As Comemorações dos Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo a Caminho do Calvário constituem um marco nas cerimônias que antecedem a Semana Santa em São João del-Rei. Esta condição ganha maior destaque considerando que não possui similar nas demais cidades históricas mineiras nem em outras cidades brasileiras nascidas no tempo colonial. Além disso, não são unicamente representações culturais, mas continuam vivas, como manifestações de religiosidade que reúne, organiza, articula e propaga uma infinidade de signos, símbolos e sinais que, integrados, formam uma linguagem e um discurso muito próprios. Tanto que a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, promotora da “Festa”, com muita propriedade, fez constar no programa de divulgação das solenidades, o slogan “Fé. Tradição. Cultura.”
A realização litúrgica envolve todos os sentidos, conjuga muitos elementos, que possuem os mais diversos significados. Vários são explícitos e consagrados pela percepção inequívoca e inquestionável; outros deixam indicações para que se estabeleçam significações ainda não reconhecidas ou imaginadas. Por tudo isso, a Festa dos Passos é um canal perfeito para o estabelecimento de contatos sensoriais, cognitivos, intelectuais e transcendentais do homem são-joanense com o divino.
Visão, audição, olfato, tato, paladar são provocados e estimulados, de muitas formas. Na cor roxa dos tecidos, das roupas das imagens, das flores que enfeitam os andores, das fitas que adornam os sinos. Nas músicas, nos sons, nas melodias, nas vozes, nos instrumentos, no toque dos sinos, na marcha das bandas, nos motetos da Orquestra Ribeiro Bastos. No perfume do rosmaninho, do manjericão, do incenso, da colônia aplicada sobre a fita que se beija,da pipoca quente estourada no carrinho e vendida na praça. No toque suave dos lábios na fita roxa que pende das imagens, da mão no veludo dos mantos e das túnicas sagradas, na cruz de madeira. No sabor das amêndoa-doce, do quebra-queixo, da pipoca, do algodão-doce e de todas as guloseimas vendidas na praça onde as imagens se encontram, comandadas pelo sermão. E também do lombo, com tutu e macarronada, que geralmente se come no Domingo de Passos.
Tudo tem sentido no ritual litúrgico que relembra os “Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo a Caminho do Calvário”. Do grande e imponente pendão roxo - onde se lê em ouro S.P.Q.R. - com longas cordas e pingentes dourados, carregado pelos nobres “doutores” da sociedade são-joanense, até o sem-igual pálio vermelho, reproduzindo, em bordado a fio de ouro, os estigmas da Paixão e o céu estrelado.
Até o que não se imagina, pode ter sentido. Como por exemplo serem cinco as capelas-passos, ou, na intimidade, nossos Passinhos. Não são cinco as chagas de Cristo? Dizem que Deus está no Céu, na Terra, em Toda Parte! Está muito mais na nossa cabeça, quiçá em nosso coração...
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+ Serviço +
6ª Feira das Dores (Procissão do Depósito de Nossa Senhora das Dores) – 1º de abril – 19 horas – Matriz do Pilar
Sábado de Passos (Procissão do Depósito de Nossa Senhor Bom Jesus dos Passos) – 2 de abril – 19 horas – Matriz do Pilar
Domingo de Passos (Rasouras e Procissão do Encontro) – 3 de abril (8h, 9h e 17h30) – Igrejas do Carmo e de São Francisco de Assis
Crédito da ilustração: reprodução de foto de folder-programa da Irmandade dos Passos
Crédito da ilustração: reprodução de foto de folder-programa da Irmandade dos Passos
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