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Mostrando postagens de julho, 2011

De Padroeira a Padroeira, uma modinha suave para um domingo azul de inverno em São João del-Rei

. Bom domingo! Um dia de mansidão e paz para quem vier navegar por estas ondas aéreas, etéreas, sonoras e serenas  de Tencões & terentenas ...

Em São João del-Rei, agora, a festa e os vivas são para Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim

 Parece exagero dizer, mas em São João del-Rei a festa não para . Antes mesmo de acabar o festival Inverno Cultural, os são-joanenses já deram início a outro ciclo de festas, desta vez de caráter religioso, que vai durar até o fim do ano. Serão, no mínimo, 12 eventos  e o primeiro - a Festa do Bonfim - já está em curso. Logo em seguida, vem a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte. As comemorações anuais em homenagem a Nosso Senhor do Bonfim começaram ontem, sexta-feira 29, com novena que atravessa toda a semana até que, no domingo (7), uma alvorada festiva, às seis horas da manhã, lembrará à cidade que se trata de um dia especial : o primeiro dos dois domingos que São João del-Rei reserva para festejar o Senhor Bom Jesus. Do Bonfim e dos Montes. A pequenina e humilde capela do Bonfim, dizem, é a mais antiga da cidade. Fica em uma localização privilegiada, bastante alta e arejada. De lá se contempla a face antiga e serena de São João del-Rei, murada pela azul-roxeada Serra do Lenhei

Festival Inverno Cultural 2011. A São João del-Rei, Elza Soares pede: "Malandragem, dá um tempo!"

Hoje à noite São João del-Rei terá a oportunidade de desfrutar da riqueza musical de uma das mais raras expressões da música popular brasileira, presença destacada no cenário artístico nacional há mais de cinquenta anos: Elza Soares . Assim como sua história pessoal, sua voz é única. Desde o início de sua carreira, a cantora -  hoje no alto dos saltos vermelhos e de seus 74 anos - domina uma  linguagem musical extremamente personalizada e eclética. Passeia, com sofisticação e simplicidade, liberdade e propriedade, dos variados ritmos e estilos brasileiros até os sons afro-latinos e ao americano  jazz . Enquanto a noite desta sexta-feira não chega, trazendo a " perigosa " Elza Soares  rodeada de Farofa Carioca , provemos, nos vídeos abaixo, um aperitivo deste que, sem dúvida, será um dos maiores shows do Inverno Cultural 2011. Sobre o festival Inverno Cultural, leia também http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/07/sao-joao-del-rei-o-melhor-da-festa-nao.html

Você conhece o Hino de São João del-Rei?

Pelo que se nota, o brasileiro, no seu dia a dia, parece não ver muito significado nos símbolos nacionais. Se voltarmos um pouquinho na história recente de nosso país, poderemos imaginar que esta situação se agravou a partir dos 21 anos difíceis que  a nação viveu sob a brutalidade da ditadura militar. Torturas, desaparecimentos, homícidios, censura, desrespeito à democracia, violação dos direitos humanos e todo tipo de arbitrariedade, praticados à sombra da bandeira e do brasão, ao som do hino, fizeram com que estes símbolos passassem a representar mais o regime de excessão do que os ideais do povo brasileiro. Voltando para as margens do Lenheiro, há de se perguntar se as crianças e os jovens são-joanenses, em sua maioria, conhecem o Hino de São João del-Rei e sabem cantá-lo. É possível que não. Por isso, convém que o hino - criação de Bento Ernesto Júnior e Carlos dos Passos Andrade - seja melhor divulgado até se tornar, como o toque dos sinos, reconhecido pelos são-joanenses como

De Padroeira a Padroeira: em breve dois caminhos para o Céu passarão por São João del-Rei

 Nos últimos meses, novas portas estão se abrindo para o desenvolvimento turístico de São João del-Rei , inclusive em uma modalidade pouco explorada no Brasil: o turismo religioso. Já está certo que a cidade será o marco zero do Caminho de Nhá Chica e Padre Vitor e referência importante no percurso De Padroeira a Padroeira . Aos radicais, pareceria estranho falar em turismo religioso, pois turismo é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo. Mas promover o turismo religioso não é uma "heresia", quando se entende que esta atividade - antes de tudo - tem como objetivo principal oferecer estrutura e facilidades para que as pessoas possam praticar a religiosidade conhecendo culturas e geografias diferentes daquela onde residem. Há de se ressaltar: o turismo religioso não pode ter outro eixo senão a fé. Todos os outros argumentos que justificam a implementação da modalidade turismo religioso não podem ser maiores nem mais importantes do que o incentivo e apoio à 

Festival Inverno Cultural. São João del-Rei, o melhor da festa não é mais esperar por ela. É incorporá-la e transformar com ela...

Em São João del-Rei, desde o tempo do ouro, a alma é saudosa. O sentimento de despedida chega na véspera . Da alvorada à aurora, o começo de tudo é também o começo do fim de tudo. Afinal, aqui, acredita-se, é no fim que tudo acaba, definitivamente encerra, e se conclui. Sobram apenas a lápide e a lembrança. Se em São João del-Rei é assim no individual, também o é no coletivo. A alegria do encontro termina nos prenúncios da partida; nas celebrações coletivas não são raros momentos finais que se esvaem em melancolia. O medo do fim o antecipa. O entusiasmo do Ano Novo não se prolonga até depois do almoço do dia 1º de janeiro. A alegria do Carnaval não insiste mais até o raiar da Quarta-feira de Cinzas. Até o Domingo da Aleluia tem cara de segunda-feira... O festival Inverno Cultural já passa da metade. Muito já aconteceu, mas muito ainda está por acontecer. E, mais: pode continuar acontecendo - e não parar de acontecer nunca -, se todo mundo que nestas duas semanas está a vivenciar, p

São João del-Rei é mágica. A gente sabe de cor, mas sempre descobre uma cidade resplandecente!

A paisagem de São João del-Rei é um caleidoscópio mágico, sempre surpreende . De manhã é uma coisa. À tarde é outra. Basta começar a anoitecer para tudo mudar outra vez. Transmuta decisivamente seguindo os involuntários e programados movimentos diários e anuais da terra, em torno de seu seu próprio eixo e do sol. Assim, as horas do dia e as estações do ano pintam ininterruptamente a paisagem são-joanense de diferentes cores, alteram tons, dão-lhe outros brilhos, sopram perfumes, serenam orvalhos, acariciam  telhados, fachadas, pedras e nossas peles ora com o ar parado e quente, ora com brisas mornas, muitas vezes com o vento, ora ameno e fresco, ora certeiro e frio. Pensando nisto, que tal fechar o domingo e começar a semana fazendo um passeio na velha, bela  e sempre surpreendentemente (des) conhecida São João del-Rei, visitando o maravilhoso ensaio de Maria Theresa, disponibilizado na internet no endereço abaixo? É de cair o queixo. Primeiro, diante da senbilidade da autora. Dep

São João del-Rei, 180 é mais da metade de 300!

 A propósito do post de ontem deste almanaque eletrônico "São João del-Rei, nos seus 300 anos, valorizai, salvai e protegei o Chafariz da Legalidade" , Tencões & terentenas apresenta aqui mais um argumento em favor da restauração daquele patrimônio histórico e revitalização protetora de seu entorno em 2013, no conjunto das comemorações dos 300 anos da elevação de São João del-Rei à categoria de Vila. Também em 2013 - portanto daqui a um ano e meio - o Chafariz da Legalidade completará 180 anos de edificação. Quase dois séculos. Idade respeitável, mais da metade de 300 anos... ............................................................................ Para ler o post citado, acesse http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/07/sao-joao-del-rei-nos-seus-300-anos.html  

São João del-Rei, nos seus 300 anos, valorizai, salvai e protegei o Chafariz da Legalidade!

S ão João del-Rei tem tantos e tão belos quanto valiosos monumentos arquitetônicos e urbanísticos que muitos, com certeza, em localização levemente periférica aos templos monumentais e aos largos, ruas e becos turisticamente "mais explorados", poucos são conhecidos e valorizados pelos são-joanenses. Pena. Correm sérios riscos. Bastam poucos minutos de sentimento bárbaro e torpes atos vândalos para que fiquem danificados para sempre, quando não irremediavelmente perdidos. O Chafariz da Legalidade é um deles. Tem em seu histórico todos os elementos citados acima. Mas São João del-Rei não aprendeu a lição: pouco depois da agressão que o danificou parcialmente, o monumento novamente caiu no esquecimento e descaso, abandonado à própria sorte em local urbano muito adverso para uma obra de tamanho significado e delicadeza. Seu entorno é escuro e deserto. A iluminação sombria. A vizinhança move-se atônita, na força dos hormônios juvenis e "nos embalos de sábado à noite"

Inverno Cultural: utopia das Artes e sentidos do Corpo prenunciam o Céu em São João del-Rei

A efervescência cultural que São João del-Rei vive neste mês de julho certamente é uma condição cidadã desejada por muitas cidades. A soma das tradições religiosas e populares centenárias com as múltiplas e plurais manifestações, linguagens e expressões artísticas contemporâneas resulta em uma ambiência que transpõe, transcende, traspassa e ultrapassa o universo artístico, lúdico, idílico e onírico e impulsiona o surgimento de um universo propício para inovações, renovações, mudanças e transformações. A arte, se por um lado ilude, por outro faz mágicas reais. O tema central do festival Inverno Cultural 2011 - Sentidos do Corpo - e as várias formas como tal "enredo" há uma semana sendo desenvolvido e evoluindo "na avenida São João del-Rei", coincide com o pensamento acima. A diversidade, variedade, pluralidade, multiplicidade (e todos os pleonasmos mais) das apresentações, oficinas, shows, exposições, recitais, palestras, eventos, festas, e muito mais estão a constr

Festival Inverno Cultural 2011: São João del-Rei, sentido! Elza Soares vai cantar o Hino Nacional

A história da interpretação que várias cantoras brasileiras fizeram de nosso Hino Nacional varia do cômico ao trágico. Algumas enterneceram, outras ainda hoje trazem lembranças sentidas e lágrimas aos olhos. Há aquelas que, mais recentemente, causaram constrangimento e riso, mas nenhuma faz do símbolo sonoro nacional tão forte clamor como Elza Soares - convidada do Festival Inverno Cultural 2011, se apresenta em São João del-Rei no dia 29, gratuitamente, no palco da Avenida Tancredo Neves. Antecipando a grande apresentação, veja e "ouça do Ipiranga as margens plácidas"  (abertura dos Jogos Pan-Americanos 2007),  enquanto lê mais abaixo um poema de Carlos Drummond de Andrade. Inspirado em quê? No Hino Nacional de nosso país... Hino Nacional Precisamos descobrir o Brasil! Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, O Brasil está dormindo, coitado. Precisamos colonizar o Brasil. O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia, alemãs gordas

No festival Inverno Cultural de São João del-Rei, a arte está no meio da rua, no céu, na terra, em toda parte

Desde sábado, ora como brisa, ora como ventania, a arte está solta em São João del-Rei. Salta arte de toda [e por toda!] parte: dos largos, dos becos, dos botecos, das igrejas, das praças. Até dos teatros, das galerias e dos museus. Brilha arte nos olhos, pulsa arte no coração... Na cidade onde a música chegou para morar desde 1717, a música é soberana, e - popular, erudita, experimental, de raiz, de vanguarda, étnica - se multiplica em shows, concertos, audições, oficinas, na programação do festival Inverno Cultural e na Zona da Música. O teatro e o cinema não estão de fora, ou , pensando melhor, também estão de fora. O certo é que, além dos espaços tradicionais e fechados, eles  sairam para as ruas, do centro histórico e dos bairros de São João, dos distritos e de até algumas cidades vizinhas. Hoje tem espetáculo!... As artes plásticas se materializam em várias estéticas e linguagens, das concretas às digitais, da caricatura ao vídeo-arte, da escultura à instalação e performance,

Em São João del-Rei, um sino chamado Elias semeia no ar mensagens de paz

Hoje, no centro histórico de São João del-Rei, em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, o sino Elias não para de tocar. Insiste em lembrar a todos, em seus dobres, um trecho do Antigo Testamento, apresentado no Livro dos Reis. Diz o seguinte: "Meu nome é Elias e ao clamor da minha súplica desfaçam-se as nuvens em chuva e destrua toda a falsidade"* Veja e ouça, no vídeo abaixo, o dobre do sino Elias da Igreja do Carmo de São João del-Rei. *Mensagem gravada em um antigo sino Elias existente em Minas Gerais. 

São João del-Rei se veste de cor, música e festa, para alegremente louvar Nossa Senhora do Carmo

Desde as primeiras horas deste sábado, os anjos se esbarram apressados nas vias celestes de São João del-Rei. Tecem guirlandas, espalham perfumes na brisa matutina, ajeitam estrelas brilhantes, afinam liras, sopram brasas nos turíbulos, queimam incensos aromáticos. Vez por outra param e contemplam: como é belo o amanhecer e o transcorrer do dia 16 de julho em São João del-Rei! Quando o horizonte clareia e chega o sol dissipando a neblina densa de inverno, nas ruas, becos e travessas próximos à Igreja do Carmo não é muito diferente do que acontece no céu. Homens, mulheres e crianças são-joanenses varrem as calçadas, conversam alto, enfeitam as fachadas de suas casas, penduram colchas de renda nas  sacadas, colocam vasos de flores nas janelas, cordiosamente fazem - no grande largo colonial - tapetes coloridos de areia, pó de café, serragem, pétalas, devoção, afeto  e fé. Por ali, Nossa Senhora do Carmo vai passar, sorrindo misericórdia, acenando piedade, distribuindo bênçãos, espalhand

São João del-Rei inaugurou, há 282 anos, a capela da Fazenda do Pombal, onde nasceu Tiradentes

 15de julho de 1729 . Em São João del-Rei o vigário " Alexandre Marques do Vale benze a capela pública de Nossa Senhora da Ajuda, situada na Fazenda do Capitão-Mor Francisco Viegas Barbosa, na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar ". Sem saber, inaugurava um templo de grande importância para a história do Brasil, pois aquela capela era parte do cenário onde, 15 anos depois, nasceu  o menino Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, herói maior da Inconfidência Mineira. A construção da capela de Nossa Senhora da Ajuda foi autorizada em 24 de fevereiro de 1724, pela Mesa Capitular do Bispado do Rio de Janeiro, atendendo a pedido do Capitão Viegas, um dos maiores benfeitores da Matriz do Pilar de São João del-Rei. O inventário da mãe de Tiradentes, Antonia da Encarnação Xavier, falecida em dezembro de 1755, relaciona os seguintes bens existentes na capela de Nossa Senhora da Ajuda: imagens da padroeira, Senhora da Ajuda, do Senhor Crucificado, de São Francisco, de Santo Ant

São João del-Rei, com Celia e Celma, "lembrai-vos das procissões e devoções de Minas"

São João del-Rei não se esquece de suas tradições religiosas, e as mantém com muita vitalidade, sobretudo aquelas que nasceram nos séculos XVIII e XIX. O caráter "cultural e erudito"  faz com que pareçam superiores às outras, mais populares, surgidas a partir do século XX. Assim, as músicas sacras  setecentistas e oitocentistas, em latim, sobreviveram e são mais conhecidas do que suas irmãs mais novas, criadas a partir de 1900 e cantadas em português. Constatado isso, tem-se a exata importãncia da obra " Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas ", lançado recentemente pelas cantoras mineiras Celia e Celma. Em uma produção primorosa, as gêmeas realizaram uma pesquisa sobre o cancioneiro religioso católico de todo o estado de Minas Gerais e garimparam pérolas preciosas, como Ó Maria concebida sem pecado , Glória a Jesus , Coração Santo   e muitas outras. Especialmente duas são muito íntimas dos são-joanenses maduros: Perdão meu Jesus - muitas vezes cantad

Dia do Rock, São João del-Rei. Concerto no portão do Cemitério. Em 2009, Festa do Carmo. Imagine!

13 de julho é o Dia Mundial do Rock. Para mostrar que na Terra da Música este gênero musical está muito vivo, em 2009, paralelamente à novena barroca de Nossa Senhora do Carmo, do lado de fora da igreja, entre barraquinhas de doces, quitutes, quitandas, quentões e outras bebidas menos " folk " e nem tão " hard ", o rock rolou leve, livre e solto, em alto e bom som. De todas as ruelas, de Santa Teresa e de Santo Elias, do Beco do Salto, do Largo da Cruz, dos arredores da Sinfônica e do Mercado, da subida do Senhor dos Montes e da descida do Alto das Mercês, por todos os caminhos seculares chegou jovem para ver. Jovem de 12, de 15, de 18, de 30, de 50, de 80, de tantos quanto forem possíveis anos... Para não desafinar tanto o tom, nem se diferenciar muito dos instrumentos que, entre flores, velas e incensos, se ouvia dentro da igreja, sob o céu estrelado de inverno, em um coreto, a orquestra ovem de cordas tocou Beatles. Quem não gostou? Certamente até os mortos

Encantos e mistérios do fantástico Largo do Carmo de São João del-Rei

São João del-Rei já conta as horas para chegar a próxima sexta-feira, 15 de julho. No anoitecer daquele dia a cidade assistirá, embevecida, à coroação de Nossa Senhora do Carmo, na véspera de seu dia maior. Há séculos é assim. Sinos, perfumes, flores, foguetórios, música, incensos, silencios e lágrimas. O Largo do Carmo será só emoção, devoção e adoração. No dia seguinte, quando a procissão sair da igreja, de dentro dos bares, das janelas dos casarões, do portão do cemitério, do Mercado Municipal, da peixaria da esquina, da loja de artigos de umbanda, da padaria, do posto de gasolina, de todas as quinas e esquinas ecoarão vivas à santa que aqui veio morar há quase trezentos anos. Tanto tempo faz com que tudo seja cercado de lendas. Acreditavam os muito antigos que a igreja fosse construída sobre uma mina de ouro, em cujas profundezas corria o bíblico Rio Jordão e dormia a Serpente que tentou Eva, quando Deus criou o mundo. Tinham medo: se a Serpente acordasse, acabava o mundo...

Poucas palavras, de ferro e movimento, neste domingo de São João del-Rei

O trem de ferro de São João del-Rei, com sua serelepe Maria Fumaça, nâo carrega pessoas, cargas nem animais. Carrega almas, lembranças e saudades. Carrega alegrias de quem, vindo a passeio, de fora, vive pela primeira vez, no cheiro de fumaça de óleo queimado, no calor do fogo e do vapor da máquina, no sacudido vai-e-vem dos vagões, no galope veloz do Rio das Mortes, das lagoas, do gado e da Serra de São José, o que anima e faz brilhar os olhos das crianças que, da beira da linha, das janelas sem vidraça e dos quintais, acenam desconhecidas para quem vai mundo adentro, trilho afora. Acenam pesarosamente para o tempo, dando adeus a sonhos e desejos que, pressentem, não vão se realizar. Explicação de poesia sem ninguém pedir Um trem de ferro é uma coisa mecânica, mas atravessou a noite, a madrugada, o dia atravessou a minha vida, virou só sentimento. ...................................................................... PRADO, Adélia . Poesia Reunida, 1991:44. São P

Há 35 anos São João del-Rei embarcou para os Estados Unidos. De Maria Fumaça...

A todo instante - e cada vez mais - se verifica que a quantidadede registros documentais sobre São João del-Rei existente na internet é desconhecida dos próprios são-joanenses e muito maior do que se pode imaginar. Reportagens, monografias, teses, ensaios, filmes, vídeos, documentários são facilmente encontráveis e este expressivo volume está sempre a crescer, pois todo dia são acrescentadas novas publicações e postagens. Isto por si só prova a conveniência e necessidade de a cidade possuir um cadastro e arquivo oficial de todos estes registros, se possível na esfera do poder público, até com uma biblioteca ou banco de dados eletrônico e virtual que reúna e disponibilize toda esta podução. O vídeo abaixo, por exemplo, produzido com material gravado em filme super 8 nos idos de 1976, foi editado em 1991 (portanto há vinte anos), divulgado nos Estados Unidos e disponibilizado no Youtube em janeiro deste 2011. Acesse e volte, duplamente, no tempo. Boa viagem ...

Em São João del-Rei, entre duas pontes, um mercado livre a céu aberto. Há 170 anos...

Ainda hoje surpreende e incomoda a muita gente o fato de - em pleno centro da cidade, nas proximidades da Ponte do Rosário, beira da praia,  em rua nos fundos da antiga e nobre Rua da Prata - os carroceiros estarem sempre a postos, com seus veículos e animais. Oferecem cargas de areia e estão disponíveis para fazer qualquer tipo de transporte em suas primitivas carroças: pequenas mudanças, entulhos, cargas brutas, lixo, o que lhes for pedido... Entretanto, o que pouca gente sabe é que, muito provavelmente, a origem desta situação esteja em uma decisão pública tomada exatamente há 170 anos atrás. No dia 7 de julho de1841, a Câmara de São João del-Rei deliberou "designar o largo entre as duas pontes - atual Praça Severiano de Resende - para a Praça do Mercado, ordenando que todos os carreiros e tropeiros se postem no mesmo lugar e aí vendam à miúdo ao povo, por 24 horas ." As pontes, no caso, são a Ponte de Cadeia e a Ponte do Rosário. Passaram-se quase dois séculos, modern

Pequeno retrato sentimental e nostálgico de São João del-Rei

Como riqueza enterrada no quintal, segredo cúmplice irrevelável ou dinheiro guardado no colchão que dorme em quarto escuro - trancado a sete chaves -, ainda hoje em São João del-Rei uma emoção abissal costuma brotar furtiva, interiormente, como  mina d'água, e faz correr um sentimento nostálgico das veias aos corações são-joanenses, pulsem eles aqui ou em outros lugares. Desejo do antes de tudo, lembrança do que poderia ter sido, saudade do que ainda vai ser, urgência do sempre-eterno. Tal emoção, fruto de uma história de fatos e sentimentos transmitidos trezentos anos de geração a geração, lateja secreta nos veios de ouro e na epiderme da Serra do Lenheiro. Às vezes vaza em linhas, traços, símbolos e sinais, como no desenho acima e no poema abaixo. Retrato de São João del-Rei Aqui em cada ponte em cada esquina em cada casa tem uma cruz para espantar o demônio. Em cada cabeça tem um sonho em cada peito tem um peso e no coração um sopro - vontade danada de ter

Festa do Carmo: música barroca e fé ardente exaltam a mãe de Deus em São João del-Rei

 Daqui a dois dias, a partir do dia 7 de julho, o Largo do Carmo de São João del-Rei ganhará nova vida . Várias vezes por dia os sinos tocarão entusiasmados, lembrando que é tempo de homenagear Nossa Senhora do Carmo. Muitas pessoas transitarão constantemente rumo à bela igreja setecentista, onde orações se ouvirão seguidas vezes e, à noite, na novena barroca celebrada desde o século XVIII, a fé e a arte se abraçarão mais irmanadas . No lado direito da igreja, no largo limitado pelo respeitável, misterioso, opulento e inusitado Cemitério - com altos muros e portão de ferro encimado por uma caveira e dois ossos cruzados - barraquinhas recriam a inocência de velhos tempos. Vendem ingenuidade e doçura na forma de canjica branca, canjica morena, pés-de-moleque, cocada, quentão, doces, salgados. Para quem acredita na sorte, tem até uma tenda de inocentes jogos para unir e divertir os fiéis, depois que as invocações, ladainhas, bênçãos e incensórios barrocos tiverem acabado e só os sino

"A Senhora é Morta!" - Toque de sinos que só se ouve em São João del-Rei

  A linguagem dos sinos de São João del-Rei , por sua profusão, criatividade e complexidade, destaca-se muito ante os toques que ainda são executados em outras cidades coloniais mineiras. Dobres, tencões, terentenas, floreados, repiques  e muitos outros ritmos executados no alto das torres são-joanenses transmitem mensagens e emoções , que vão do trágico ao festivo, do grave ao alegre, do alerta à meditação, do convite e chamado ao alarme e consternação. Entre os vários toques dos sinos de São João del-Rei, o repique  "A Senhora é Morta" é considerado dos mais belos. Executado unicamente na Matriz do Pilar , nas celebrações da morte de Nossa Senhora, quando começa a Vigília da Assunção. É tocado de hora em hora, a partir das 6 horas da manhã, no dia 14 de agosto - em honra de Nossa Senhora da Boa Morte -, até a hora do Glória da missa cantada no dia 15 de agosto, reverenciando a assunção de Nossa Senhora. Segundo o Pequeno Glossário da Linguagem dos Sinos , é um toque exclu

Férias nos velhos tempos da infância em São João del-Rei

 As redações - terror dos vestibulandos de hoje - eram uma prática comum desde o primeiro ano de alfabetização em São João del-Rei do século passado. Era um grande desafio, em um mundo então  concretamente minúsculo, aguçar a imaginação como guia para descrições que, falando de coisas não vividas e nem mesmo conhecidas, fossem um exercício de criatividade, narrando concretamente o que nem ainda era virtual. Minas longe do mar, misteriosos, Minas e o mar . A televisão começando ainda a habitar as casas. Por isso, poucas crianças mineiras conheciam a praia, sequer podiam sonhar com sereias, conchas, estrelas do mar, tubarões, escafandristas, submarinos ou cavalos marinhos. Sabiam dos oceanos apenas pelos livros de Geografia. Nas férias, alguns viajavam a visitar parentes na capital, a acompanhar os pais em viagem de trem ou ônibus a uma cidade vizinha. A maioria ficava mesmo era vasculhando o fundo dos quintais, observando a galinha chocar os ovos, a lagartixa a se esconder nos muro