Pular para o conteúdo principal

São João del-Rei está em toda parte. Até onde ninguém imagina...


São João del-Rei ainda não tem, mesmo que preliminar, um catálogo das obras fotográficas ou pictóricas que retratam sua paisagem e suas manifestações culturais. Carlos Bracher, Pancetti, Alfredo Norfini, Oscar Araripe, Tom Maia, Pedro Oswaldo Cruz, Gil Prates e muitos outros pintores e fotógrafos acharam sublime inspiração em nossas igrejas, pontes e casarios e tudo perenizaram em fotografias e pinturas que muitos de nós desconhemos ou ignoramos.

Quem advinha qual é a paisagem que serve de fundo para esta fotografia do grande compositor popular Herivelto Martins? Isso mesmo: nada mais, nada menos do que a igreja do Rosário, tendo, à esquerda, um pouco do casario de seu largo, e, à direita, a entrada da Rua Santo Antônio.

A  fotografia foi publicada pelo jornal Correio Braziliense, na edição do sábado, 17 de novembro, no caderno Diversão & Arte, como ilustração da matéria Um rei de volta ao trono, sobre a obra e o centenário de nascimento de Herivelto Martins.

Se Herivelto, ou se sua esposa Dalva de Oliveira, estiveram em São João del-Rei, não se sabe. Gal Costa o trouxe à cidade em 1973, no show Índia, quando cantou Ave Maria do Morro. Mas o certo é que, possivelmente, Herivelto Martins tinha algum encanto pela paisagem são-joanense, pois não seria sem motivo que ele tinha em sua casa o quadro que lhe serviu de moldura para a foto.

Herivelto Martins. Na matéria, "Um rei de volta ao trono". Na fotografia, mais um rei em São João del-Rei!

E então: que tal ouvir a música Cabelos Brancos, de Herivelto, em duas batidas, modernas porém diferentes? Uma levada por Paulinho Moska e outrs por Baia e Bárbara Ohana? Esta segunda é meio jazz, meio  jam session e, de quebra, funde Cabelos Brancos com Summertime, unindo num abraço musical Herivelto Martins e Guershwin. Diante disso, apure os ouvidos, aumente o som ou ponha o fone de ouvido...


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j