um sucesso retumbante.
Mesmo sem alardes, sequer sem notícias, se é verdade o ditado popular acima, já devem estar sendo programados e preparados eventos e produções culturais compatíveis com a importância e grandiosidade do fato histórico a ser celebrado, que nos remonta a dezembro de 1713 - infância de Minas. Porém, pelo imaginado, tudo vem sendo cuidado inconfidentemente, "sob sete chaves".
Poder público, instituições acadêmicas e culturais, organizações governamentais e não-governamentais, pesquisadores, intelectuais, todos enfim que de algum modo têm missão ou compromisso com a história, a memória, a cultura, o turismo e o desenvolvimento social e econômico de São João del-Rei precisam ter em mente que 2013 já bate à nossa porta. E que realizações culturais requerem dedicação, tempo, competência, organização, responsabilidade, agilidade, desprendimento, objetividade e, principalmente, espírito coletivo e compromisso com o bem comum. E também, quase sempre, patrocínio...
Para serem de fato importantes para São João del-Rei, é ideal que as comemorações sejam dedicadas e destinadas ao povo de são-joanense - autor, protagonista, sujeito, objeto, agente e proprietário legítimo da história cultuada. Eventos oficiais e formalidades são próprios, mas em geral soam como expressão da (e reverência à) aristocracia decadente porque em geral se limitam a uma esfera de poder que para a atualidade tem cheiro de naftalina. Do mesmo modo, bom será se as comemorações conseguirem não se esgotar em si próprias, deixando resíduos que impulsionem transformação, fortalecimento e desenvolvimento cultural, econômico, social e acadêmico.
Nesta perspectiva, a programação será tão mais grandiosa e edificante quanto mais acontecer em praças públicas, envolver o maior número de pessoas de todas as condições sociais e econômicas, gerar produtos culturais duradouros que difundam a cultura, a história e a memória de São João del-Rei, inclusive constituindo subsídios e apoio para outras e futuras produções. E também quanto mais incentive e promova a revitalização, preservação e conservação de bens, edifícios e áreas urbanas de importância patrimonial, como por exemplo o Chafariz da Legalidade. Pensar na "descoberta" e "reconquista" da Ponte da Misericórdia é sonhar muito alto? E o projeto de conservação / preservação estrutural da Matriz do Pilar?
Ativação e inauguração do Museu da Rua das Flores, concertos, festivais, relançamento de livros antigos importantes sobre São João del-Rei, exposições, concursos, restauração de peças sacras, partituras e bens museológicos, cursos, seminários e ciclo de palestras, mostras de teatro, cinema e folclore, bailes públicos, enredos carnavalescos - enfim absoluta efervescência cultural, consistente e responsável. Tudo isto será muito bem-vindo!..
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Foto: Detalhe da portada da igreja do Carmo, de São João del-Rei, considerada uma das seis mais belas obras de Aleijadinho
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