Em São João del-Rei, o mês de outubro não poderia terminar de um modo que não fosse celestial. Com uma majestosa procissão, que nos remonta a 1708, quando nesta terra foi fundada a primeira Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Minas Gerais. Entre os historiadores que se debruçam sobre o culto a Nossa Senhora do Rosário no Brasil, no século XVIII, existe uma dúvida se a irmandade são-joanense é a segunda ou a terceira mais antiga do país.
Como é tradição na cidade, desde o cedo o sino do Rosário de tempos em tempos dobra festivo, anunciando que é um dia especial. Na missa cantada, a música fica por conta da Orquestra Lira Sanjoanense - a mais antiga das Américas em ininterrupta atividade desde a sua fundação, em 1776.
Barroquíssima ao extremo, a imagem da madona encanta. Generosa, sublime, materna, acolhedora, terna, solidária, complacente, cordiosa, divina, diáfana, humana e até mesmo idílica. Tudo isto, olho a olho, ela transmite aos devotos que vão visitá-la.
A igreja do Rosário, erigida em 1719, é tão simples quanto graciosa, e tudo isto sem nenhum douramento. Apenas suaves tons de azul e rosa, na roupa dos anjos e arcanjos que em adoração voam em volta da virgem no altar-mor. Se na igreja do Rosário alguma coisa realmente brilha, é o olhar. O olhar de Nossa Senhora, o olhar dos santos, o olhar dos anjos adoradores e, sobretudo de fé e deslumbramento, o olhar dos fiéis.
A ornamentação do templo é magnífica. Nuvens de flores suaves, harmônicas e bem compostas, são como os favores e as graças que Nossa Senhora do Rosário e seu Menino Jesus destacam do imenso e sem fim rosário e distribuem de coração a todos que a eles recorrem.
E são muitas contas, e são muitas flores, e são muitas lágrimas, e são muitas dores, e são muitas graças, e são muitos favores...
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Texto: Antonio Emilio da Costa
Foto: Danilo Gallo (cortesia)
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