Pular para o conteúdo principal

Em São João del-Rei, brilhou o Astro de Minas


Sempre em posição de destaque no Estado de Minas Gerais, São João del-Rei foi a segunda cidade mineira a ter imprensa periódica, quando Batista Caetano de Almeida fundou e editou o jornal Astro de Minas. Era 20 de novembro de 1827, ou seja,  a pimeira edição do primeiro periódico são-joanense foi lançada há 184 anos atrás. Trinta e cinco anos após a Inconfidência Mineira, cinco anos após a Independência do Brasil e 81 anos antes da Abolição da Escravatura no país.

Por quase doze anos, o jornal Astro de Minas circulou ininterruptamente às terças, quintas e sábados, colocando nas ruas 1769 edições. Como todo bom jornal, tinha linha editorial bem definida: além de informar fatos relevantes da cidade e da região, seu discurso procurava defender e fortalecer a legalidade, que na ocasião estava muito fragilizada em Minas Gerais.

Ao brilhar no céu de São João del-Rei, o Astro de Minas iluminou o caminho fértil pelo qual passaram, em 124 anos (de 1827 a 1951), 128 jornais, muitos com nomes pitorescos, provocativos, intrigantes e curiosos, como por exemplo:

Amigo da Verdade (1829), Mentor das Brasileiras (1832), O Papagaio (1833), Despertador Mineiro (1842), O Paquete Mineiro (1855), Arauto de Minas (1877), O Atirador (1882), O Gladiador (1889), A Gargalhada (1890), O Prego (1894), O Tunante (1899), A Farpa (1901), Um-Dois-Três (1901),  Ten-Ten (1907), O Mosquito (1917), O Parafuso (1919), A Bigorna (1925), O Penetra (1927), O KCT (1927), A Caveira (1927), O Cabresto (1928), A Fuzarcae (1929), O Erro (1933), A Piranha (1934), O Alfinete (1936), Frivolidade (1942) e por aí vai. A existência de tantos jornais mostra como, já no século XIX, era grande o número de pessoas alfabetizadas e, desde aquela época,  desejosas de informação e conhecimento em São João del-Rei.

E por falar em alfabetização, informação e conhecimento, vale uma lembrança: Batista Caetano de Almeida foi também o fundador da Biblioteca Municipal de São João del-Rei, para o que doou à cidade seu acervo pessoal, composto por mais de quinze mil volumes, entre eles muitas obras raras, editadas na Europa nos séculos XVIII e XIX. Mas aí é história pra outro dia!

..................................
Fonte: VIEGAS, Augusto - Notícia de São João del-Rei. Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1953.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j