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Casa do Tesouro diversifica os mosaicos do rico caleidoscópio cultural de São João del-Rei


A cultura de São João del-Rei é diversa, múltipla, plural e complementar.Vem de muitas matrizes, de sucessivas épocas históricas, de origens variadas. É uma cultura de matizes diferentes, porém convergentes em uma única direção: a valorização do homem, sua dignificação, elevação e felicidade. Por isto é tão rica. Ela acredita no paraíso, certa de que ele existe e de que grande parte dele pode ser vivida em São João del-Rei, e no presente. Talvez por se lembrar do que ensinou o Padre Antônio Vieira, no distante século XVI,  1694, quando em um sermão disse: "cada um sonha como vive".

Na verdade, São João del-Rei é um caleidoscópio cultural, onde algumas peças ocupam o centro e maior espaço e outras, menores, se movem nas pontas. Todas integradas. A cada movimento de todas ou de somente uma delas, novo mosaico se forma e se transforma, sem nunca se repetir.

Neste panorama de avançado, evoluído e ecumênico respeito, a Associação Afrobrasileira Casa do Tesouro - Egbe Ile Omidewa Igbolayo - foi reconhecida pelo Instituto Brasileiro de Museus como um Ponto de Cultura. A instituição religiosa de matriz africana e origem Ketu, sediada no alto do bairro Guarda-Mor (Rua Vicente Cantelmo, 875), realiza intensa programação destinada a promover, fortalecer e difundir  manifestações culturais populares, principalmente de aquelas que chegaram em São João del-Rei trazidas pelos escravos.

Palestras, oficinas, experimentações, dança, mitologia dos orixás, capoeira, culinária, percussão, coreografias, teatro - todos estes recursos são utilizados para transmitir, a quem quiser, informações e conhecimento sobre a cultura afrobrasileira.

Por sua origem genuína e proposta nobre, a Casa do Tesouro é respeitada e admirada por vários segmentos da autêntica cultura são-joanense e cada vez ganha mais espaço neste evoluído universo humanitário. Isto mostra como o povo de São João del-Rei está sintonizado com esta era colaborativa, de convívio pacífico e respeito mútuo, que vê na diversidade a fonte da riqueza e da felicidade, saudada nesta cantiga iorubá.

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