Pular para o conteúdo principal

Carnaval de São João del-Rei vira o mundo de pernas pro ar


Tradicionalmente, quando se pensa em carnaval, a primeira coisa que vem à mente é o samba. Porta-bandeiras, mestre-salas, passistas, cabrochas, mulatas, destaques, baianas, carros alegóricos, as baterias e suas madrinhas estonteantes. O maior espetáculo da terra a contar estórias e histórias, ora fabulosas, ora cotidianas.

Também se lembra do frevo autenticamente pernambucano e dos blocos de axé que, criados na Bahia, como produtos industriais e de massa são reproduzidos nos estados brasileiros em que é pouco expressiva a cultura do carnaval.

A imagem de fantasiados, de blocos de sujo e do espontâneo carnaval de rua, sem esforço, também vem à nossa lembrança. Mas alguém já pensou em brincar o carnaval virando cambalhotas? Girando verticalmente 360 graus em torno de si próprio, só pra ver o mundo de cabeça pra baixo? Alguns são-joanenses pensaram.

E não só pensaram quanto há onze anos comemoram, deste modo, o reinado de Momo. É o bloco Unidos da Cambalhota!

Predominando a cor azul, num tom que estilizadamente sugere o espaço sideral visto da terra em dia claro, ou o amarelo, que lembra o ouro e o sol, os "cambalhotas" desfilam pelo centro histórico de São João del-Rei fazendo esta acrobacia. Para isso, levam grandes colchonetes que de tempo em tempo, de espaço em espaço,  desenrolam sobre o chão de pedras para, sobre eles, virarem divertidas e acrobáticas cambalhotas. Estrelinha também vale...

O Unidos da Cambalhota tem samba-enredo e tudo. Em 2011, por exemplo, o homenageado será Jota Dângelo, ícone sagrado do carnaval são-joanense, nos últimos anos, com justiça, bastante reverenciado por seus méritos culturais. Mas também são homenageados a população, que prestigia tão inusitado e original cortejo, e os próprios "acrobatas", pela coragem de transformar em realidade, naquela tarde, um sonho muito especial: voltar a ser criança e desafiar o mundo em divertidas cambalhotas!


..................................................
    Serviço    
 O bloco Unidos da Cambalhota desfila no sábado de carnaval, saindo às 16 horas do Largo São Francisco, passando pela Rua da Prata, Largo do Rosário, Rua Artur Bernardes, Ponte da Cadeia,  até a Avenida Tiradentes, onde "desconcentra" por volta das 21 horas.

Ilustração: imagem copiada de http://www.unidosdacambalhota.com.br/fotos/2002/frameset.htm

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j