Este ano (2012), Nossa Senhora do Carmo chegou mais cedo em São João del-Rei. Veio de véspera e, mesmo celebrada em barroca novena, apareceu inesperadamente.
Como o faz todo 16 de julho, trouxe flores, trouxe brisas, trouxe sorrisos, alento, estrelas, serenado amor. Mas para a surpresa de todos, no dia 15, tomou pela mão e levou, entre seus anjos, o fotógrafo que na terra via o céu nas ruas de São João del-Rei: vizinho de meus pais na Rua Padre Faustino, Sebastião Machado Gomes Jacó.
Diademas de prata, espadas de prata, soberanas coroas, lívidas faces, gestos interrompidos, rechonchudos, contorcidos e levitantes querubins, buquês de grave-roxas orquídeas, montanhas de azuis hortências, sangrentos sudários, agonizantes crucificados, altivos estandartes, agudas lanças, intransponíveis escudos, espadas, sanefas, volutas, colunas, transbordantes cálices, flamejantes tochas, asas, brocados, lanternas reluzentes, sanguíneos rubis, diamantinas lágrimas. Este era o alfabeto plural com que ele várias vezes escreveu a história sagrada nas margens do Córrego e à sombra da Serra do Lenheiro.
Agora, levado céu acima pela virgem que tantas vezes capturou nas lentes e multiplicou em imagens, Jacó passeia por presépios e conversa mansamente com santos e anjos. São Miguel, Santo Antônio, São Francisco, São Sebastião, São João Batista, Menino Jesus, Mãe do Pilar, Senhora do Rosário, das Mercês, Virgem da Glória, da Conceição, Senhor do Triunfo, Bom Jesus dos Passos, Senhor Morto, Cristo Ressuscitado. Ele e eles, nas ruas coloniais de São João del-Rei, por tantas décadas, velhos companheiros. Todos, na etérea paisagem, hoje grandes amigos...
Leia também http://www.diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br/2012/07/festa-barroca-de-nossa-senhora-do-carmo.html
Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
Como o faz todo 16 de julho, trouxe flores, trouxe brisas, trouxe sorrisos, alento, estrelas, serenado amor. Mas para a surpresa de todos, no dia 15, tomou pela mão e levou, entre seus anjos, o fotógrafo que na terra via o céu nas ruas de São João del-Rei: vizinho de meus pais na Rua Padre Faustino, Sebastião Machado Gomes Jacó.
Diademas de prata, espadas de prata, soberanas coroas, lívidas faces, gestos interrompidos, rechonchudos, contorcidos e levitantes querubins, buquês de grave-roxas orquídeas, montanhas de azuis hortências, sangrentos sudários, agonizantes crucificados, altivos estandartes, agudas lanças, intransponíveis escudos, espadas, sanefas, volutas, colunas, transbordantes cálices, flamejantes tochas, asas, brocados, lanternas reluzentes, sanguíneos rubis, diamantinas lágrimas. Este era o alfabeto plural com que ele várias vezes escreveu a história sagrada nas margens do Córrego e à sombra da Serra do Lenheiro.
Agora, levado céu acima pela virgem que tantas vezes capturou nas lentes e multiplicou em imagens, Jacó passeia por presépios e conversa mansamente com santos e anjos. São Miguel, Santo Antônio, São Francisco, São Sebastião, São João Batista, Menino Jesus, Mãe do Pilar, Senhora do Rosário, das Mercês, Virgem da Glória, da Conceição, Senhor do Triunfo, Bom Jesus dos Passos, Senhor Morto, Cristo Ressuscitado. Ele e eles, nas ruas coloniais de São João del-Rei, por tantas décadas, velhos companheiros. Todos, na etérea paisagem, hoje grandes amigos...
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Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
Como agradecimento ao escritor Rubem Leite por mensagem referente a este post, publicado também na revista eletrônica Nota Independente, reproduzo abaixo o seu comentário. Obrigado Rubem! Grande abraço.
ResponderExcluirRubem Leite 19 Jul 2012
Emílio! O seu presente texto é seu mais belo presente para nós, leitores. O como e o onde salpicou as palavras, principalmente nos dois primeiros parágrafos (nos demais também), foram muito felizes (apesar da triste notícia). Senti-me como se saboreasse iguaria de grande mestre culinário.