Em São João del-Rei, o ano tem 365 dias, e todos eles são de festa. Inclusive não é raro, no calendário religioso, haver dias com mais de uma festa, o que nos leva a pensar que, em nossa terra, o ano precisa ter mais dias, para nele caber melhor todas as festas. E então, com isso, as pessoas são-joanenses viverão muito mais...
Aliás, vamos pedir esse milagre a São Benedito? Afinal, não é possível que ele, desde o dia 29 de abril passado recebendo satisfeito as homenagens festivas que a comunidade do Bonfim lhe presta com grande fraternidade, alegria e entusiasmo - tríduo, missas, adorações, bênçãos, orações, cânticos, confraternizações, comunhões, shows e doações - faça a desfeita de não dar importância a este nosso pedido!
A festa de São Benedito é singular no calendário religioso de nossa cidade. A começar que ela é devotada a um santo negro e, sendo assim, convém que seja também uma homenagem de lembrança, resgate e reconhecimento a todos os negros que participaram e participam da construção e da riqueza econômica, religiosa, social, acadêmica, científica, cultural e humana de São João del-Rei.
Ela acontece no primeiro domingo de maio, na capelinha do Bonfim, e em tudo nos incentiva a ingressar no universo da fé, da bondade e dos afazeres do santo cozinheiro. Nas missas que antecederam cada dia do tríduo, por exemplo, este ano os fieis foram convidados a um gesto concreto de doação de alimentos (mandioca, açúcar, amendoim, arroz, bacon, peito de frango, canjica branca e leite condensado), que serviram de ingredientes para os petiscos, tira-gostos, quitutes, salgados, guloseimas, vendidos nas barraquinhas, e para a deliciosa feijoada, servida no adro da igrejinha preciosa, que neste 2019 completa 250 anos de construção. Feijoada, comida negra, em homenagem ao santo negro, unindo em comunhão, fé e alegria pessoas de todas as cores. De todas as raças. De todas as tribos. Sem distinção!
Como não poderia deixar de ser, servida a feijoada, a missa festiva que veio em seguida teve a participação do Grupo Raízes da Terra, da Comunidade de São Geraldo, e a procissão foi conduzida ao som telúrico das caixas e dos cantos, na marcação do ritmo vivo, ancestral e forte da nobre Congada de São Benedito e São Sebastião. Até do outro lado alto da cidade, da Rua das Flores, se ouvia, como de perto, o bater em bloco dos tambores, como o pulsar compassado, cheio, firme e decidido de um coração forte.
O sino solitário de Nosso Senhor do Bonfim girou veloz e sonoro, se juntando, com seus dobres, aos cantos e à percussão. Foguetes e fogos de artifício colocaram ainda mais estrelas coloridas no céu limpo de outono. São Benedito voltou para casa e agora de lá só sai no primeiro domingo de maio do ano que vem!
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Texto: Antonio Emilio da Costa
Aliás, vamos pedir esse milagre a São Benedito? Afinal, não é possível que ele, desde o dia 29 de abril passado recebendo satisfeito as homenagens festivas que a comunidade do Bonfim lhe presta com grande fraternidade, alegria e entusiasmo - tríduo, missas, adorações, bênçãos, orações, cânticos, confraternizações, comunhões, shows e doações - faça a desfeita de não dar importância a este nosso pedido!
A festa de São Benedito é singular no calendário religioso de nossa cidade. A começar que ela é devotada a um santo negro e, sendo assim, convém que seja também uma homenagem de lembrança, resgate e reconhecimento a todos os negros que participaram e participam da construção e da riqueza econômica, religiosa, social, acadêmica, científica, cultural e humana de São João del-Rei.
Ela acontece no primeiro domingo de maio, na capelinha do Bonfim, e em tudo nos incentiva a ingressar no universo da fé, da bondade e dos afazeres do santo cozinheiro. Nas missas que antecederam cada dia do tríduo, por exemplo, este ano os fieis foram convidados a um gesto concreto de doação de alimentos (mandioca, açúcar, amendoim, arroz, bacon, peito de frango, canjica branca e leite condensado), que serviram de ingredientes para os petiscos, tira-gostos, quitutes, salgados, guloseimas, vendidos nas barraquinhas, e para a deliciosa feijoada, servida no adro da igrejinha preciosa, que neste 2019 completa 250 anos de construção. Feijoada, comida negra, em homenagem ao santo negro, unindo em comunhão, fé e alegria pessoas de todas as cores. De todas as raças. De todas as tribos. Sem distinção!
Como não poderia deixar de ser, servida a feijoada, a missa festiva que veio em seguida teve a participação do Grupo Raízes da Terra, da Comunidade de São Geraldo, e a procissão foi conduzida ao som telúrico das caixas e dos cantos, na marcação do ritmo vivo, ancestral e forte da nobre Congada de São Benedito e São Sebastião. Até do outro lado alto da cidade, da Rua das Flores, se ouvia, como de perto, o bater em bloco dos tambores, como o pulsar compassado, cheio, firme e decidido de um coração forte.
O sino solitário de Nosso Senhor do Bonfim girou veloz e sonoro, se juntando, com seus dobres, aos cantos e à percussão. Foguetes e fogos de artifício colocaram ainda mais estrelas coloridas no céu limpo de outono. São Benedito voltou para casa e agora de lá só sai no primeiro domingo de maio do ano que vem!
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Texto: Antonio Emilio da Costa
Foto: Reprodução do programa 250 Anos de Fé 1769 / 2019
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