Salve São João del-Rei. Salve setembro. Salve tudo o que aqui faz a vida ficar melhor e mais bonita!
Mal setembro anuncia sua primeira alvorada e em São João del-Rei a primavera se antecipa, florescendo pétalas de fé. De toda parte exala aroma doce de orvalhada flor de laranjeira, de inocentes manacás umedecidos de sereno e brisa, de jasmins mansinhos e repicados como se fossem vegetais estrelas de papel. Nem precisa ser noite. O amanhecer ou o entardecer já bastam.
O nono mês do ano é suavemente santo à sombra da Serra do Lenheiro. Faltam-lhe horas, dias e noites para tamanha devoção. Senhor do Monte, Bom Jesus de Matosinhos, São Francisco em chagas, Nossa Senhora das Mercês, São Miguel Arcanjo, Anjo da Guarda. Setembro precisaria ter 40 dias para caber, dia a dia, toda a são-joanense liturgia. Ser trinta por cento maior.
Os sinos não param. A orquestra canta continuamente. Aqui e ali, foguetes estouram sua alegria e fogos de artifício riscam o céu. Anjos infantis dobram esquinas, em meio a brancas nuvens de incenso e de algodão doce. As bandas tocam marchas alegres, enquanto nas barraquinhas se reencontra a infância em biscoitos fritos, pés-de-moleque, bolo de coco, quebra-queixo, pirulito de mel, guaranás, suco de vermelha groselha, empadas de capa grossa, pasteis, coxinha de galinha.
Vozes roucas gritam leilões de prendas doadas, anunciam rodadas de jogos de argola, de víspora, de roleta com avião que voa sobre o nome de várias cidades e pousa sobre aquele, de sorte e felizardo, que vai levar o prêmio. Em uma bacia cheia de areia, se pescam peixinhos de lata, coloridas lembranças de um tempo distante ainda presente, já meio reticente, na memória do povo deste meu lugar.
Que bom que até hoje é assim. Salve São João del-Rei. Salve setembro. Salve tudo o que aqui faz a vida ficar melhor e mais bonita. E que pulsa vivo no coração são-joanense! Como esta Abertura Solene da Marcha das Mercês, executada pela bicentenária Orquestra Lira Sanjoanense. Ouve só...
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