Em 2013, o tema que norteia todos os eventos mostra como a cada alvorecer mais evolui e se ilumina a compreensão, a humanidade, o pensamento, a democracia, a religiosidade - enfim a própria sociedade são-joanense. É que o nobre espaço, durante oito dias, abre-se com todo respeito e dignidade para cultura afro-sãojoanense, aqui brotada e frutificada quando o século XVIII, entre raios luminosos de ouro e sol, começava a amanhecer.
Melhor reconhecimento e tributo aos são-joanenses de ontem e de hoje não poderia haver, do que a escolha de tema tão rico e tão pertinente, 300 anos vivo na sociedade local. Ora nos coros das douradas igrejas, ora nos e bairros periféricos, ora na força de música barroca das suntuosas novenas, missas e procissões, ora no som telúrico das caixas, tambores, pandeiros, sanfonas, triângulos, reco-recos e cantigas das congadas, batuques, cateretês e sambas. Orações, ladainhas, rezas, benzeções, crenças, pontos, incelenças, "mandingas". Fé viva, em Deus que é um só e está igualmente em toda parte - assim na África como no Brasil.
Vídeo sobre os congadeiros, colóquio sobre afrobrasilidade, palestras sobre o negro na música barroca são-joanense, o processo de criação artística, concerto de piano, teatro de rua representando as lendas de São João del-Rei e, para terminar, uma animada roda de choro.
Que pode haver de mais rico, evoluído, avançado, fraterno, digno, contemporâneo e humanista do que esta programação? Somente a grandiosa atitude do Memorial Dom Lucas Moreira Neves, ao escolher um tema tão relevante e ainda pouco evidenciado pela cultura são-joanense.
Inegavelmente, a IV Semana Cultural Dom Lucas é um marco ímpar na história da cultura afro-são-joanense, ou melhor, da cultura são-joanense, já que ela, ricamente multifacetada, é una e indivisível. Assim, é uma homenagem não apenas aos afro-são-joanenses, mas a todos os são-joanenses, independentemente da etnia e da origem de seus ancestrais.
Dom Lucas, Dona Stella, Maestro José Maria Neves, lá do alto, certamente nos sorriem, também felizes e agradecidos com esta homenagem. Brisa de bondade serena que anuncia a chegada da primavera de 2013!
"Virgem do Rosário, primeiro mistério eu vou rezar!", canta o saudoso Dezinho. Emílio: faço coro aos seus elogios ao evento e ao Memorial. A cultura afro-descendente de São João del-Rei revela dia a dia o seu extraordinário valor. Parabéns!
ResponderExcluirDom Lucas, Stella (Tetela), Judith(Didi), Zé Maria e também a mãe Margarida, uma pequena negra, professora de milhares de alunos, de força e fé inabaláveis e que deu dignidade e caráter aos quatro irmãos já falecidos e às outras cinco irmãs.
ResponderExcluirSão João del Rey é impar na cultura que transmite aos seus filhos, e dá essa graça a todos que lá queiram estar para beber nesta fonte inesgotável.
Carlos Moreira
Carlos, bendita a terra que tem uma família como esta, que há mais de cem anos cria, zela, preserva, difunde e enriquece a cultura de São João del-Rei.
ExcluirSalve o patriarca Telêmaco e todas as suas gerações...
Grande abraço!