Esta provocação inicial ambiciona lembrar que o mineiro nada mais é do uma construção simbólica, forjada a partir de elementos culturais. Entenda-se "culturais" como um balaio de gatos onde se misturam aspectos psicológicos, sociológicos e antropológicos em todas as suas variáveis: religiosidade, identidade, história, autoimagem, memória, territorialidade, imaginário, representatividade, mineirismo, mineirice, mineiridade e por aí afora.
Mineiro é uma construção simbólica, mas existe em corpo, alma, sangue e divindade! Como pode? Mistério complicado este dos mineiros...
O Mineiro, por João Guimarães Rosa
"... mineiro não se move de graça.
Ele permanece e conserva.
E espia, escuta, indaga, protela ou palia,
se sopita, tolera, remancheia, perrengueia,
sorri, escapole, se retarda, faz véspera,
tempera, cala a boca, matuta,
destorce, engambela, pauteia, se prepara.
Mas, sendo a vez, sendo a hora,
Minas entende, atende, toma tento,
avança, peleja e faz. "
Homenagem a Guimarães Rosa, nesta segunda-feira, 27 de junho, que é a data de seu 103º aniversário de nascimento.
Fonte: Ave Palavra, 3a edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, páginas 273 e 274.
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