Um bequinho muito conhecido, mas quase anônimo, é o que liga a face lateral da igreja do Carmo à Rua da Cachaça e da Alegria. Talvez, porque seu nome lembra a brutalidade e os terrores da escravidão. Beco do Capitão do Mato, diz o historiador Fábio Nelson Guimarães, em sua obra Ruas de São João del-Rei.
Menor em extensão, porém tão belo quanto o Beco do Cotovelo, Beco do Salto, Beco da Romeira e Beco da Matriz, a história injustamente não lhe deu a mesma nobreza nem o mesmo prestígio de seus outros irmãos. Na aurora do século XX, a Câmara mandou fechá-lo, ordem que foi reforçada por uma lei municipal assinada há 90 anos, em 1923.
Tudo, talvez, por moralismo, já que o Beco do Capitão do Mato é um atalho que outrora encurtava o caminho de quem quisesse chegar mais depressa e discretamente à rua então boêmia (foto, do autor), onde por vários séculos se comercializou cachaça, sexo e alegria...
Mas o beco resistiu e até hoje continua ligando o século XVIII ao século XXI e à eternidade...
Coerentes aos discursos e esforços para resgatar e revitalizar sítios históricos de São João del-Rei, que os órgãos ligados à memória, o poder público municipal, ONGs culturais e a sociedade são-joanense devolvam àquela via, informalmente chamada beco da escadinha, seu colonial nome de batismo popular: Beco do Capitão do Mato. E que suas escadinhas sirvam como arquibancada para espetáculos teatrais ao ar livre, nos entardeceres e anoiteceres amenos e seculares de São João del-Rei.
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Fonte: GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. Fundação de Apoio à Pesquisa, Educação e Cultura - FAPEC São João del-Rei / Fundação Mariana Resende Costa. Contagem, 1994.
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