No Brasil colonial do século XVIII, escravos eram mercadoria valiosa, custavam caro e - perecíveis pela força que o trabalho pesado lhes roubava - precisavam de pelo menos algum cuidado físico para não se deteriorarem no adoecimento. Foi nesse momento histórico que em 1708 fundaram, em São Joao del-Rei, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. Afirmam alguns historiadores que foi a primeira e é a mais antiga irmandade negra criada em Minas Gerais e a segunda do Brasil.
Por ação - ou não! - de Nossa Senhora do Rosário, a 22 de outubro de 1718 a Câmara da Vila de São João contratou o médico José de Macedo Correa, formado pela Universidade de Coimbra, para "curar os pobres, de graça". Como pagamento por este trabalho, receberia anualmente uma libra do ouro mais puro.
No pedido de autorização para esta medida social, o Senado da Câmara justificou ao ouvidor geral da Comarca que naquela vila "morriam muitos escravos por não haver quem lhes conheça os achaques para os curar." E também muitos brancos pobres que, carentes de recursos, não podiam buscar tratamento na cidade do Rio de Janeiro.
Cinquenta anos depois, no dia 23 de outubro de 1769, com a mesma intenção da Câmara, a Irmandade de São Miguel e Almas de São João del-Rei contratou o cirurgião Antonio José da Silva Lapa e o boticário Amado da Cunha Barreto para tratarem dos enfermos pobres, entre eles os escravos. Era intenção daquela irmandade construir um hospital e, para isso, até conseguiu do Senado da Câmara a doação de um terreno. Entretanto, a obra não subiu além dos alicerces...
Em homenagem aos escravos do passado e aos congadeiros de nosso tempo, ouçamos a Radiola Tribusana no canal Clementina de Jesus, Cinco Cantos de Trabalho e Cantos dos Escravos. Afine a sensibilidade e apure os ouvidos!
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