16 de julho. O dia maior em que São João del-Rei realiza, com pompa grandiosa, a procissão de Nossa Senhora do Carmo, é um bom momento para se fazer um passeio histórico sobre um dos mais belos monumentos religiosos do barroco brasileiro: a igreja são-joanense de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Mal começara 1733 - portanto exatamente 20 anos após ter sido criada a Vila de São João del-Rei - e escravos, artífices e artistas, sob as riquezas e o poderio da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, já se movimentavam na construção da capela primitiva daquela padroeira. Tamanhos foram o investimento em ouro puro, empenho e a mão de obra empregada que às vésperas do natal de 1734, o padre Antônio Pereira Correa benzeu o pequeno templo. Entre a autorização para a obra, no dia 10 de dezembro de 1732, até sua inauguração, no dia 20 de dezembro de 1734, passaram-se apenas dois anos e dez dias.
Uma das mais ricas e precisas descrições do templo carmelita de São João del-Rei foi escrita pelo historiador Luís de Melo Alvarenga e publicada pela Editora Vozes, em 1963, no livro Igrejas de São João del-Rei - Minas Gerais, ilustrado pelo artista plástico J. Fortuna. São-joanense devotado, Alvarenga apresenta o templo detalhe a detalhe. Sobre a fachada, ele diz:
"A atual fachada foi iniciada em 1787, tendo como diretor de obras e seu artífice o grande mestre português Francisco de Lima Cerqueira, que na ocasião trabalhava também na construção da igreja de São Francisco de Assis. Seu conjunto [o conjunto da igreja do Carmo] talvez exceda em equilíbrio e perfeição de desenho à de São Francisco, sendo porém menos rico do que aquela em ornatos e trabalhos (Rodrigo de Mello Franco de Andrade) ..."
As torres e o frontispício da igreja do Carmo de São João del-Rei são singulares, únicos em Minas Gerais e talvez até mesmo no Brasil. Referindo-se a elas, escreveu o historiador:
"As torres, desde a base até as cúpulas sustentadas por prolongamento das pilastras e nova cimalha, são em formato octagonal, com frestas abertas nas arestas, o que é considerado raro na arquitetura colonial. As cúpulas, em forma bulbar, terminam por uma coroa armilar e cruz de metal.
O frontão tem por moldura volutas e contravolutas, que graciosamente se encontram no centro. É encimado, bem no centro, por uma cruz de acanto apoiada em uma esfera, tudo em pedra azulada. Este conjunto é considerado uma obra-prima da cidade.
No espaço entre o frontão e a portada acha-se um óculo redondo envidraçado e duas grandes janelas, dando claridade ao coro. As janelas tem padieiras ornatas com bonitos florões que descem um pouco pelas ombreiras. Abaixo do peitoril também existem artísticos enfeites."
A descrição da igreja do Carmo, feita magistralmente por Luís de Melo Alvarenga na obra citada, é tão completa que merece ser reproduzida na íntegra. E o será, em partes, em futuros posts deste almanaque eletrônico. Enquanto isso, veja abaixo flashes da procissão de Nossa Senhora do Carmo, que todo ano se realiza no dia 16 de julho.
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Fonte: ALVARENGA, Luís de Melo. Igrejas de São João del-Rei . Editora Vozes . Petrópolis, Rio de Janeiro, 1963.
Mal começara 1733 - portanto exatamente 20 anos após ter sido criada a Vila de São João del-Rei - e escravos, artífices e artistas, sob as riquezas e o poderio da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, já se movimentavam na construção da capela primitiva daquela padroeira. Tamanhos foram o investimento em ouro puro, empenho e a mão de obra empregada que às vésperas do natal de 1734, o padre Antônio Pereira Correa benzeu o pequeno templo. Entre a autorização para a obra, no dia 10 de dezembro de 1732, até sua inauguração, no dia 20 de dezembro de 1734, passaram-se apenas dois anos e dez dias.
Uma das mais ricas e precisas descrições do templo carmelita de São João del-Rei foi escrita pelo historiador Luís de Melo Alvarenga e publicada pela Editora Vozes, em 1963, no livro Igrejas de São João del-Rei - Minas Gerais, ilustrado pelo artista plástico J. Fortuna. São-joanense devotado, Alvarenga apresenta o templo detalhe a detalhe. Sobre a fachada, ele diz:
"A atual fachada foi iniciada em 1787, tendo como diretor de obras e seu artífice o grande mestre português Francisco de Lima Cerqueira, que na ocasião trabalhava também na construção da igreja de São Francisco de Assis. Seu conjunto [o conjunto da igreja do Carmo] talvez exceda em equilíbrio e perfeição de desenho à de São Francisco, sendo porém menos rico do que aquela em ornatos e trabalhos (Rodrigo de Mello Franco de Andrade) ..."
As torres e o frontispício da igreja do Carmo de São João del-Rei são singulares, únicos em Minas Gerais e talvez até mesmo no Brasil. Referindo-se a elas, escreveu o historiador:
"As torres, desde a base até as cúpulas sustentadas por prolongamento das pilastras e nova cimalha, são em formato octagonal, com frestas abertas nas arestas, o que é considerado raro na arquitetura colonial. As cúpulas, em forma bulbar, terminam por uma coroa armilar e cruz de metal.
O frontão tem por moldura volutas e contravolutas, que graciosamente se encontram no centro. É encimado, bem no centro, por uma cruz de acanto apoiada em uma esfera, tudo em pedra azulada. Este conjunto é considerado uma obra-prima da cidade.
No espaço entre o frontão e a portada acha-se um óculo redondo envidraçado e duas grandes janelas, dando claridade ao coro. As janelas tem padieiras ornatas com bonitos florões que descem um pouco pelas ombreiras. Abaixo do peitoril também existem artísticos enfeites."
A descrição da igreja do Carmo, feita magistralmente por Luís de Melo Alvarenga na obra citada, é tão completa que merece ser reproduzida na íntegra. E o será, em partes, em futuros posts deste almanaque eletrônico. Enquanto isso, veja abaixo flashes da procissão de Nossa Senhora do Carmo, que todo ano se realiza no dia 16 de julho.
Fonte: ALVARENGA, Luís de Melo. Igrejas de São João del-Rei . Editora Vozes . Petrópolis, Rio de Janeiro, 1963.
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