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Desde 1717, a música é a mãe das artes em São João del-Rei


Aproximando da ilustração de que Deus, no ato da Criação, após moldar o homem de barro e falar-lhe algumas palavras, deu-lhe vida com um sopro e, desta forma, colocou  dentro dele todo o universo, que o perpassa por meio da respiração, a história mostra que, em São João del-Rei, a música foi e ainda é o sopro vital de todas as artes. Refletindo a este respeito, Antonio Guerra, na obra Teatro, Circo, Música e Variedades em São João del-Rei -1717 a 1967, inspirado no historiador são-joanense Fábio Nelson Guimarães, escreveu:
São João del-Rei pode se ufanar  de ter sido o berço ou a segunda infância das artes nas terras de Minas Gerais, no século inicial da colonização  do Estado. O espírito artístico germinou no seio das corporações musicais, concorrendo como moldura incentivadora para a implantação das artes cênicas.
O ouro das serras ergueu e ornou os templos, semeados pela crença inata dos reinóis, criando obras  em arquitetura e escultura. Surgiram, então, a música e outros trabalhos com características próprias, fluentes do misticismo das igrejas, como apanágio da religiosidade do povo.  A música a vivificar o sentimento religioso, como complemento das construções barrocas.”
O primeiro registro da atividade musical em São João del-Rei data de 1717, quando o maestro Antonio do Carmo liderou uma banda de música no Morro do Bonfim, na chegada do governador D. Pedro de Almeida, Conde de Assumar, que viera visitar o arraial surgido  em 1703 e elevado à categoria de vila em 1713, portanto apenas dez anos depois.
Sobre esta, que talvez tenha sido a primeira visita de uma importante autoridade à cidade, os registros feitos por Samuel Soares de Almeida, existentes no Arquivo do Patrimônio (GUERRA: 1968, 15), descrevem que:
O Governador Conde de Assumar, sendo recebido à entrada da Vila de São João del-Rei, com todo o cerimonial da época, seguindo-se as solenidades religiosas e profanas usuais. Na entrada da Vila se achava construído, por ordem do Senado da Câmara, um excelente pavilhão, ornado com riqueza e decência possível, onde se achava o Ouvidor, o presidente do Senado e mais vereadores para pegarem nas varas do pálio, debaixo do qual foi conduzido o governador, precedido dos homens bons... que marchavam ao som de uma música organizada por mestre Antônio do Carmo até a igreja matriz, onde o vigário entoou Te Deum ... Houve iluminação geral por três noites em toda a vila.
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Fonte: GUERRA, Antonio. Pequena história de teatro, circo, música e variedades em São João del-Rei, 1717 a 1967. Sociedade Propagadora Esdeva, Lar Católico, 1968.

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