São João del-Rei tem muita história viva. Não apenas aquelas que se repetem anualmente nas tradições que revivem, no relembrar, fatos e tempos passados. São João del-Rei tem muita história que vive, dorme, sonha, tece, planta e cultiva saudades dos tempos idos e esperanças naqueles que estão por vir.
Os octogenários e nonagenários de São João del-Rei têm a história brilhando nos olhos, correndo nas veias, batendo no peito, E zelam dela mantendo-a acesa e pulsante na memória pessoal, inclusive como escudo protetor contra o mal de Alzeimer, a depressão e depreciação social que o envelhecimento tenta lhes impor.
Lembranças de antigas paisagens, de nomes originais das ruas, brincadeiras de infância, métodos escolares, modinhas, benzeções, propriedade terapêutica das ervas, simpatias, lendas, mandingas, chás miraculosos, orações fortes, cantigas, efemérides, temperos, crenças, saberes e sabores. Tudo isto é deles rico patrimônio sentimental, afetivo e cultural, mas muito pouco identificado, inventariado e registrado em algum suporte ou compêndio. Deste modo, é patrimônio volátil, que evapora um pouco mais toda vez que um sino dobra exéquias, anunciando uma triste partida para o reino do eterno sem-fim.
Como herança e no desejo de perpetuar-se, eles tentam transmitir esta bagagem para algum filho, mas é impossível apreendê-la, introjetá-la, incorporá-la e vivenciá-la, por ser subjetiva e existir tão grande distância entre os dois tempos. É como se o herdeiro recebesse por dote a responsabilidade de cuidar e repassar o que eram, ou foram, memórias recolhidas pela existência de quem lhes as legou.
Riqueza preciosa, estas memórias merecem e precisam ser valorizadas como importante patrimônio coletivo de São João del-Rei. Tanto quanto o patrimônio construído e os bens imateriais, pois falam da vida que os contextualiza e humaniza. E por isto devem receber das instituições culturais públicas e privadas, do meio acadêmico, da comunidade e até do são-joanense mais comum toda atenção e também ações concretas que garantam sua efetiva perpetuidade.
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Na foto, a são-joanense Carmen Trindade da Costa, no quintal onde zela de orquídeas e das memórias do que vive ao longo de seus 86 anos.
Os octogenários e nonagenários de São João del-Rei têm a história brilhando nos olhos, correndo nas veias, batendo no peito, E zelam dela mantendo-a acesa e pulsante na memória pessoal, inclusive como escudo protetor contra o mal de Alzeimer, a depressão e depreciação social que o envelhecimento tenta lhes impor.
Lembranças de antigas paisagens, de nomes originais das ruas, brincadeiras de infância, métodos escolares, modinhas, benzeções, propriedade terapêutica das ervas, simpatias, lendas, mandingas, chás miraculosos, orações fortes, cantigas, efemérides, temperos, crenças, saberes e sabores. Tudo isto é deles rico patrimônio sentimental, afetivo e cultural, mas muito pouco identificado, inventariado e registrado em algum suporte ou compêndio. Deste modo, é patrimônio volátil, que evapora um pouco mais toda vez que um sino dobra exéquias, anunciando uma triste partida para o reino do eterno sem-fim.
Como herança e no desejo de perpetuar-se, eles tentam transmitir esta bagagem para algum filho, mas é impossível apreendê-la, introjetá-la, incorporá-la e vivenciá-la, por ser subjetiva e existir tão grande distância entre os dois tempos. É como se o herdeiro recebesse por dote a responsabilidade de cuidar e repassar o que eram, ou foram, memórias recolhidas pela existência de quem lhes as legou.
Riqueza preciosa, estas memórias merecem e precisam ser valorizadas como importante patrimônio coletivo de São João del-Rei. Tanto quanto o patrimônio construído e os bens imateriais, pois falam da vida que os contextualiza e humaniza. E por isto devem receber das instituições culturais públicas e privadas, do meio acadêmico, da comunidade e até do são-joanense mais comum toda atenção e também ações concretas que garantam sua efetiva perpetuidade.
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Na foto, a são-joanense Carmen Trindade da Costa, no quintal onde zela de orquídeas e das memórias do que vive ao longo de seus 86 anos.
Parabéns! Texto delicado, cheio de essência e verdade. Uma beleza! Abç.UP.
ResponderExcluirBelo artigo Emílio, no qual o leitor percebe o exalar do amor, do respeito e zelo, trazendo para si esta reflexão. Poesia pura!
ResponderExcluirLeo, nosso encanto pelas memórias aponta nortes, indica caminhos e só nos cabe proclamar. Em São João del-Rei, aqui, em Pitangui... Abração.
ExcluirUlisses, o clamor de um tema tão pungente quanto lembranças de velhos por si só escolhe e alinha as palavras. Clamor que, inclusive, você atende tão bem em tudo o que faz. Grande abraço.
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