Semana Santa de São João del-Rei: a fé, a crença, a magia e a projeção das trevas que há em todos nós
Antigamente, desde seu começo, no Domingo de Ramos, a Semana Santa era um tempo impregnado não só de religiosidade, mas também de muito misticismo, em São João del-Rei. Entre as pessoas mais velhas, e também entre as mais simples, ainda é assim.
Acreditavam que especialmente no período máximo do sofrimento de Cristo, até o instante de sua ressurreição, as forças negativas e perversas, capitaneadas por Satanás, estavam soltas sobre a Terra, castigando Jesus e tentando os homens. Semeando armadilhas e espalhando riscos, provocando pavores, desconstruindo o equilíbrio, institucionalizando a des-ordem que constitui o caos. Tinham certeza que o Diabo estava solto e furioso porque se aproximavam do fim seus dias de incontrolado convívio entre os homens e a natureza bruta.
Por isso jejuavam, se martirizavam, se abstinham, se sacrificavam, se mantinham em longos e meditativos silêncios, na crença de assim não assanhar o Coisa Ruim, de mantê-lo à distância, de não provocá-lo, de passarem despercebidos por ele e escaparem de suas más artimanhas.
Supunham que coisas misteriosas, sobrenaturais e inexplicáveis aconteciam nos cantos escuros, nos telhados, nos fundos dos quintais, nos galinheiros e chiqueiros, no meio dos bambuzais, nos avessos onde sobrevivem animais peçonhenos, embaraçam raízes, emaranharam-se galhos, fermentam imundícies, germinam o primitivo e o que à luz não se vê.
Temiam ser tempo fértil para feitiços, malefícios, mandingas, encantamentos perversos, castigos espirituais, amarrações amorosas, vinganças por ciúmes, por inveja, ambição desmedida, avareza, luxúria não correspondida, ou mesmo ruindade pura.
Do mesmo modo, viam na Semana Santa o tempo ideal para benzeções e simpatias, principalmente na Sexta-Feira da Paixão. Para confeccionar amuletos e patuás com dentes de animais e orações fortes, colher ervas e raízes medicinais, pagar promessas, confessar e se arrepender dos pecados, tomar banhos purificadores, daqueles de lavar da alma todo peso e culpa.
Às claras, hoje isto tudo é superstição, folclore, atraso. Mas quando chega a Semana Santa, todo coração são-joanense bate em certo descompasso, treme arritmias que ninguém explica. Mesmo que todo mundo negue até depois que o galo cantar três vezes.
Acreditavam que especialmente no período máximo do sofrimento de Cristo, até o instante de sua ressurreição, as forças negativas e perversas, capitaneadas por Satanás, estavam soltas sobre a Terra, castigando Jesus e tentando os homens. Semeando armadilhas e espalhando riscos, provocando pavores, desconstruindo o equilíbrio, institucionalizando a des-ordem que constitui o caos. Tinham certeza que o Diabo estava solto e furioso porque se aproximavam do fim seus dias de incontrolado convívio entre os homens e a natureza bruta.
Por isso jejuavam, se martirizavam, se abstinham, se sacrificavam, se mantinham em longos e meditativos silêncios, na crença de assim não assanhar o Coisa Ruim, de mantê-lo à distância, de não provocá-lo, de passarem despercebidos por ele e escaparem de suas más artimanhas.
Supunham que coisas misteriosas, sobrenaturais e inexplicáveis aconteciam nos cantos escuros, nos telhados, nos fundos dos quintais, nos galinheiros e chiqueiros, no meio dos bambuzais, nos avessos onde sobrevivem animais peçonhenos, embaraçam raízes, emaranharam-se galhos, fermentam imundícies, germinam o primitivo e o que à luz não se vê.
Temiam ser tempo fértil para feitiços, malefícios, mandingas, encantamentos perversos, castigos espirituais, amarrações amorosas, vinganças por ciúmes, por inveja, ambição desmedida, avareza, luxúria não correspondida, ou mesmo ruindade pura.
Do mesmo modo, viam na Semana Santa o tempo ideal para benzeções e simpatias, principalmente na Sexta-Feira da Paixão. Para confeccionar amuletos e patuás com dentes de animais e orações fortes, colher ervas e raízes medicinais, pagar promessas, confessar e se arrepender dos pecados, tomar banhos purificadores, daqueles de lavar da alma todo peso e culpa.
Às claras, hoje isto tudo é superstição, folclore, atraso. Mas quando chega a Semana Santa, todo coração são-joanense bate em certo descompasso, treme arritmias que ninguém explica. Mesmo que todo mundo negue até depois que o galo cantar três vezes.
Você não é fácil, Emílio... Este é o fio da meada! A alma da cultura popular que impregna a quaresma e por extensão a Semana Santa está fielmente retratada nesta postagem! Este texto é uma pérola. Com um abraço são-joanense me despeço.
ResponderExcluir