Às vésperas de se comemorar, em 2011, o Dia Internacional da Mulher, é tempo de fazer uma revisão e um esforço de reconhecimento ao importante papel da mulher na história de São João del-Rei. Com este objetivo, Tencões & terentenas lembra aqui a figura de Bárbara Heliodora.
Voltando ao primeiro século da história local, muito provavelmente ao ano de 1758, vimos surgir no céu da Vila de São João del-Rei a "estrela do Norte", Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. De beleza sem igual na metrópole e na colônia, aos 20 anos, Bárbara "bela" iluminou a vida do inconfidente Alvarenga Peixoto, mas - vanguarda na época - manteve independência e brilho próprio. Invertendo a ordem vigente, casou-se depois de ser mãe. Mesmo casada, conservou o nome de solteira. Em um tempo em que no Brasil Colônia eram raras as mulheres alfabetizadas, ela, letrada, escrevia e declamava poemas. Após o degredo do marido para a África, assumiu a responsabilidade de administrar os negócios da família, inclusive recuperou parte dos bens que, devido à Inconfidência Mineira, haviam sido confiscados pela Coroa Portuguesa.
História tão singular fez de Bárbara uma figura lendária, dramaticamente convertida pelo imaginário popular em uma mulher atormentada, que morreu demente em São Gonçalo do Sapucaí em 24 de maio de 1819. Mas estudiosos, analisando sua história, especialmente as últimas décadas de sua vida, encontraram evidências de sua grande capacidade administradora e de notável habilidade para manter em família bens que estavam ameaçados de sequestro, contrariando a hipótese da loucura e revelando uma mulher forte, atuante e à frente de seu tempo.
São João del-Rei reconhece o valor e tem orgulho de Bárbara Heliodora, mas, na verdade, concede poucas homenagens à sua memória. A casa onde nasceu e provavelmente passou a infância, no Largo São Francisco, é joia colonial destacada na paisagem barroca. Um austero cenotáfio negro, na entrada esquerda da Matriz do Pilar, lembra seu nascimento e o bastismo naquela igreja. Entretanto, nenhum monumento ou estátua, nenhuma praça, sequer um jardim, nenhum teatro, biblioteca ou galeria de arte levam seu nome ou lembram sua história. A cidade tem esta dívida para com Bárbara Heliodora, o que também é uma dívida para consigo própria...
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Voltando ao primeiro século da história local, muito provavelmente ao ano de 1758, vimos surgir no céu da Vila de São João del-Rei a "estrela do Norte", Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. De beleza sem igual na metrópole e na colônia, aos 20 anos, Bárbara "bela" iluminou a vida do inconfidente Alvarenga Peixoto, mas - vanguarda na época - manteve independência e brilho próprio. Invertendo a ordem vigente, casou-se depois de ser mãe. Mesmo casada, conservou o nome de solteira. Em um tempo em que no Brasil Colônia eram raras as mulheres alfabetizadas, ela, letrada, escrevia e declamava poemas. Após o degredo do marido para a África, assumiu a responsabilidade de administrar os negócios da família, inclusive recuperou parte dos bens que, devido à Inconfidência Mineira, haviam sido confiscados pela Coroa Portuguesa.
História tão singular fez de Bárbara uma figura lendária, dramaticamente convertida pelo imaginário popular em uma mulher atormentada, que morreu demente em São Gonçalo do Sapucaí em 24 de maio de 1819. Mas estudiosos, analisando sua história, especialmente as últimas décadas de sua vida, encontraram evidências de sua grande capacidade administradora e de notável habilidade para manter em família bens que estavam ameaçados de sequestro, contrariando a hipótese da loucura e revelando uma mulher forte, atuante e à frente de seu tempo.
São João del-Rei reconhece o valor e tem orgulho de Bárbara Heliodora, mas, na verdade, concede poucas homenagens à sua memória. A casa onde nasceu e provavelmente passou a infância, no Largo São Francisco, é joia colonial destacada na paisagem barroca. Um austero cenotáfio negro, na entrada esquerda da Matriz do Pilar, lembra seu nascimento e o bastismo naquela igreja. Entretanto, nenhum monumento ou estátua, nenhuma praça, sequer um jardim, nenhum teatro, biblioteca ou galeria de arte levam seu nome ou lembram sua história. A cidade tem esta dívida para com Bárbara Heliodora, o que também é uma dívida para consigo própria...
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Ilustração: Gravura de Carlos Ayres, inspirado em traços históricos e em descendentes femininos de Bárbara Heliodora
...barbara bela do norte estrela o meu destino sabes guiar...
ResponderExcluiré uma bonita história. Certa ocasião tive o privilégio de ser convidada para uma reunião do Conselho do Instituto Geográfico, nem sei se ainda existe. Mas, se minha memoria não me trai, na epoca foi apresentado um estudo sobre alguns fatos da vida dela. Como o casamento, a vida do pai dela. Alvarenga Peixoto era juíz de direito na cidade. Muito interessante. Bravo Emilio, obrigada pela homenagem.
Dodora, de fato Bárbara Heliodora foi uma mulher incrível. Se estudos superficiais mostram que ela foi uma mulher de vanguarda nas Minas do século XVIII, imagine o que uma investigação científico-acadêmcia mais profunda pode nos revelar...
ResponderExcluirPrecisamos descobrí-la e revelá-la mais, inclusive para inspirar as mulheres brasileiras do século XXI. Beijão.