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São João del-Rei no Festival Internacional de Marseille, na França


São João del-Rei está muito mais em evidência do que se pode  imaginar. A cidade e sua cultura são temas de tantas produções artístico-culturais e de tantas obras acadêmicas, locais ou produzidas em outras universidades, que é muito difícil acompanhar tudo o que versa sobre sobre nossa terra. Possivelmente porque ainda não existe consciência do real valor desta informação, assim como - é bem verdade - faltam instrumentos, técnicos capacitados e organismos que tenham, entre suas responsabilidades, a função de monitorar, catalogar e divulgar produções e "produtos" que se refiram a São João del-Rei.

O filme O fim do sem fim, exibido esta noite (25/02) no Canal Brasil, é um documentário nem tão recente (2000), muito premiado no Brasil e no exterior, onde recebeu, na França, o Prêmio Georges de Beauregard - Festival Internacional de Marseille. Foi gravado em dez estados brasileiros, com depoimentos colhidos em 40 cidades, entre elas São João del-Rei. O primeiro depoimento é do sineiro são-joanense Júlio Vieira,  falando sobre as  singularidades de seu ofício, inclusive explicando que os nomes de alguns toques muito conhecidos devem ter sido criados na tentativa repetir, pela onomatopeia, o som de sua execução. Por exemplo terentena, que é parte do nome deste almanaque eletrônico.

Navegando nos sites de busca, vemos que é grande o número de teses, monografias, artigos científicos, ensaios e textos que versam sobre os mais diversos aspectos da história e da cultura de São João del-Rei. Entretanto, na cidade que os subsidiou, pouca gente sabe de sua existência e menos pessoas ainda conhece seus conteúdos. Certamente, salvo na internet e na cabeça dos autores e dos orientadores, os fatos, as idéias e as análises desenvolvidas nestes trabalhos estão se empoeirando nas estantes das bibliotecas da sua instituição de origem.

Uma pena. Conhecimento, saber e informação que não se transmite, que não se propaga, morrem sufocados por si mesmos. Não cumprem a função nem justificam o que custou sua produção. Se fosse diferente, seriam agentes de reflexão e transformação!

Interessante reflexão sobre este assunto está no poema Guardar, de Antônio Cícero, aqui publicado no mês de janeiro, que você pode relembrar em http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/01/guardar-sao-joao-del-rei-no-coracao-mas.html
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Foto: Cena inicial do filme O fim do sem fim, dos diretores Lucas Bambozzi, Beto Magalhães e Cao Guimarães, gravada em São João del-Rei.

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